Capítulo 10

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A correria nos bastidores era assustadora. Para cima e para baixo, havia gente carregando coisas, falando por pontos de microfones e rádios, perguntando, precisando... Alice olhava ao redor perdida, sem saber o que fazer. Era, suspostamente, a assistente da banda, porém parecia muito mais uma estátua que enfeitava os corredores. Talvez as pessoas não pensassem em colocar a "namorada do Zayn " para trabalhar. Já havia se passado vários dias depois da foto do restaurante e a história se espalhara como uma doença contagiosa. E despistar todos os fotógrafos para chegar na casa de Harry sem ser vista estava cada vez mais difícil.

Distraída demais, não percebeu que a porta atrás se abrira. Apenas sentiu alguém puxando-a para dentro de uma sala. Abriu a boca para gritar, mas uma mão abafou sua voz. Quando pensou em se debater, ouviu uma voz doce ao seu ouvido dizendo para se acalmar. Seu corpo entendeu a ordem, mas seu coração disparou. Não ficava próxima dele assim há tanto tempo - desde o parque - e já tinha se acostumado com a falta de seu toque.

Devagar, ele se afastou, permitindo com que ela se virasse para olhá-lo. Ele já estava pronto para o show. Os cabelos penteados de uma forma que ela achava estar bagunçados, uma blusa preta que apertava seus braços malhados e um brilho nos olhos que ela ainda não havia visto. Harry estava voltando aos palcos depois de muito tempo e a felicidade desse fato saiam pelos seus poros.

- Você parecia meio perdida ali fora. - ele disse se justificando, meio tímido.

- E essa era a melhor maneira de me tirar dali, imagino. - Alice ironizou.

- Desculpe, não sou o mais criativo.

- Eu preciso ir... tenho que trabalhar. Pelo menos tentar, antes que vocês me demitam – ela falou sem se mover.

- E eu preciso saber o que você quis dizer quando disse que eu tinha aparecido nos seus pensamentos. A gente não se fala, não se vê. Você vive na minha casa, mas parece que mora há milhas de distância. – Harry começou a falar, sua voz controlada e os olhos nervosos.

- Não, Harry...

- Você precisa me contar, Alice! Porque a minha mente vaga por todas as possibilidades disso e é como se eu estivesse perdendo a razão. Você tem noção de quantas vezes eu já parei na porta do seu quarto no meio da noite para te perguntar isso? Quantas vezes eu quis te impedir de sair com o Zayn? Quantas vezes eu....

- Harry, para! – Ali suplicou – Todas as vezes que você parou na porta do meu quarto, eu vi, porque eu também não conseguia dormir. Todas as vezes que eu saia com o Zayn, eu torcia pra que você impedisse. Mas você não pode comparar essas coisas entre nós porque é diferente, Harry.

- Diferente? Ali...

- Pra mim, mesmo com todos os problemas e brigas, você foi como o príncipe encantado numa armadura reluzente que me salvou de um destino terrível. Mas pra você eu sou o troféu, não uma pessoa.

- Então você tem sentimentos e eu não. Sou um monstro cuspindo testosterona? – Harry perguntou irritado.

Alice ficou em silêncio. Harry se aproximou dela, a respiração pesada com a raiva latente que corria por todo seu corpo.

- Você não pode definir o que eu sinto, menina. – ele disse entre os dentes – Eu posso! E te digo agora que eu vou sufocar e matar cada sensação inútil que me dominar quando você estiver por perto.

Harry saiu batendo a porta com força, deixando-a sozinha na sala. As lágrimas enchiam seus olhos, mas ela não derramaria uma sequer. Esperou tempo o suficiente até ouvir que eles se preparavam para entrar no palco, e saiu. Sentia frio, mesmo com todo o calor que estava ali.

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