Trigésimo Quinto

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AMANDA

Uma semana depois.

Quando Isabelle saiu naquela manhã para trabalhar mais tarde do que o normal, tive que ficar lendo algumas revistas na cafeteria onde eu sempre me escondia para poder vê-la passar. Ela o fez quase vinte minutos depois que o usual, o que infelizmente me forçou a ter que comprar um croissant para mim, porque eu sou gulosa demais para ficar olhando para comida por tempo demais e resistir.

Terminei meu croissant rapidamente e voltei para casa, doida para minha maratona de seriados de hoje. Belle só chegaria mais tarde hoje e Mike também, por causa de um editorial de moda que ele tinha que ajudar a arrumar na Vogue.

Chegando em casa, joguei minha bolsa sobre a bancada e por um breve segundo, esperei ver Muchu ali, como ele costumava ficar durante a manhã, lambendo as migalhas do café da manhã. Suspirei, lembrando como a riponga de Jeová havia raptado nosso querido companheiro reptiliano.

Vesti meu pijama de novo, tirando Muchu da cabeça para não ficar melancólica (odiava admitir, mas nas últimas semanas havia criado um laço com o bichano) e pegando a jarra de suco de laranja.

Joguei-me no sofá-cama de Mike que ainda estava aberto e me cobri com o cobertor xadrez preguiçosamente. Deixei o celular em meu colo, caso Belle, Mike ou Ty mandassem uma mensagem.

Para minha grande felicidade, estava passando uma maratona de The Vampire Diaries e eu senti uma ponta de saudade do tempo onde éramos somente eu e Belle contra o mundo, sem tantas confusões, com nossos pacatos empregos, sem esposas traíras ou chefes ciumentas ou hippies doidas e répteis. Mas, não importa o quanto tudo isso tenha nos dado dor de cabeça, também nos rendeu ótimas risadas e momento memoráveis. E agora eu tinha Tyler e Belle tinha Noah. Ok, ela me mataria se soubesse que eu estava pensando assim, mas qual é, pelo menos ela estava casada.

Suspirei e virei a garrafa de suco de laranja em minha boca, agradecendo mentalmente pela noite passada, quando ficamos conversando durante horas sobre nossas vidas, porque fazia um bom tempo que não o fazíamos... Mas, mesmo assim, não consegui contar para ela sobre meu desemprego. Talvez quando eu fizer o book eu tome coragem...

— Maldita chave, sempre emperra! — Ouvi a voz da loirinha no corredor e meu coração parou.

O QUE CARALHOS ELA ESTAVA FAZENDO DE VOLTA NO APARTAMENTO?

Tudo aconteceu tão rápido que eu não tive muito tempo para raciocinar. Enfiei a jarra de suco de volta na geladeira, patinando sobre minhas meias, então voltei correndo para o sofá no exato segundo que a chave girou na porta e me joguei sobre o mesmo, puxando o cobertor para cima de mim e me enrolando em uma bola.

Óbvio. Porque ninguém ia perceber a montanha que o cobertor formava agora.

— Quem deixou a televisão ligada...? — Isabelle comentou e eu ouvi o barulho de suas chaves sobre a bancada. Quando ela se virou para vir até a televisão, seus passos subitamente pararam.

— Mike?! — Ela perguntou confusa observando o bolo no sofá, ou melhor, eu.

Antes que eu pudesse reagir, um chiado/gemido saiu de minha boca. Bati em minha cabeça com a mão, xingando-me por ter imitado Muchu. Porque é óbvio que o bichano faria uma montanha dessas debaixo do cobertor, óbvio. Só se ele tivesse feito uma viagem à Chernobyl.

— Amanda, que merda foi essa? — Isabelle exigiu, percebendo que somente eu seria inteligente ao ponto de ficar em posição fetal imitando uma iguana.

Puxei o cobertor para baixo e então meu instinto tomou conta.

Tossi.

— Ah, oi Belle.

BFFF - Best Fucking Friends ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora