s está apaixonada

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Parado em um banco de neve na calada da Constance Billard School for Girls na 93 leste, Aaron Rose esperava que Serena zunisse pelas altas portas azuis da escola e corresse para seus braços. Mookie, o boxer castanho e branco, ofegava sentado ao lado dele na calçada, usando a manta vermelha e preta que Serena tinha comprado para ele na véspera na Burberry. Nas mãos de Aaron havia dois copos fumegantes do Starbucks.
Desde que ficaram juntos na festa de Ano-novo maluca de Serena seis semanas antes, era este o ritualzinho deles. Aaron encontrava Serena depois da escola e eles andavam pela Quinta Avenida de braços dados, bebendo lattes de soja e parando de vez em quando para se beijar. O Ano-novo tinha sido um lance espontâneo do tipo foda-se-estamos-a-fim-e- por-que-não-namorar?
Total, mas no ultimo mês eles passaram cada momento fora da escola juntos e agora eram conhecidos como o mais adorável e mais bonito casal - bom trio, se você incluir Mookie - do Upper East Side.
De repente um raio de sol do inverno bateu na linda cabeça loura de Serena enquanto ela abria as portas da escola, descia a escada correndo nas botas de camurça marrom Stephane Kelian e casaco azul-marinho Les Best e chegava a calçada cheia de neve. Todo o rosto dela brilhava de excitação angelical ao ver Aaron e Mookie.
- Oi, neném! - gritou Serena quando Mookie abanou o rabo para ela e enfiou o focinho em suas mãos com luvas de cashmere. Ela se abaixou e deixou que o cachorro lambesse seu rosto enquanto afagava a cabeça dele. - Está tão lindo hoje.
Aaron observou os dois com um orgulho meio indolente. É essa é minha namorada. É, ela não é linda?
Serena se ergueu e atirou os braços no pescoço dele. O ar em volta deles se encheu do aroma de óleo essencial de sândalo e patchouli que ela sempre usava.
- Sabe no que andei pensando o dia todo? – perguntou Serena entusiasmada, dando um beijo nos lábios finos e vermelho-escuros de Aaron com a boca carnuda de batom de pêssego.
Aaron afastou os pés para não cair para trás e derrubar os lattes.
- Em mim? - chutou ele. Serena era o tipo de garota que se entregava totalmente ao que estivesse se dedicando no momento, e por acaso neste momenta ela se dedicava a Aaron. Isso o deixava meio bêbado.
Ela fechou os olhos e eles se beijaram de novo, desta vez profundamente. Atrás deles, as meninas com elegantes casacos de lá e botas de couro de cano alto safam pelas portas da escola, gritando vertiginosamente. Algumas se reuniram para observar com assombro enquanto Serena e Aaron continuavam a se beijar.
- Ai, meu Deus - sussurrou uma da sexta serie, tendo uma síncope na presença de tanta elegância. - Estão vendo o que estou vendo?
Mookie bateu a pata na neve e gemeu de impaciência. Serena passou o rosto no áspero gorro de lã de alpaca cinza e roxo que tinha com prado para Aaron no fim de semana na Kirna Zabete, no Soho. Ela adorava o modo como as lindas trancinhas castanho-escuro ficavam por trás das orelheiras.
Tudo em Aaron era tão adorável que ela queria comê-lo de colher!
- É claro que fiquei pensando em você - disse ela, pegando o latte. Ela abriu a tampa num estalo e soprou o líquido doce e fumegante. - Eu estava pensando que a gente devia fazer uma tatuagem. - Ela se interrompeu, esperando que Aaron respondesse, mas os olhos castanho-claros dele pareciam confusos, então ela prosseguiu: - Sabe como é, tipo o nome da gente. Para mostrar nosso compromisso um com o outro.
- Ela tomou um gole do café e lambeu os lábios adoráveis e suculentos. - Eu sempre quis uma tatuagem que só eu conhecesse.
Sabe, num lugar privado.
Aaron sorriu, hesitante. Ele gostava muito de Serena. Ela era embriagadoramente bonita, um doce total e não era nada exigente. Estava acima e alem de qualquer outra garota que ele tinha conhecido. Mas ele não tinha certeza se queria tatuar o nome dela no corpo. Na verdade, ele sempre achou que as tatuagens eram meio violentas, como ferro em gado, e, na qualidade de vegetariano e rastáfari, ele se opunha moralmente a qualquer tipo de violência.
- Tatuagem é contra a minha religião - declarou ele, mas, quando viu a linda cara de Serena se enrugar de decepção, pegou a mão dela e acrescentou rapidamente: - Mas vou pensar no assunto, tá legal?
Serena não era de guardar rancor, certamente não contra o garoto mais gracinha do universo. Já superando o problema, ela pegou a mão dele e os dois começaram a andar para a Quinta Avenida. O céu estava de um cinza sombrio e um vento gelado picava o rosto dos dois. Uma hora depois escureceria.
- E ai, o que vamos fazer? - perguntou ela. – Estava pensando que podia ser meio doido ir ao topo do Empire State.
Morei a vida toda aqui e nunca fui lá. E esta tão frio. Aposto que ninguém pensa em subir lá nesta época do ano. Deve estar totalmente vazio e romântico, tipo um filme antigo. Aaron riu.
- Você anda demais com a Blair. - A meia-irmã dele sempre transformava tudo em um romântico filme em preto-e-branco da década de 1950, tentando tomar a vida ainda
mais glamourosa do que já era. Quando eles entraram na Quinta, Mookie galopou a frente deles, apertando a guia que estava frouxa na mão de Aaron. - Ei, calma ai, Mook.
Serena enfiou a mão livre no bolso da parca preta North Face de Aaron.
- Blair estava muito esquisita no grupo de discussão, aquele troço novo que estamos fazendo com as calouras na hora do almoço. Depois da reunião, ela sumiu. Nem apareceu na educação física.
Aaron deu de ombros e bebeu o latte.
- Talvez ela estivesse com cólica, ou coisa assim.
Serena sacudiu a cabeça bonita. - Estou achando que ela esta meio com ciúme. Sabe como e, da gente.
Aaron não disse nada. Nos feriados de Natal, ele estava a fim de Blair, embora ela fosse meia-irmã dele. Ficar com Serena o fizera esquecer de tudo isso, mas ainda era estranho pensar que Blair realmente podia ter ciúme deles, quando ele ficou grudado nela aquele tempo todo.
- E ai,vamos ao Empire State? - perguntou Serena, parando na esquina seguinte e virando-se para olhar a Quinta Avenida, atrás deles. Uma frota de ônibus passou rugindo. - Se a gente for, vai ter de pegar um táxi.
Aaron olhou o relógio. Eram quatro e dez.
- Eu meio que pensei em dar uma passada lá em casa para ver a correspondência. - Ele deu uma risadinha tímida, constrangido por ter parecido tão nerd. - As cartas da admissão estão chegando esta semana.
Os grandes olhos azul-escuros de Serena se arregalaram.
- Por que não disse isso antes? - Ela atirou o copo de papel na lixeira próxima e começou a correr. - Venha, Mook! - gritou ela enquanto o boxer pulava de felicidade atrás dela. - Vamos para casa ver se seu papai sabe-tudo vai para Harvard!

Gossip Girl - Vol. 4 - Eu Mereço!Onde histórias criam vida. Descubra agora