Alice estava sentada no sofá, abraçada com Niall enquanto os outros quatro continuavam discutindo. Até mesmo Rob parecia interessado no assunto, menos eles. Niall estava quieto e distraído olhando para o nada, passando a mão levemente no braço da garota. Harry olhava ocasionalmente para ela, mas voltava logo para os amigos.- Eles parecem estar se divertindo. – Alice sussurrou para o garoto que a abraçava – Por que você não vai lá entrar na brincadeira?
Niall suspirou pesadamente e a apertou mais contra o peito.
- Da última vez que abri minha boca, você parou no hospital e meu amigo ficou estranho comigo. Faço um melhor trabalho te segurando aqui.
- As revistas vão adorar isso, vou pegar três da banda. – ela riu, fazendo todos olhar para ela.
- Aposto que o Liam será o próximo. – ele continuou.
- Provavelmente...
Rob dava um discurso longo e todos olhavam para ele, pareciam entender perfeitamente o ponto de vista do segurança. Não que isso fosse algo de bom, muito pelo contrário, era apenas mais um ponto de vista contrário e deprimente que mostrava quão grave a situação era. Niall sentiu a garota ficar tensa.
- Então, você e o Harry, hein... – ele disse cutucando-a de leve – Vocês estão... sabe...
- Acho que sim. – Alice cortou sorrindo – Nunca usamos rótulo, mas estamos juntos. Seja lá o que isso for.
- Nunca vi o Harry assim antes. De verdade, ele parece outro e não é só pela fase negra. É por tudo.
- Eu queria ter certeza disso. – um tom de dúvida, um suspiro cansado.
- Já tentou olhar nos olhos ele? Dizem que os olhos são a janela da alma. – Niall disse.
Alice afundou o rosto no peito de Niall, parecendo confusa e envergonhada, de um jeito infantil, não dengoso.
- Estou com medo. – ela confessou.
- Não precisa, Ali. Nós vamos conseguir achar um jeito, não se preocupe.- Não é isso. – falou tirando o rosto da blusa carmim que ele usava – Estou com medo do que estou sentindo, Niall. Eu o quero tanto por perto que chego a ser egoísta ao ponto de não me importar com a segurança dele, ou a de vocês...
- A gente meio que não se importa também. – Niall brincou.
Alice revirou os olhos.
- Ok, me desculpe. Pelo visto você precisa de uma amiga. – ele disse afastando-a.
Cruzou as pernas no sofá, fingiu jogar os cabelos para trás e colocou as mãos caídas. Soltou a respiração num agudo de si sustenido e olhou para a garota em sua frente. Pronto, ele era a mulher.
- Agora me conte tudo, querida. Como esse bofe maravilhoso te trata? As coisas estão esquentando, hein? – ele disse com a voz anasalada.
Para Alice, a versão britânica do filho da Vera Verão com o David Brasil era melhor do que nada. Ela virou-se para ele completamente e, tentando não rir, confessou:
- Não sei como lidar com isso...
- Você não precisa saber, Ali. Você precisa sentir, apenas. – Niall falou com sua voz normal, embora a postura tivesse congelada daquele jeito.
- Como pode? Um sentimento tão grande e intenso ocorrer em tão pouco tempo? – Alice perguntou com a voz sufocada.
Niall segurou sua mão.
- Como não pode acontecer?
Antes de a garota responder, a reunião tinha terminado e os outros presentes na sala olhavam para eles, enquanto Harry caminhava em sua direção. O rosto parecia tenso, mas ele sorria.
- Você transformou a Fera num príncipe novamente, Bela. – Niall sussurrou antes de se levantar.Ele passou por Harry, sendo veemente ignorado.
- Uma hora você vai ter que voltar a falar com ele, sabe disso, certo? – ela perguntou enquanto, Harry sentava ao seu lado.
- Você perdoa fácil demais.
- E você é grande demais para brincar de Grumpy.
- Desculpe atrapalhar, mas já está tarde e nós estamos indo. – Liam falou.
- Não! Vamos pedir uma pizza, comida tailandesa, japonesa?
- Fica para amanhã, cara.
- Depois a gente se fala.
- Tchau, Ali.
E assim que Louis fechou a porta, Rob foi para seu posto nos fundos da casa, deixando o casal sozinho. Harry olhou para Alice e acariciou seu rosto.
- Você é linda. – ele disse, examinando pela enésima vez com cuidado cada parte dela.
- Harry...
- Shiii. Hoje nós só vamos falar do quão linda e perfeitamente feita para mim.
Então ele se aproximou e a beijou. Era incrível como esse simples ato havia se tornado comum, espontâneo. Como suas bocas se encaixavam, como a língua dele sabia desvendá-la com cuidado, desejo e um pouco de ousadia. Como ela conseguia fazê-lo tremer e acelerar cada beijo, cada toque, numa urgência cega de sentir seu corpo.
A respiração ofegante começou em ambos. No mesmo compasso, sem desgrudar os lábios, Harry colocou seu corpo sobre o dela, e Alice deitou-se no sofá. Não havia tempo para se olharem, estavam desesperados, seguindo as batidas aceleradas dos corações animados. As mãos de Harry desceram para o corpo dela, contornando a forma, tocando a pele, descobrindo em movimentos pensados.
- Harry... – a garota gemeu quando os beijos dele foram para seu pescoço.
Arranhou as costas quando sentiu o caminho quente traçado pelos seus lábios pelo seu colo. O corpo dele ficava mais pesado, rígido e exigente. Então Alice abriu os olhos quando os dedos ágeis dele abriram sua calça jeans.
- Harry, para. – Alice pediu, afastando-o.
Mas ele se aproximou mais uma vez, os olhos transbordando desejo e... medo. Ela não reconhecia o homem que a encarava. Alice espalmou a mão em seu peito, impedindo uma nova sessão de beijos.
- Harry, não. – ela falou tentando sair de perto dele, mas continuava presa embaixo dele.
- Ali...
- Saia de cima de mim, por favor. – ela pediu cada vez mais assustada.
- Vai me dizer que não estava bom? Que você não estava gostando? É a resolução dos nossos problemas e...
- O que? Resolução dos nossos problemas?
- Não, você entendeu errado...
- Eu entendi perfeitamente, Harry. Agora sai de cima de mim!
A voz quase esgoelada e os olhos cheios de lágrimas fez com que Harry pulasse para longe e Alice saiu do sofá como se estivesse ferida.
- Meu amor....
- Não vai ser assim, Harry. Não vai ser como uma resolução. Não foi desse jeito quando eu era a prostitutazinha que você comprou num bar. Não vai ser agora que você me chama de amor. Seu amor.
Sem a resposta de Harry, ela subiu para o quarto segurando as inúteis lágrimas. Ele ouviu a porta de seu quarto bater fortemente e suspirou pesadamente. Tinha feito tudo errado. Tinha feito tudo o que seus amigos disseram para ele não fazer. Mas, misturando a vontade de tê-la, o bilhete em seu bolso queimava todo seu autocontrole. Ele estava sendo irracional.
Pegou o papel amassado mais uma vez, já tinha decorado desde cedo quando o recebera, mais cedo na porta de sua casa vigiada, mas mesmo assim leu tudo novamente.
"Se comprou uma prostituta, use-a. Se quiser brincar de casinha com ela, não a deixe sair. Se ficar exibindo-a como uma troféu, eles vão achá-la e você vai ver... Será bem pior."
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Encanto
FanfictionDois meses havia se passado; dois meses desde que ela morrera em seus braços e ainda doía, na mesma intensidade - ou até mais. Miranda tinha partido e ele, agora, se encontrava no fundo do poço, literalmente. Sentado numa cadeira vermelha, no escuro...