VI - Velha Amiga, Nova Rival

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Ele chegou à minha casa as nove e quinze no sábado. Eu não estava esperando por ele tão cedo. Eu não tinha feito à barba e estava vestindo apenas boxers. Ele levantou uma sobrancelha para mim.

- Chegou tarde ontem a noite? - Perguntou ele, brincando.

- Não, não exatamente. Eu apenas tenho insônia e você está muito adiantado. Venha, entre.

- Eu não interrompi qualquer coisa, não é? - Ele perguntou, olhando em direção ao quarto.

Eu ri.

- Deus, eu mereço. A única opção pra mim nesta cidade é o Sr. Stevens, o professor da banda colegial. E ele é 30 anos mais velho que eu. Nunca fui assim tão desesperado.

- Fico feliz em ouvir isso. - Ele estava indo para a cozinha. - Tem café ou alguma coisa?

- Claro. Ajude a si mesmo. Apenas me dê um minuto para me vestir.

A partir do quarto, ouvi a geladeira abrir e então ele gritou:

- Meu Deus, você não tem comida?

- Há comida aí dentro!

- Eu vejo cerveja, leite, um tijolo de queijo, dois recipientes de comida rápida, e três... não, melhor, quatro potes de mostarda!

- Aí está: leite, cerveja e queijo. Os três grupos alimentares básicos. - Eu disse a ele enquanto eu entrava na cozinha. - Eu não disse que havia um monte de comida. Eu não exatamente cozinho.

- Eu também não. Embora, eu ouse dizer que minha geladeira parece um pouco melhor do que esta. - Fechou-a e se virou para mim, esfregando as mãos em antecipação. - Vamos parar na deli e obter alguns sanduíches para levar conosco. Já estou morrendo de fome.

Eu não tinha certeza se nossa lanchonete (eu não conseguia chamá-lo de uma Delicatessen) estaria aberta ainda, mas poderíamos pelo menos, ir ao supermercado.

- Você está pronto? - Perguntou.

- Tudo pronto.

- Ótimo. Nós vamos conseguir alguma comida, então, hum... - Por que ele estava olhando tão perturbado? - Precisamos parar e pegar Cherie em nosso caminho para fora da cidade.

Eu me senti como se ele tivesse apenas me dado um soco no estômago.

- Cherie?

Ele pelo menos tinha a decência de olhar envergonhado.

- Eu sei. O negócio é: Algumas noites atrás, nós recebemos um telefonema de um distúrbio doméstico. E isso acabou por ser a casa dela. Seu ex-marido... qual é o nome dele mesmo?

- Dan Snyder.

- Certo. Ele estava lá. E estava tão bêbado que mal conseguia ficar de pé. Ela estava chorando e ele estava gritando, chamando-a de prostituta e coisa pior. E parecia que talvez ele houvesse batido nela também, mas é claro que ela negou. Em ligações domésticas, temos que levar alguém, de modo que o prenderam. O que ficou feio. De qualquer forma, ela me localizou no dia seguinte.

Ela apareceu na minha casa. Disse que queria me agradecer, que eu fosse jantar em sua casa. Ela não parece querer aceitar não como resposta. Então, eu consegui que ela concordasse em vir junto com a gente hoje, ao invés de... você sabe. Parecia muito mais seguro do que ir sozinho para sua casa.

Ele suspirou e depois inclinou a sobrancelha para mim, um canto de sua boca mal se contorcendo. Eu estava começando a perceber que isso foi o que equivalia a um sorriso para ele.

Promessas (Série Coda - 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora