13 de novembro de 1985

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OUVINDO A FLORESTA

Acho que as árvores têm alma

Alma que cresce e que muda

No silêncio de cada folha

A memória de momentos que ninguém vê

E nenhum homem jamais ouviu

Pede um tempo para se pensar

Que as árvores tudo vêm

E no jeito como sussurram

Indicam que querem falar.

Talvez tentem cochilar

Na palma da mão de alguém

que se lembram da garotinha

E que dentro dela há um vazio

E uma boca nova e bem menor

Mas ninguém as ouve ou se importa

Que talvez

As árvores saibam

Que há algo de muito errado

Que elas querem falar da tristeza

Vista durante tantas noites

Acho que o mundo inteiro

Deveria andar pelas florestas

Ouvindo atentamente,

As vozes das folhas.

Ver os detalhes, os minúsculos mapas

Das pegadas, e às vezes as nódoas

Devia ver que as folhas

Têm forma de lágrimas

Devia olhar o desenho das agulhas caídas

Talvez existam marcas no chão

Que conduzam o mundo

Àquele que tudo fez.

É tarde, e ele veio esta noite. Não sei se a Senhora do Cepo falava da Laura Palmer certa.

O diário secreto de Laura PalmerOnde histórias criam vida. Descubra agora