Sétimo.

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ISABELLE

Vaguei pelas ruas de New York sem muita felicidade ou vontade. Minha cabeça martelava em dúvida e raiva. Porque óbviamente eu ainda achava que Charles não deveria ter exigido de mim tanto quanto exigiu e pior, ele não deveria ter simplesmente suposto que eu devia algo para ele somente por estarmos saindo juntos. Mas então a história de Tyler também fodia com minha cabeça, porque enfim compreendia de onde vinha aquela necessidade de confiança e "cartas na mesa" dele. E eu me sentia péssima por não ter pedido para conversar, por nem ao menos ter deixado-o falar direito e simplesmente ter vomitado todas as coisas que vomitei.

Mas eu ainda tenho minha razão pela briga. Até porque, como ele podia exigir que eu tivesse contado tudo para ele, quando nem havia me contado de seu último relacionamento?

E de novo, como eu podia exigir isso dele e vice-versa quando nós nem estávamos em um relacionamento sério? Porra.

Quando percebi, eu já havia tomado um metrô e estava parada na Wall Street sem saber exatamente para onde ir. Eu realmente não costumava vir para esses lados administrativos da cidade. Sabe como é né, vida de ex-garçonete. Forçei minha mente a lembrar onde era a empresa de Chuck. Óbvio que eu sabia que eram as Beway, mas onde isso ficava no meio da rua super lotada, eram outros quinhentos. Andei pela rua esperando que uma placa gigante aparecesse e dissesse "A EMPRESA BEWAY É POR AQUI". Mas a placa nunca apareceu, ao invés disso fiz o que toda mulher perdida faria: pedi ajuda.

Vi um homem mais velho - lá pelos seus cinquenta anos -, de cabelos grisalhos e todo encolhido em seu terno devido ao frio do dia, fumando um cigarro encostado na entrada de um prédio.

— Com licença... Onde fica a empresa Beway? – Perguntei.

Ele sorriu para mim.

— Ah minha jovem, você está na frente dela. Eu trabalho na Beway, estou no meu horário de folga.

Que sorte do caralho. Ó, o destino já tá me mandando um presente.

Olhei para cima. O prédio era majestoso, simplesmente. Deveria ter uns trinta e poucos andares. Todas as janelas eram de vidro e espelhadas. A porta giratória também era de vidro e eu podia ver o hall de entrada pintado com uma cor creme, de carpete branco e cheio de enfeites de rico e lotado de empresários vestidos de terno conversando e saindo de tempos em tempos. Podia também ver as belas catratacas que impediam que eu entrasse lá com fácil acesso e fechei a cara.

— Meu nome é Malcom. Eu posso te ajudar com alguma coisa?

Pisquei, saindo do transe e abrindo um sorriso desconcertado. Ele com certeza viu o "pobre" estampado em minha testa.

— Isabelle Rodrigues. Eu queria falar com o Chu... Charles. Charles Beway. – Apertei a mão estendida dele.

— Certo. É assunto profissional? – Ele apagou o cigarro com o sapato preto social bem polido e sorriu amigavelmente.

— Não. Eu sou uma... Conhecida dele.

— Ah, entendo. Tudo bem, vamos entrar e eu vejo o que consigo arranjar para você.

— Minha nossa, muito obrigada mesmo! – Suspirei aliviada e me segurei para não abraçar o velho ali mesmo. Realmente, eu não estava ansiosa para ter que arranjar um jeito de burlar o sistema de segurança ou causar algum barraco só para vê-lo.

— Não é nada demais, senhorita Rodrigues. - Ele deu ombros.

Falou meu sobrenome de um jeito estranho, quer dizer, do jeito estranho que os americanos falavam. Mas não me incomodou nem um pouco, afinal ele estava me ajudando a entrar no prédio e ver Chuck. Estava bom demais para mim.

BFFF - Best Fucking Friends ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora