Capítulo 18

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Nunca pensei que eu consolaria ela. Logo eu, Isla Martinez.

Mas aqui estou eu, abraçando a minha suposta inimiga, que não aguenta mais tanta pressão da sociedade.

Eu mesma também não aguento. É toda hora alguém olhando para o seu corpo como se eu precisasse da aceitação dos outros referente a como eu sou, como eu me visto, o quanto eu como, se minha bunda e os meus peitos são grandes o suficiente. Puta que pariu, sociedade! Dá um tempo né! Ser taxada pela sua aparência física é um saco.

Ela para de chorar aos poucos e se acalma.

- Desculpa. É que depois que a minha mãe morreu, eu sinto que tenho que fazer com que ela se orgulhe de mim. Então, se eu me colocar para cima de todos, acho que ela, de alguma maneira, ficaria.

- Irina, você é linda do jeito que é. Não precisa fazer tudo isso para se sentir acima de todos, porque, mesmo que eu não tenha conhecido sua mãe, ela se sentiria mais orgulhosa se você fosse você mesma. Se você quer ser boa o suficiente para todo mundo, você nunca será boa o suficiente para você mesma, e é somente que isso que importa.

Ela para pra pensar um pouco e sorri meio sem graça para mim.

- Obrigada. Acho que eu precisava desse choque de realidade. - ela agradece.

- Por nada. Qualquer coisa pode me procurar. Sei que posso parecer meio animal, mas eu sou mesmo assim. Se vier com merda para o meu lado, eu vou devolver. - ela ri e sai da academia.

Assumo seu lugar com o saco de pancadas e permaneço na academia pelo o que parece ser alguns minutos, mas, quando olho o meu celular para ver o horário, percebo que se passaram horas. Já era noite.

Subo para meu quarto para tomar banho e meu celular toca. "Número desconhecido", estranho.

- Alô? - não recebo resposta - Alô? - ouço apenas uma respiração do outro lado da linha, indicando que realmente tinha alguém lá me fazendo de trouxa - Mas que porra! Se for para ficar quieto, não ligue! - desligo e jogo meu celular na cama.

Me dirijo ao banheiro, tiro minha roupa e entro debaixo do chuveiro. Tomo um banho relaxante e demorado.

Saio do banheiro e coloco um pijama curto para ir dormir, mas meu estômago fala mais alto. Estou morta de fome.

Desço as escadas e me encaminho para a cozinha vazia. Já devem ter ido dormir, penso. Abro a geladeira e tiro de lá um bolo de chocolate que deixa meus olhos brilhando.

- Deus abençõe a minha mãe! - o bolo dela é simplesmente divino. Corto um pedaço generoso do bolo e o como, saboreio com prazer. Pego mais um pedaço e o como também.

Guardo de volta o magnífico bolo de chocolate da minha mãe na geladeira e subo as escadas em direção ao meu quarto.

Fecho a porta e me jogo na cama. Quando estou quase caindo no sono, meu celular começa a tocar. Merda. "Número desconhecido", de novo.

- O que você quer? - atrapalhou meu sono, agora que se ferre. Mais uma vez, nenhuma resposta. - Olhe aqui. Não sei quem você é, mas se você quer perturbar alguém, vá procurar outro! - desligo, jogo meu celular em qualquer canto da cama e caio no sono.

*****

Acordo com o despertador tocando, uma dor de cabeça do inferno e o meu já tão conhecido mal humor. Me dirijo ao banheiro para tomar um banho e me troco para ir a escola.

Tomo um remédio para dor de cabeça, pego meu skate e desço para tomar café da manhã. Não vejo Irina desde aquela hora que ela chorou e também não a vejo na mesa do café.

Paixão Improvável - Série Desafios #1Onde histórias criam vida. Descubra agora