Como tudo deu errado... várias vezes!

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Pense num cabra zicado! Tive tanto cuidado em planejar as coisas direitinho, rapaz, mas não adiantou nada, porque tudo deu errado. Pois é, e várias vezes! Primeiro de tudo que não passava nem pela minha cabeça que o João ia fazer trairagem comigo, né? Braço direito dele, pau pra toda obra... De que adiantou? Porra nenhuma!

E tem um detalhe, viu? Ele botou pra me fuder, na moral, não botou nem cuspe... Não tô na FEBEM porque eu não obedeci aquele cdf de merda totalmente, graças a Deus! Nesse ponto aí não deu errado, não, deu foi certo. Vou explicar: lembra que o João mandou que eu pusesse uns papelotes de drogas na mochila do Eduardo, dentro de sala? TINHA QUE SER DENTRO DE SALA... Claro, né? Pras câmeras darem o flagrante em mim, câmeras que ele me JUROU que não funcionavam, e eu de burro acreditei...

Pois sim, só que, quando ele me entregou pra diretora, ele achou que eu ia sair da escola preso, porque as drogas que ele pôs nos papelotes eram DE VERDADE! Eu que, mala, vi que eram de verdade e não desperdicei com o retardado do Eduardo. O que foi que eu fiz? Substituí a cocaína por açúcar de confeiteiro e a maconha por orégano. O Eduardo não ia saber a diferença mesmo... Coloquei foi no meu estoque! Só que eu não disse pro João que eu fiz isso, óbvio! Então, quando ele me denunciou, foi pra me fuder com os tiras mesmo e não só pra me tirar de circulação na escola. FELA DA PUTA!

Como eu já disse, depois do pé na bunda do João, fiquei na merda, porque tinha pouco bagulho e bagulho barato ainda por cima. A venda não deu pra pagar nem o cheiro das contas lá de casa, até porque tive que dar ainda uma pontinha pro Sérgio, que era quem estava realmente vendendo.

Aí o que foi que eu pensei: tenho que arrumar mais drogas e tem que ser na fita, porque nem pra investir eu tinha dinheiro... O plano que bolei parecia perfeito: eu dava uma pressão no zé ruela do Eduardo, o que não ia ser nada difícil porque eu já tava puto com ele mesmo (se ele não tivesse ido pra casa da Fernanda naquele dia fazer porra de trabalho do Gildo, o João, que vigiava escondido a casa dela quase que direto, não teria visto ela sair no carro com ele, não teria surtado e nada disso teria acontecido!).

Era só eu fazer com que ele convencesse o João de que tinha começado a usar droga, pra passar a receber os bagulhos e me repassar, claro! O João ia adorar a ideia, porque, nem em um milhão de anos, a Fernanda ia querer alguma coisa com o Eduardo se descobrisse que ele estava se drogando, coisa que, com certeza, o João se encarregaria de fazer ela descobrir... Tão bonito, né, meu plano?

UMA BOSTA! Por que logo veio a questão: como é que eu ia botar pressão nele? Ele já tava fudido mesmo... A condição dele não podia mais piorar... Aí me lembrei que pra ele era Deus no céu e o irmãozinho na terra. Fechou! Decidi que ia sequestrar o moleque... Ideia filha da puta, mas o cara quando tá desesperado só pensa merda mesmo! Pedi ajuda pro Sérgio de novo. Ele relutou um pouco, mas acabou topando, nada que a promessa de uma sociedade não resolvesse. Daí, uma noite, aproveitamos que o Eduardo tinha ido pra rave no armazém vender droga, na tentativa de conseguir bater a meta absurda que o João colocou pra ele, e fomos pra casa dele. Conseguimos entrar pela janela, um trabalho da porra pra não fazer barulho. Mas, aí as coisas começaram a dar errado e foi mesmo que descer uma ladeira correndo voado... só podia dar merda mesmo!

A primeira coisa depois daí que deu errado foi que o fedelho estava trancado dentro do quarto. Que criança é essa que dorme trancada dentro do quarto!? Pior que nem eu nem o Sérgio sabíamos - e continuamos sem saber - arrombar fechadura de porta. Pensamos, pensamos e acabamos modificando o plano: tínhamos que esperar ele sair do quarto! Fizemos tocaia no corredor, mas nada. Ele só pode ser tampado! A peste não mija, não caga... Credo! E o tempo passando, o dia amanhecendo, ele nada de sair de dentro do quarto. Já estava vendo a hora o Eduardo chegar, e a gente sem ter pegue o moleque.

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