Não acredito nisto. Porque razão a meio da aula de francês, o director me mandou ir ao seu gabinete? Será que aquelas miúdas foram contar-lhe o que aconteceu ontem?
Pedi permisão para entrar, batendo á porta.
- Podes entrar. - O homem presente lá dentro mandou-me entrar.
- Obrigada.
- Hmm... Jenna a razão de eu te ter chamado aqui... bem umas raparigas...
- Isso é mentira! É tudo mentira! - Falei demasiado rápido.
- Tens a certeza? Pareces nervosa. - O sujeito à minha frente levantou-se da cadeira junto a secretária caminhando até mim.
- Hmm... Nervosa? Não. Afinal de contas o que é que lhe contaram? Já agora gostava de saber.
- Essas raparigas disseram que te viram a ser levada até um beco, por rapazes. Tu gritavas de dor devido ao aperto deles segundo as informações delas. És vítima de bulling, Jenna?
- Não! Isso é completamente absurdo! Como pode pensar uma coisa dessas? Essas raparigas de certeza que estavam a gozar com o director.
- Ainda assim. Sabe que é a aluna de 20 nesta faculdade a todas as disciplinas. Poderia haver alguns desentendimentos por parte dos seus colegas.
- Mas não. - Dirigi-me à porta rodando a maçaneta. - É melhor voltar para as aulas. Tenha um resto de um bom dia. - Saí deixando que o director nem sequer tivesse oportunidade de responder.
O toque da saída soou e rápidamente percorri o corredor agora cheio de gente até ao meu cacifo. Peguei na minha mala e nos livros, fechei e tranquei o cacifo de novo abandonando o mesmo.
Dirigi-me ao portão da faculdade passando o meu cartão de aluno e saí em direção a casa. Quase corri para não apanhar aqueles rapazes pelo caminho. Corri mais um pouco quando ouvi passos atrás de mim, entrei para dentro de um café de esquina a uns metros da escola.
Esperei algum tempo e depois voltei a sair do café à espera de que os monstros que me batem não estivessem lá à porta.
Sem sucesso. Ouvi uma voz atrás de mim.
- Hey! Menina? Deixou isto lá dentro. - Um senhor dirigiu-se a mim com uns livros na mão.
- Oh! Muito Obrigada. - Disse pegando nos livros e apressando o passo até casa.
Começou a chover. Que lindo. Sempre adorei a chuva. Faz-me sentir segura.
Ouvi novamente passos a correr atrás de mim e virei o meu olhar até à pessoa. Afinal era só uma senhora em direção ao seu carro que não se queria molhar. Uff. Hoje isto está mau.
Finalmente cheguei a casa. Ainda nem acredito que hoje não cheguei a casa coberta de sangue pisado e novas nódoas negras para tapar. Larguei os livros e a mala no chão do quarto e fui até à casa de banho enchendo a banheira com água quente e preparando o meu banho.
Comecei a tirar a roupa que cobria o meu corpo frio, cheio de cicatrizes, nódoas negras e várias feridas.
Foi a primeira vez em 8 anos que consegui escapar a um dia naquele beco. Mas este dia vai sair-me bem caro, amanhã sei que haverá dose dupla por lhes ter escapado.
Quando acabei de despir a roupa molhada pelas gotas da chuva mergulhei dentro da água quente e desliguei a torneira. Deixei-me afundar e os pensamentos horriveis sobre o que poderia acontecer amanhã invadiram a minha mente. Voltei a subir ao de cima para respirar e acabei por retirar a espuma no meu corpo, enrrolando-me de seguida numa toalha. Abandonei a casa de banho voltando ao quarto. Sequei o corpos e vesti o pijama. Desci até a sala e tranquei todas as portas e janelas, seguindo até a cozinha fazendo algo pra comer. Liguei a tv e assisti um pouco.
Passados alguns minutos ouvi barulhos estranhos lá fora e fui junto da janela ver se via alguma coisa. Comecei a ficar assustada. Muito assustada. Corri escadas acima até ao quarto e olhei uma vez mais lá para fora. Nada. Oh God... agora estou a alucinar! Isto não me está a acontecer... Arrastei o meu corpo até à cama e apaguei as luzes tentando dormir.