Ruby estava tendo outro ataque de Martha Stewart e o aroma torturante de browniesrecém-assados flutuou para o quarto de Vanessa enquanto ela separava as colaboraçõespara a Rancor, a revista de artes administrada pelas alunas da Constance Billard da qualela era editora-chefe. O calor safa dos radiadores fumegantes e o som de sirenes deambulância e buzinas de carro chegava pelas duas janelas abertas. O chão de madeirado quarto de Vanessa estava tomado das colaborações habituais da Rancor: vinte fotosem preto-e-branco de nuvens, pés, olhos ou o cão da família; três contos sobre aprender adirigir e sentir o impulso pela independência apesar de a autora reconhecer os pais e tudoo que fizeram por ela; e sete poemas que discutiam o significado da amizade.
Que tédio.
Depois do terceiro conto, Vanessa pegou o kit de depilação quente de Ruby no banheiro.A depilação quente era uma forma extremamente confusa, totalmente natural e "quaseindolor" de retirar os pêlos das pernas. Você cobria as pernas com o grude marrompegajoso, aplicava uma tira de pano branco e depois puxava a tira da perna, levando ospêlos com ela.
Indolor? Então tá.
Vanessa chutou os leggings pretos no chão, colocou uma toalha de banho em cima dacolcha de retalhos preta e cinza de sua cama e se sentou nela. Espalhou a coisa melosa nabatata da perna branca e atarracada, sentindo-se um donut gigante caramelado. Em geralela cuidava muito pouco da aparência, mas, se Dan ia sair com supermodelos, agentes eestilistas de moda, ela achou que devia pelo menos fazer um esforço e dar um jeito nos pêlos das pernas. Além disso, a primavera estava chegando. Ela podia até pirar e exibiruma minissaia
- Porra! - gritou ela, puxando a primeira tira de tecido.
Quem teve a idéia de que as mulheres deviam ser todas lisinhas e sem pêlos como osbebês? O que diabos havia de errado em um pouco de pêlo? A maioria dos homens eracoberta deles.
Ela puxou outra tira. -Jesus! - Tudo bem, era oficialmente insano. A pele ficou tão ásperae vermelha que ela não se surpreenderia em ver o sangue sair dos folículos pilosos.O telefone tocou, ela o pegou e rosnou nele:
- Se é você, Dan, quero que saiba que estou arrancando as porras dos pelos do meu corpocom as mãos nuas bem agora, e estou fazendo isso por você, o que é tremendamentepoético, se quer saber!
- Alô? Vanessa Abrams? É Ken Mogul, cineasta. Você me mandou um filme sobre NovaYork há algumas semanas. A gente se conheceu no parque, na véspera de Ano-novo.
Vanessa se sentou reta e ajeitou o fone no ouvido. Ken Mogul era só, tipo assim, um dosmais famosos diretores de cinema alternativo do mundo. Na época do Natal, por acaso,ele viu um trecho do trabalho de Vanessa na Web e ficou tão impressionado que pegouum avião na Califórnia para procurá-la. O problema era que ele a conheceu exatamente àmeia-noite de Ano-novo, e foi exatamente nesse momenta que Dan apareceu para lhe darum belo beijo de réveillon. Nem preciso dizer que Vanessa meio que cagou para KenMogul, embora tivesse feito o esforço de mandar o filme sobre Nova York para elequando foi concluído.
- É, eu me lembro - respondeu ela rapidamente, totalmente surpresa de o diretor quererfalar com ela de novo.
-E aí?
- Bem, espero que não se importe, mas mostrei seu filme a Jedediah Angel, que é meuamigo pessoal, e ele quer usá-lo como fundo no desfile dele na Fashion Week deste fimde semana.
Vanessa enrolou a toalha de banho preta nas pernas. Era meio constrangedor falar comKen Mogul quando estava praticamente nua e coberta de uma gororoba marrom melosa.
- Jeremiah o quê? - perguntou ela. Ken sempre parecia falarem hollywoodês, e desta vezVanessa não tinha a menor idéia do que ele estava dizendo.
- Jedediah Angel. É estilista de moda. A grife dele se chama Cult of Humanity byJedediah Angel. Faz muito sucesso.
Jed disse que você e a Bertolucci do futuro. Seu filme é uma espécie de anti-La DolceVita. Você realmente abalou o mundo do cara.
Vanessa sorriu. Por que as pessoas tinham de ficar tão bregas só porque eram bemsucedidas?Abalou o mundo do cara?
- Ótimo - respondeu ela, sem ter certeza do que dizer. - Há alguma coisa que eu precisefazer?
- Só apareça no desfile e curta. É claro que eu estarei lá, e tem algumas pessoas que queroque conheça. Você já é uma deusa do cinema, querida. Está abalando totalmente.- Legal- respondeu Vanessa, um tanto horrorizada de ele realmente ter dito que ela abalounão uma vez, mas duas.
- E aí, fala o nome da grife de novo.
- Cult of Humanity by Jedediah Angel - repetiu Ken lentamente. - Seis da tarde. Quinta,na Highway 1. É um clube em Chelsea.
- Ouvi falar dele. - Era o tipo de lugar que Vanessa normalmente evitava como a umapraga. - Acho que a gente se vê por lá.
- De-mais! -vibrou Ken. - Ciao!
Vanessa desligou o telefone e esfregou um montinho de pasta seca açucarada do pulso.Depois pegou o telefone e discou o numero de Dan, sem sequer olhar o teclado.
- Alô? -Jenny atendeu ao primeiro toque.
- Oi, Jennifer, é Vanessa. - Vanessa sempre chamava Jenny de Jennifer porque Jennytinha pedido a ela.
- Acho que o Dan não vai falar com você. Ele nem falaria comigo; está trancado noquarto desde que chegou em casa. E tão tosco ... Tem fumaça de cigarro, tipo assim,vazando por baixo da porta dele.
Vanessa riu e se jogou de costas nos travesseiros pretos. Tudo em seu quarto era preto,exceto as paredes, que eram vermelho-escuras.
- Como sabe que ele não esta lá colocando gel no cabelo? Fazendo a manutenção do novocorte dele.
As duas meninas riram.
- Vou ver se ele atende. Peraí.
- E aí? - Dan pegou o fone um ou dois minutos depois. Parecia distraído. -Jenny disse queera uma emergência.
Vanessa ergueu a perna no ar e puxou outra tira de cera açucarada. Parecia estar coladapermanentemente na perna. E vem falar de emergência!
- Achei que você ia querer saber que Ken Mogul acaba de telefonar. Ele disse que umestilista chamado Jedediah Angel, que tem uma grife chamada Culture ofHumanitarianism ou coisa parecida vai usar meu filme como fundo no desfile da quinta ànoite. Ken disse que eu realmente "abalei" o mundo de Jedediah Angel. Não é hilário?
- Isso é fantástico - respondeu Dan com sinceridade. - Sério. Meus parabéns.Fantástico? Desde quando Daniel Humphrey usava palavras como fantástico? Vanessanão sabia o que dizer. Dan não tinha entendido o sarcasmo na voz dela. Era como se elasó tivesse ligado para se vangloriar do sucesso.
- Tá legal- disse ela tranqüilamente. - Eu só achei que você ia querer saber. Vou te deixarvoltar ao trabalho agora.
Ela pensou em soltar uma piada sobre como um dia, quando eles fossem ricos e famosos,eles podiam comprar mansões imensas e vizinhas em Beverly Hills. Mas então achoumelhor não dizer nada. Dan provavelmente pensaria que ela estava falando a sério. - Meliga mais tarde, se quiser, tá?
- Tá - respondeu Dan, obviamente distraído com um novo poema qualquer em que estavatrabalhando.
Depois de desligar, Vanessa saiu da cama. Uma ponta da toalha preta estava colada naparte de trás do joelho esquerdo. Ela cambaleou até o banheiro para tentar lavar aporcaria melosa. Talvez um dia, quando fosse nojentamente rica e famosa, ela tivesse aprópria equipe de depilação com cera e mel, mas agora tinha de se livrar do resto dospêlos das pernas a velha maneira - com uma lâmina de plástico cor-de-rosa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Gossip Girl - Vol. 4 - Eu Mereço!
FantasySerena está totalmente apaixonada por Aarom, Vanessa e Dan parecem dois pombinhos melosos, Jenny encontra uma nova paixão e Blair está de volta à ativa, flertando com um homem mais velho, que pode ser o seu passaporte para Yale. Até mesmo Nate se de...