- E aí, o que você quer filmar primeiro? - perguntou Daniel Humphrey a sua melhor amiga e namorada à seis semanas, Vanessa Abrams. Dan freqüentava a renomada escola para meninos do Upper West Side, a Riverside Prep, e Vanessa era aluna da Constance Billard, mas eles conseguiram permissão para colaborar em um projeto especial do terceiro ano chamado A construção da poesia. Vanessa, uma cineasta nascente, ia filmar Dan, um poeta nascente e astro ocasional dos filmes de Vanessa, escrevendo e revisando seus poemas.
Não era exatamente um material de detonar as bilheterias, mas Dan ficava tão bonitinho no modelito artista amarrotado e desmazelado que solta sua angústia que as pessoas provavelmente iam querer ver.
- Só fique sentado à mesa e escreva alguma coisa em um dos blocos pretos, como você sempre faz - instruiu Vanessa, olhando pela lente da câmera de vídeo digital para ver se a luz estava correta. - Pode tirar algumas dessas porcarias da sua mesa?
Dan passou o braço na mesa e mandou canetas, clipes, folhas de papel, elásticos, livros, maços vazios de Camel sem filtro, caixas de fósforos e latas vazias e amassadas de Coca- cola para o chão de carpete marrom. Eles estavam filmando no quarto de Dan porque era ali que ele em geral trabalhava. Além disso, bastava atravessar o parque, vindo da Constance Billard, na rua 93 Leste, entre a Quinta e a Madison, para chegar ao prédio de Dan, na 99 Oeste com a West End Avenue.
- E talvez tirar a camisa também - sugeriu Vanessa. A construção da poesia seria sobre o processo artístico, ilustrando que o que não é feito no trabalho é tão importante como o que é feito. Havia montes de tomadas de Dan amassando papel e atirando-os com raiva pelo quarto. Vanessa queria mostrar que escrever - ou criar alguma coisa, aliás - não era um mero exercício mental; era físico. Além disso, Dan tinha aqueles musculinhos nas costas que ela estava doida pra filmar.
Dan se levantou e tirou a camiseta básica preta, jogando-a em uma cama desfeita onde o gato gordo dos Humphrey, Marx, dormia de costas como uma baleia encalhada e peluda. Tudo no apartamento que Dan dividia com o pai, Rufus, um editor de poetas beat nada conhecidos, e sua irmã mais nova, Jenny, era desfeito, caindo aos pedaços ou no mínimo completamente coberto de pêlo de gato e rolos de poeira. Era um grande apartamento claro, de pé-direito alto, mas não era limpo adequadamente há vinte anos e as paredes esfareladas imploravam por uma nova demão de tinta. Dan, o pai e a irmã raramente jogavam alguma coisa fora, então a mobília arqueada e o chão de madeira arranhada estavam salpicados de jornais e revistas velhos, livros esgotados, baralhos incompletos, pilhas usadas e lápis sem ponta. Era o tipo de lugar onde seu café ganhava pêlo de gato no minuto em que você o colocava na xícara, um problema com o qual Dan lidava constantemente porque ele era viciado em cafeína.
- Quer que eu olhe para a câmera? - perguntou ele, sentando-se na cadeira de madeira gasta e girando para Vanessa. - Eu podia colocar o bloco no colo e escrever, assim - demonstrou ele.
Vanessa se ajoelhou e espiou pela lente da câmera. Estava usando o uniforme cinza pregueado da Constance Billard com meia-calça preta, e o carpete marrom puído parecia eriçado em seus joelhos.
- Aí, isso é legal - murmurou ela. Ah, olha só como o peito de Dan era branco e macio! Ela podia ver cada costela, e aquela linha de penugem castanho-amarelada, como pêssego, que corria até o umbigo! Ela avançou um pouco para a frente de joelhos, tentando chegar o mais perto possível sem estragar o enquadramento.
Dan mordeu a ponta da caneta, sorrindo para si mesmo, e depois escreveu: Ela tem a cabeça raspada, usa preto o tempo todo, ela precisa de um novo par de botas de combate e ela odeia usar maquiagem. Mas ela é o tipo de garota que acredita em você e consegue secretamente que seu melhor poeta seja publicado na New Yorker. Acho que se pode dizer que eu a amo.
Provavelmente era a coisa mais piegas que ele já escrevera, mas ele não ia publicar aquilo em suas "Obras Escolhidas" ou coisa assim. Vanessa se aproximou um pouco mais, tentando capturar o branco fervente dos nós dos dedos de Dan enquanto ele escrevia.
- O que está escrevendo? - Ela apertou o botão de gravação da câmera.
Dan olhou para cima, sorrindo para ela através das mechas embaraçadas nos olhos castanhos-dourados brilhando.
- Não é um poema. É só um conto sobre você.
Vanessa sentiu o corpo esquentar.
- Leia para mim.
Dan empinou o queixo, constrangido, e depois deu um pigarro.
- Tudo bem. "Ela tem a cabeça raspada..." - começou ele, lendo o que havia escrito. Vanessa corou enquanto ouvia e depois deixou a câmera no chão. Foi de joelhos até onde Dan estava sentado, tirou o bloco do caminho e deixou a cabeça no colo dele.
- Você sabe como a gente sempre fala de transar, mas nunca fez, né ? - sussurrou ela, os lábios roçando o tecido duro das calças cargo verde-oliva dele. - Por que não transamos agora mesmo?
Por baixo da bochecha, ela sentiu os músculos de Dan se retesarem.
- Agora? - Ele olhou para baixo e passou o dedo pela borda da orelha de Vanessa. Tinha quatro piercings em cada uma delas, mas nenhum brinco. Ele respirou fundo. Vinha poupando o sexo para um momento em que parecesse poético e correto. Talvez essa hora fosse agora, um momento espontâneo. Talvez especialmente adequado e irônico, que exatamente daqui a uma hora, ele iria voltar à Riverside Prep, sentar no curso de latim avançado do último tempo e ouvir o Dr. Werd ler Ovídio com seu sotaque exagerado de nerd em latim.
Introdução ao sexo nos dois tempos livres - a mais recente disciplina do currículo de primavera.
- Tá legal - concordou Dan. - Vamos nessa.
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Gossip Girl - Vol. 4 - Eu Mereço!
FantasySerena está totalmente apaixonada por Aarom, Vanessa e Dan parecem dois pombinhos melosos, Jenny encontra uma nova paixão e Blair está de volta à ativa, flertando com um homem mais velho, que pode ser o seu passaporte para Yale. Até mesmo Nate se de...