24 de julho de 1984

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Querido Diário,

Prima Maddy estará aqui daqui a pouco. Papai foi sozinho buscá-la na estação porque mamãe não quis que ele me acordasse. Acordei há quinze minutos no máximo. Não tive sonhos, mas mamãe disse que me ouviu chamar por ela e depois eu fiz um ruído como o de uma coruja! Quase morri de vergonha. Ela disse que entrou no quarto e que eu estava meio acordada mas... fiz esse ruído de novo; disse que eu dei uma risadinha, virei-me na cama e voltei a dormir. Espero que ela não conte isso a ninguém. Ela sempre conta às pessoas coisas assim quando estamos reunidos para jantar com os Hayward, por exemplo. Sempre começa com "Laura fez a coisa mais linda e incrível..." E eu sei que posso esperar pelo pior. Outra noite ela disse, na frente de todo mundo, que eu fui dormindo até a cozinha, pouco antes de ela ir se deitar. Tirei toda a minha roupa, enfiei tudo no forno e voltei para a cama. Agora, toda vez que chego perto do fogão na casa dos Hayward, quando Donna e eu ajudamos a servir à mesa, a sra. Hayward faz uma piada, perguntando se eu sei que o forno é um forno e não uma máquina de lavar.

Mamãe bebera um pouco na noite que contou isso, por isso está desculpada. Mas se ela disser a todo mundo que fiz esse ruído, acho que vou morrer. Não acredito que chegue uma hora em que os pais deixem de ser uma fonte de embaraço constante para seus filhos. Os meus não são exceção.

Talvez se eu parar de fazer coisas estúpidas enquanto durmo, ela não tenha nada para contar às pessoas.

Mais tarde eu volto.

Laura

(grr,grr)

O diário secreto de Laura PalmerOnde histórias criam vida. Descubra agora