N compra uma trouxinha

48 2 0
                                    


  Na terça depois da aula, Nate vagava pelo Central Park para dar uma olhada nostraficantes no Sheep Meadow. Tinha passado 24 horas sem ficar chapado e, em vez de sesentir saudável e cheio de energia, estava de saco cheio de sua cabeça semdrogas. As aulas na escola pareceram duas vezes mais longas e até as piadinhas idiotas depeido de Jeremy Scott Tompkinson mal o fizeram abrir um sorriso.  

  O sol de fim de tarde estava baixo no céu, dando um brilho dourado sinistro a gramamarrom congelada na campina. Dois caras atarracados usando camiseta preta com apalavra Staff impressa nas costas passavam uma bola de futebol entre eles,e uma mulher minúscula usando Chanel vermelho e uma estola de pele de raposa andavacom seu bichon frisé recém cuidado. Como sempre, os traficantes estavam todos sentadosem bancos no perímetro da campina, ouvindo WFAN nos discmans ou lendo o DailyNews. Nate viu um cara ruivo conhecido vestido com um abrigo cinza-claro com tenisPuma cinza e branco combinando, óculos de sol cinza e uma boina preta e felpuda.  

  - Ei, Mitchell! - gritou Nate deliciado. Droga, era bom vê-lo. Mitchell ergueu a mãosaudando Nate enquanto ele se aproximava. - Achei que estava em Amsterdã, cara.  

  Mitchell sacudiu a cabeça devagar.  

  - Ainda não.  

  - Andei procurando por você. Eu quase ia comprar um daqueles manés. Esta levando umaí, né? - perguntou Nate. Mitchell assentiu e se levantou. Eles começaram a andarpelo caminho juntos, como dois amigos dando um passeio no parque. Nate tirou uma notade cem dólares dobrada do bolso do casaco e segurou na mão fechada, pronto para passá-la para a mão de Mitchell assim que ele passasse a mercadoria.  

  - Recebi um novo carregamento do Peru - disse Mitchell, puxando um saco plástico demaconha do bolso e passando discretamente a Nate.  

  Se você por acaso estivesse no parque olhando os dois, podia ter pensado que estavamdividindo um lanche ou coisa assim. Quer dizer, se você fosse um ingênuo total.  

  - Valeu, cara. - Nate passou para ele a nota de cem e enfiou o saco plástico no bolso docasaco, respirando fundo e soltando a respiração. Que péssimo que não tivesse com elenenhum papel para enrolar um dos gordos bem aqui. - E aí - disse ele, pensando se seriapolido ter uma conversa educada com Mitchell antes de cair fora. - Ainda vai se mudarpra Amsterdã, ou o quê?  

  Mitchell parou de andar e abriu o casaco Puma  

  - Não. Vou ficar aqui por um tempinho. - Ele levantou a camiseta térmica cinza paramostrar o peito nu e sardento. Tinha fios colados nele.  

  Nate tinha visto Law & Order muitas vezes para saber o que significavam aqueles fios. Apaisagem gelada pareceu se fechar à sua frente e ele cambaleou para trás. Será que perdeua consciência, ou coisa assim? Ou era tudo um pesadelo?  

  Mitchell largou a camiseta e fechou o zíper do casaco de novo. Deu um passo na direçãode Nate, como se estivesse preocupado que Nate tentasse fugir.  

  - Desculpa, garoto. Eles me pegaram. Estou trabalhando para os homens agora. - Eleapontou com a cabeça para os bancos atrás deles. - Aqueles "manés" no banco são todostiras, ta ligado, então nem pense em correr. Você e eu vamos esperar aqui até que eu de osinal. E depois um deles vai te levar até a delegacia da Amsterdã. Amsterdã... que ironia,né?  

  Nate sabia que Mitchell estava tentando fazê-lo sorrir para não se sentir tão mal porentrega-lo.  

  - Tá legal - disse Nate inexpressivamente. Como foi que isso aconteceu? Ele nunca tinhasido enganado e era uma sensação bem horrorosa. Ele largou o saco de maconha no chãoe chutou para longe. - Merda - praguejou entre dentes.  

  Mitchell pegou o saco e colocou a mão no ombro de Nate. Ergueu a mão livre no ar eacenou para os tiras no banco. Dois caras se levantaram e correram. Nem pareciam tiras.Um deles usava jeans preto Club Monaco e o outro vestia um gorro vermelho idiota compompom. Mostraram os distintivos a Nate.  

  - Não vamos bater em você - explicou o Club Monaco.  

  - Você é menor, não é?  

  Nate assentiu carrancudo, evitando o olhar do policial. Ele só faria 18 anos em abril.  

  - Quando chegarmos na delegacia, vai poder ligar para seus pais.   

  Tenho certeza de que vão ficar emocionados, pensou Nate com amargura.  

  Do outro lado da campina, os dois caras que jogavam futebol e a velha com o cachorrinho branco se reuniram, vendo Nate ser pego como se fosse o primeiro episódiode algum reality show da moda.  

  - Estará livre em algumas horas - disse o tira do pompom, escrevendo alguma coisa emum bloco. Nate percebeu que o policial usava brincos de argola dourados e que era umamulher, apesar dos ombros largos e das mãos de dedos grossos. - Vão te multar eprovavelmente te mandar para a reabilitação.  

  Mitchell continuava com a mão no ombro de Nate, como que para dar apoio moral.  

  - Você tem sorte - acrescentou ele.  

  Nate ficou de cabeça baixa, esperando que nenhum conhecido o visse. Ele não se sentiacom sorte.  

Gossip Girl - Vol. 4 - Eu Mereço!Onde histórias criam vida. Descubra agora