Capítulo 8

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O piano tocava no andar debaixo há quase meia hora e Alice já havia desistido de tentar ler seu exemplar de Persuasão. Não conseguiria, não daquele jeito, não com aquela música tão suave deixando-a confusa. Ela estava fugindo dele. Dois dias, poucas palavras. Harry tentou manter contato, tentou desfazer com conversas despropositadas a lembrança embaraçosa que tinha feito. Por fim, voltaram às curtas frases e raros momentos.

Era mais seguro.

Na escrivaninha, perto de um porta-retratos vazio, estavam os dois documentos mais importantes desde sua certidão de nascimento. Seu passaporte e seu visto estava ali para que ela não os perdesse de vista. Se por algum acaso precisasse deles, estariam ali.

De repente a música cessou e, após alguns minutos de silêncio, várias vozes foram ouvidas no andar debaixo. Uma porta bateu fortemente e o barulho ecoou. Alice levantou-se do sofá e foi até o corredor. A voz de Harry parecia ser a mais clara ali, irritado demais com algo. Havia mais algumas vozes e ela podia jurar que a banda inteira estava lá. Rapidamente, desceu as escadas, indo até a sala de música, de onde a confusão vinha. O vestido longo de pano fino, de um verde forte como o da bandeira do seu país, arrastava no chão, mas ela não tropeçou.

- Você acha que vai escondê-la por mais quanto tempo nesta casa? E por mais quanto tempo ela não assistirá televisão ou entrará na internet? – Zayn falou – Harry, você precisa pensar no melhor para a Alice, nesse momento.

- E imagino que o melhor para ela seja você.- Harry rebateu rindo amargamente.

- E se for? Não vejo problema nisso. Os boatos estão crescendo e nós sabemos muito bem que é melhor dar respostas do que incentivarmos perguntas.

- Harry, talvez o Zayn tenha um pouco de razão. – Liam interviu – Nós já íamos empregá-la como assistente particular da banda, de qualquer jeito. Dizer que ela já trabalhava para a gente e eles se apaixonaram parece ser o mais prudente.

- E ainda tem os homens que a trouxeram. – Niall falou.

- Claro! Vamos deixar ela bem anônima ao assumir essa loucura. – o garoto ironizou.

- Estando com o Zayn, eles não vão procurá-la, é público demais. – a voz de Louis fez com que todos se calassem – Eu sei que parece arriscado, mas é para mantê-la segura. E nós temos seguranças particulares, o que a deixaria protegida também.

Harry bufou, levando a mão à cabeça, bagunçando seus cabelos, dando as costas aos amigos. Se Louis não o apoiava, a batalha estava perdida. Pior ainda quando a medida arriscada deles podia ser claramente a solução para todos.

- Não há outra opção. – Louis pediu desculpas.

- Eu só acho que eu deveria ajudar a decidir isso. – Alice entrou na sala num rompante, agitada como uma tempestade. – Ou vocês não vão levar em consideração o que eu acho?

Todos olharam para ela espantados, exceto Harry. De alguma forma, ele sabia que aquela garota intrometida estaria ouvindo tudo. Zayn se levantou, mas Harry foi mais rápido e andou de encontro a ela. O rosto da garota estava vermelho e, mesmo assim, seus olhos sustentaram o olhar em Harry. Ele queria tocá-la, ao menos, coisa que não era possível. Escolheu chegar o mais perto permitido e deixar numa esperança falha que seus olhos chegassem aonde ele, inteiro, não conseguiria.

- O Zayn teve essa ideia e...

- Eu ouvi. Tudo, na verdade, inclusive a parte de que minha foto está rolando pelo mundo inteiro agora com perguntas confusas. Não duvido nada de que uma tag escrita "Seria ela uma alienígena?" esteja agora no Twitter. – ela disparou as palavras.

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