Depois do fim.

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Ela sai correndo na frente e logo em seguida a acompanhamos, Mistério e José, estavam no alambrado com a arma apontada para gente, quando percebi parei de imediato.
-Peguem eles.-ordenou ele para os capangas que nos seguraram com força.
Mistério se aproximou, olhou no fundo de meus olhos, pude sentir seu cheiro, e então ele escarrou e cuspiu na minha cara.
-Agora vocês iram saber o que eu passei, amarem-nos!-falou ele se voltando para os capangas.
Eles pegaram as cordas que estavam perto do portão, e nos amarram, conforme eles a pertavam a corda ia me machucando, no último aperto não segurei e soltei um grito de dor.
-Agora enterreos.-disse ele rindo.
Os brutamontes nos arrastaram para mata adentro, lá onde a luz que vinha do pouco que o sol mandava, pois ele já estava se pondo. Mal dava para ver onde estávamos sendo levado, e bem ali havia três covas fundas, então com as mãos amarradas nas costas eles nos empurraram para dentro. A dor que senti ao impacto da terra dura era intensa, e então Simon tomou a pá e começou a jogar terra em mim.
Eu sentia apenas nojo por pertencer a família dele, José jogava terra em Jason com fúria, seus olhos estavam vermelhos.
-Está vendo o que você me obriga a fazer?-ria Simon.
A terra ia cobrindo meu corpo fechei os olhos, a terra já ia cobrindo meu rosto também.
-Mamãe fez isso comigo está vendo como é bom?-dizia ele ríspido.
Ouço um barulho vindo de bem longe, a voz era familiar, mas eu mal podia ouvir até que finalmente eles pararam de jogar terra e olharam para trás para ver o que acontecia.
-Tem alguém procurando por eles.-falou José.
A voz era de Larissa e a cada vez sua voz ficava mais forte ela estava à nossa procura levantei, o peso da terra em meu corpo dificultou um pouco essa façanha mas consegui, fiz o pequeno esforço para segurar uma faca que estava no meu bolso para cortar as cordas do meu pulso, enquanto eles pensavam em agir,  eu iria agir conforme a música,  esse era um dos meus lemas,  mesmo gastando um quantidade boa do tempo consegui finalmente me soltar, e então com os quatros ainda dispersos peguei a pá que Simon tinham deixado no chão.
Involuntariamente soltei ela com toda minha força na cabeça de Simon que caiu no chão sem se mexer, o som da pancada ecoou dispertando os três que estava ao seu lado.
-Saiam!-falei com a pá levantada em sinal de defesa.-Agora saiam daqui!-gritei.
-Lukas?-ouvi a voz se aproximando.-Onde você está meu amor?
-Larissa!-gritei.
Com meu antebraço tentei limpar a terra que estava no meu rosto mais ela apenas esparramou por toda minha pele.
Olhei para trás, tentei desamarrar Vanessa e Jason, que estavam com os rostos cobertos de terra, ele ainda estavam vivos quando consegui desamarra-los.
   Meus braços doiam pela amarração bruto dos capangas, olhei para meus pulsos que estavam roxos.
A luz forte da lanterna acertou em cheio meu rosto, Larissa havia trazido policiais para nos ajudar, os três haviam fugido, Simon estava praticamente morto no chão, assim que eles nos avistaram, acenei com a mão para eles poderem me ver.
-Meu amor!-falou Larissa correndo em minha direção e me abraçando.
-Tem um corpo.-disse eu ofegante. -Atrás do galpão.
O fogo ainda consumia o lugar, fazendo com que uma fumaça preta saísse desse incêndio.
Eu me sentia aliviado, mesmo sabendo que os capangas e meu pai de criação haviam fugido, mas finalmente eu sabia que tudo iria ter fim.
Nos abraçamos, eu sentia uma alegria imensa no meu peito, seguimos um pouco mais adiante para pegar o corpo de Bruna.
Meu corpo estava até um pouco mais leve.
Um ardor horrível tomou conta de minhas costas é como se ela estivesse pegando fogo, passo a mão para ver o que havia acontecido e quando volto as mesma a minha visão consegui ver sangue, o ar imediatamente me faltou, e eu não conseguia voltar a respirar, todo ar que eu poderia desfrutar havia sido cortado por algo que eu não sabia o que era ao certo, cai no chão, pois minhas pernas haviam perdido as forças.
Mistério havia pego a arma do bolso e atirado e logo em seguida havia atirado em si próprio.
-Não! -os gritos em uníssono estavam longe.
Minhas vistas foram se escurecendo, e eu sorri percebi que a morte era dolorida, mas finalmente a felicidade havia me alcançado.

-Mas vovó ele morreu mesmo?
-Não querida, depois ele foi socorrido e pode viver por longos anos.-falei.
-Falando bobagens para as garotas Larissa.-olhei para a porta e vi Lukas com os braços cruzados a me observar.
Eu me levantei do chão onde eu estava junto com as meninas e fui até ele, o abracei, e sorri.
-Andem meninas, sua mãe irá logo chegar para pegar vocês. -disse Lukas com um sorriso de canto, o seu charme.
-Mas eu não quero ir.-disse elas em uníssono.
-Minhas queridas, as férias acabaram, amanhã vocês tem aula.-disse eu.
Logo Sophia chegou para pegar as garotas, mas ela ficou para o jantar depois de insistirmos muito, Pedro chegou também logo em seguida, revoltado com o trabalho, reclamava pelas horas exaustivas do seu plantão no hospital Mendes.
-Mamãe sabia que vovó me contou uma história nessas férias.- disse Maria balançando as perninhas na cadeira, e espetando com o grafo o frango.
-Ah é? E como foi?-ele olhou para ela e logo em seguida para mim.
-Só bobagens.-eu disse.-Só bobagens.
Olhei para Lukas e pisquei. Mais a noite quando fomos nos deitar, Lukas tirou a camisa e eu vi a marca do passado que para ele trazia tristezas mas também muita felicidade por ter conseguido sair dessa.
-Essa é uma história que não deveria ter sido contada.-disse ele deitando-se ao meu lado.
-Eu sei.-sorri.

Fim

A Procura De Um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora