Capítulo 22

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"We both know our own limitations

And that's why we're strong

Now that we've spent some time apart

We're leading each other out of the dark

Cause we both know"

(We both know – Colbie Caillat feat Gavin Degraw)

- Nós precisamos parar de ficar saindo desse hospital como se fosse um confortável hotel. – Harry brincou enquanto abraçava Alice pela cintura e caminhavam para a saída daquele lugar.

A porta de entrada estava simplesmente lotada de fãs, jornalistas e curiosos que não conseguem ver uma confusão sem ver o que está acontecendo. Rob sugeriu que saíssem dentro de uma ambulância, sem serem percebidos, mas Harry devia mostrar aos fãs que estava bem e seguro. Ele não precisava colocar Alice junto com ele, mas também precisava mostrar a todos que ela estava com ele e sempre fora assim.

- Harry. você apenas vai sorrir e dizer que está bem, respostas serão dadas depois. – foi Louis que informou o passo.

Harry ainda tinha o rosto com alguns hematomas que estavam desaparecendo. Uma semana no hospital tinha devolvido a ele a saúde e disposição necessárias para começar a encarar a vida novamente. Ele sorria para todos que lhe cumprimentavam, mas não parecia querer se afastar de Alice, segurando sua mão fortemente durante todo o tempo. A garota também sorria, mas seus olhos observavam tudo ao redor com desconfiança e medo. Ela ainda não sabia como o processo estava indo e nem que tinha sido preso naquela noite e não parecia que alguém estava disposto a contar.

- Vai ser rápido, amor. – ele sussurrou e as portas foram abertas

Uma tempestade de flashes e vozes atingiram os dois. Harry sorriu, Alice escondeu o rosto. Uma fileira de seguranças atentos empurrava a multidão permitindo que a passos minúsculos eles andassem em direção ao carro parado logo na frente.

- É verdade que vocês foram torturados?

- Alice, você é uma prostituta?

- Harry, há marcas no seu corpo?

- Vocês vão continuar namorando depois de tudo isso?

Enquanto andava, Harry respondeu claramente.

- Vamos esquecer o passado e seguir com a vida.

Já tinha agradecido aos fãs pela atenção e orações, e até se sentiu mal por não ter tido a oportunidade de consolar as lágrimas que desciam pelos rostos que estavam ali. Ele estava bem e todas podiam ver isso. Faltavam poucos passos até o carro quando um grupo de meninas notavelmente abatidas se aproximaram do círculo protetor.

- Mandem essa piranha de volta para o Brasil. – uma delas gritou fazendo Alice congelar no lugar onde estava.

- Primeiro o Zayn, agora o Harry. Quem vai ser o próximo, viúva negra? O Louis? Suma da vida dos meninos, suma das nossas vidas! – outra falou com mais força, olhando–a no fundo dos olhos.

Harry parou, seu sorriso havia sumido para dar lugar a uma expressão fria. Os olhos das meninas desviaram para os dele, como se pedissem aprovação, mas encontraram algo que não esperavam. Desprezo.

- Se ela sumir, eu também sumo. Funciona assim agora. Espero que mudem de ideia. – ele disse e logo colocou a namorada, ainda paralisada, próxima ao seu corpo e caminhou irritado até o carro.

- Ali... – ele falou tocando em seu braço, mas ela apenas se afastou mais um pouco.

Rob olhou pelo retrovisor para Harry e viu o garoto franzindo o cenho confuso. É claro que ele não entendia o que estava acontecendo, mas era claro para o segurança. Depois de todo o trauma, Alice havia ficado confinada e protegida num lugar paralelo e de repente fora jogada numa realidade hostil.

A viagem foi feita assim. A garota quieta, Harry preocupado e um caminho cheio de desvios por causa dos curiosos e repórteres que apareciam de todos os lugares. Quando o carro estacionou foi que Alice percebeu que eles não estavam na casa de Harry. O condomínio era fechado e a casa era feita de tijolos escuros, com um estilo bem mais colonial do que a outra com grandes carvalhos espalhados pelo imenso jardim.

- Bem-vinda. – Harry disse abrindo a porta do carro.

- O que houve com a sua casa? – ela quis saber enquanto saia para observar melhor o local.

- Vida nova, casa nova.

- Claro. Astro super rico e famoso. – ela falou rindo um pouco.

Harry soltou o ar que estava prendendo sem perceber, aliviado. E com a vontade de se aproximar dela sendo completamente irresistível, seu corpo encostou voluntariamente no corpo da garota, que recuou um passo. Mas, ele não ia permitir. Havia dado a ela uma semana para se sentir bem para voltar à vida real, aos sentimentos, à cura. E parte dessa cura requeria seu toque, seu carinho, o calor de seu corpo aquecendo o dela. Lançou um braço para trazê-la mais perto.

- Normally I try to run and I might even want to hide. Cause I never knew what I wanted 'til I looked into your eyes. So am I in this alone? What I'm looking for is a sign that you feel how I feel for you. Baby, please don't let me GO. – meio sem ritmo, meio sem lento demais, com mais significado do que a primeira vez, ele citou essas palavras, olhando nos olhos dela. Quebrando uma barreira invisível que o impedia de se aproximar.

- Essa não é a música que nós dançamos naquele dia...?

- Agora podemos dançar sem culpa. – Harry falou começando a se movimentar. – Eu menos emburrado, você não me achando o vilão.

- No meio da rua, Harry? – ela perguntou olhando para o lugar vazio, onde só havia Rob fingindo não prestar atenção.

- Alguma coisa tinha que ser como a primeira vez. – ele respondeu baixinho em seu ouvido antes dela apoiar a cabeça em seu peito para dançarem a música aos sussurros.

Com ela tão perto, Harry sentia na pele o entendimento daquele sentimento louco. Seria preciso muito mais do que palavras que descrevessem respirações, batimentos de corações, pele, ar, vida. Sim, vida que naquele momento se fazia presente de forma gritante entre os dois, pedindo para acontecer.

A mão de Harry em suas costas lhe guiava com tanta calma pela música orquestrada pelo silêncio que logo Alice esqueceu o que tinha para pensar e se preocupar. Era apenas a mão dele, brincando com a barra de sua blusa, indecisa se podia matar o desejo de sentir sua pele por debaixo do pano ou se esperaria para o simples toque. Mas a música atingiu sua última nota e Harry parou, se afastando.

Pegou Alice pela mão, e a guiou até a porta da frente do novo lar. Sentiu sua mão um pouco fria, talvez até trêmula, mas continuou.

- Então...

Mas ele não chegou a terminar seja qual frase clichê esperava falar. Não, as palavras lhe escaparam no momento em que Alice colou seus lábios nos dele. E eles estavam não quentes, tão receptivos que Harry esqueceu-se de tudo e tomou-a nos braços, num abraço forte e desesperado por contato. O suspiro que a garota deixou escapar quando sua língua abriu passagem, quando seu corpo encaixou-se no dela tão perfeitamente, quase o levou a loucura. Era disso que precisavam, era aquilo que suas almas estavam clamando. Muito além de uma coisa de pele, do que satisfação carnal. Era conexão na sua forma mais pura e simples.

Um beijo com b maiúsculo, com línguas, com danças e mordidas, com paradas cardíacas, com respirações ofegantes. Um beijo que fez com que abrissem a porta e a fechassem sem perceber. Um beijo interrompido pelos gritos que ecoaram pela casa.

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