Trigésimo Terceiro

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ISABELLE

Precisei bater três vezes na porta.

Três. Vezes.

Já estava praticamente batendo o pé no chão como uma criança mimada. Eu estava congelando, porque havia saído com poucos casacos de casa, vindo direto do aeroporto e só parado para largar minha mala em casa antes.

Sem falar a dor de cabeça que eu estava sentindo.

Quando a porta finalmente abriu, senti meu coração bater rápido e eu não sabia exatamente o que iria dizer. Não sabia como começar o assunto.

— NÓS CASAMOS? — Gritei já entrando no apartamento, irritada.

— Olha só, quem resolveu prestar visita para a família.

— FAMÍLIA? — Virei-me para Noah, ficando momentaneamente paralisada ao relembrar o quão gostoso ele era, fazendo-o abrir um sorriso malicioso na minha direção.

Noah estava com o cabelo molhado, como quem acaba de sair do banho, uma barba mal feita de pelo menos três dias. Usava uma regata branca e antes que eu pudesse duvidar de sua inteligência, já que em Nova Iorque ainda era inverno, percebi como seu apartamento estava quente. Olhei ao redor e encontrei uma lareira pequena na parede ao lado de um sofá cinza.

Então eu percebi que estava dentro do apartamento de Noah. Sem ele ter me convidado.

Novamente olhei ao redor para assimilar os detalhes do apartamento. As paredes eram de um marrom escuro, os móveis em tons de madeira, cinza e preto. Sua lareira queimava silenciosamente, sua televisão desligada porém com controles de videogame apoiados sobre a mesa de centro na frente do sofá, indicando que a pouco tempo ele estivera jogando. Para o lado, havia uma bancada - quase como a do meu apartamento com Amanda e Mike - e a cozinha dava para ser vista. Havia um corredor pouco mais a frente com uma porta de cada lado, onde eu julgava que seria o banheiro e seu quarto. No geral, o apartamento era grande, mas fazendo jus ao tamanho de apartamento para um homem solteiro.

Quer dizer.

"Solteiro".

Voltei minha atenção a ele, que fechava a porta do apartamento trancando-a, e virou-se para mim ainda com um sorriso curiosamente feliz em seu rosto. Meus olhos vagaram para os músculos de seu braço e as sardas em seus ombros. Malditas. Sardas. Ele usava uma calça moletom cinza que caia bem em sua cintura e eu a reconheci de dentro da mala para Las Vegas. Estava descalço e parecia extremamente confortável encarando sua mais nova esposa fuzilando-o com os olhos.

— Nós casamos. CA-SA-MOS.

— Eu sei, lembro mais daquela noite do que você, Belle.

— NOAH! — Peguei uma almofada de seu sofá e, pouco me importando, atirei-a nele. — Por quê você não disse nada? Por quê não me lembrou?

— Eu achei que você se lembrasse! No dia seguinte você veio com um papo de que éramos só sexo. Achei que você soubesse que não significou nada! — Ele respondeu, erguendo a voz para igualar ao meu tom.

— NÃO SIGNIFICOU NADA? NOAH, EU NÃO QUERO ME DIVORCIAR COM VINTE E CINCO ANOS.

Noah deu uma risada nervosa.

— Quem está falando em divórcio, Isabelle?

— Você está brincando, né? É ÓBVIO QUE VAMOS NOS DIVORCIAR. NO MÍNIMO PEDIR UMA ANULAÇÃO.

Ele franziu a testa na minha direção, parecendo confuso. Soltei um gritinho irritada, resistindo minha vontade de dar um soco na cara dele.

— Isabelle. Nós nos casamos em Vegas, com um Elvis. Brincadeirinha de criança. Acho que está bem claro que não significou nada aquela noite.

BFFF - Best Fucking Friends ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora