Trigésimo Oitavo

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AMANDA

Eu estava terminando de selar o vigésimo envelope com o meu currículo quando Isabelle jogou o jornal na minha cara, quase atingindo meu pobre cereal que também estava sobre a bancada.

Mike colocava café em duas canecas térmicas, já vestido para seu trabalho como assistente na Vogue, enquanto Isabelle se vestia para mais uma jornada da Super Nanny.

Observei o jornal que minha querida melhor amiga havia lançado no meu rosto e elevei as sobrancelhas ao perceber que haviam partes dele circuladas com marca-texto.

— Belle, eu já disse que estou lidando com o meu desemprego. Hoje vou enviar minha ficha para mais de vinte audições, está tudo sob controle.

Ela terminou de vestir sua jaqueta preta e me olhou séria.

— Você gastou dois mil e quinhentos doláres em eletrodomésticos, dinheiro que não temos. Essas coisas demoram para dar respostas se você foi escolhida ou não, ser paga então, demora mais ainda. Precisamos do dinheiro.

Revirei os olhos.

— Qual é, eu fui a maior fonte de renda dessa casa nos últimos três meses.

Mike começou a montar seu almoço em um potinho, mas comentou enquanto cortava o tomate:

— Mandy, meu bem, vocês tem muita coisa pra pagar com duas viagens em um mês e todas essas dívidas, mesmo com todo o dinheiro que você conseguiu.

— É, isso mesmo. Não precisa ser um emprego pra sempre, Manda.

Bufei.

— Só porque eu tomei coragem pra tentar o ramo artístico de novo! Eu não vou ter tempo para tentar se pegar um trabalho qualquer. — Cruzei os braços.

— Sinto muito, amiga. Mas a não ser que você entre para o America's Next Top Model ou case com o Bill Gates, você precisa de um emprego. — Mike comentou terminando de arrumar seu almoço e guardando o pote dentro da bolsa carteiro que ele usava.

Dei-me por vencida e segurei o jornal, somente para perceber que todas as coisas circuladas eram absurdas.

— Loira, você pirou o cabeção? Garçonete de novo nem fudendo! E olha minha cara de assistente da Toys R Us. Vou mandar os pirralhos pararem de ser mimados e chorar pelo boneco mais caro porque na minha época eu brincava de peteca!

— Você nem sabe brincar de peteca, Amanda.

Dei de ombros.

— Isso é irrelevante. O ponto é: nem fudendo vou aceitar um desses empregos.

Belle colocou a bolsa no ombro e segurou a caneca térmica em uma mão e a chave na outra, pronta para ir embora.

— Não quero saber, bf. Quando eu estava desempregada, você infernizou minha vida. Ficou me xingando e mandando tirar a bunda do sofá e arranjou o meu emprego. Então, quando eu voltar do trabalho hoje, é bom que você esteja empregada ou eu vou escolher seu novo emprego.

Tremi involuntariamente. Ela poderia me fazer ser garçonete de novo. Ou pior, atendente de loja de roupas. Seria uma tortura medieval.

Bufei.

— Tá! Mas, poxa, eu queria algo que tivesse pelo menos um pouco a ver com minha carreira como modelo ou como atriz, sabe?

Mike, que estava com a porta do apartamento aberta, arregalou os olhos e pareceu ter uma ideia sensacional, porque soltou a porta e veio pulando até mim, empolgado:

— MEU DEUS! Como eu não pensei nisso antes? Ai, bicha burra! — Ele disse para si mesmo e se deu um tapa na cabeça, então apoiou as mãos em meus ombros, ainda sorrindo. — Você pode trabalhar comigo na Vogue! Ainda não acharam um estagiário substituto para mim e posso te levar hoje mesmo para a entrevista. O salário é praticamente o mesmo que você ganhava no Planeta Hollywood e...

BFFF - Best Fucking Friends ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora