Promessas (Série Coda - 1)

XIV - Acidente e Incidente

Eu ando de bicicleta para o trabalho e para todo lado o ano todo, usando o meu carro apenas quando há muita neve no chão.

Eu não sei ao certo, mas eu sempre suspeitei que isso fosse à única razão pela qual consigo ficar magro. Na maioria das vezes eu gosto disso, mas não hoje. Nós estávamos tendo uma de nossas tempestades no final da tarde, muito comum para o Colorado no início de setembro. A chuva estava muito fria, e a visibilidade era limitada.

A pior parte era que eu tinha planejado originalmente parar na loja no caminho de casa, já que não havia nada comestível na minha casa. Mas com a chuva, eu percebi que tudo o que eu realmente queria fazer era chegar a casa e ficar seco. Talvez Matt viesse esta noite, e nós poderíamos pedir uma pizza.

Eu mantive minha cabeça abaixada e fui pedalando pela calçada tão rápido quanto eu podia, quando um carro bateu em mim. Ele estava saindo de uma garagem, movendo-se lento, o que provavelmente foi o que me salvou. O motorista estava falando em seu telefone celular, sem prestar atenção ‒ assim como Lizzy sempre previu. Eu esperava que ela ficasse feliz.

Ele me bateu no meu lado esquerdo. Eu senti a parte da frente do capô atingir minha cabeça, e então eu voei para a rua. Mais tarde, eu iria perceber o quão sortudo eu era que nenhum carro se aproximava. Deslizei poucos metros em todo o asfalto com meu lado direito, antes de parar no meio da rua.

- Oh merda, eu sinto muito! Eu não te vi! Você se machucou?

O motorista já estava fora do carro e inclinando-se sobre mim. Reconheci ele. Seu nome era Jason. Fora isso eu não sabia nada sobre ele.

- Eu acho que estou bem.

Na verdade, eu não tinha ideia. Fiquei espantado e tentando avaliar os estragos. Nada de fratura exposta, mas isso não significa nada.

- Acho melhor levá-lo ao hospital.

Quando olhei para ele, fiquei surpreso ao ver como ele me olhou assustado.

- Eu acho que estou bem. - Eu estava mais preocupado com a situação da minha bicicleta.

- Você está sangrando.

Jason apontou para a minha orelha esquerda. Coloquei minha mão contra a minha cabeça e ela veio coberta de sangue que foi rapidamente lavado novamente pela chuva.

- Oh merda." - Percebi que havia sangue na minha camisa e na água da chuva na rua.

Jason estava começando a entrar em pânico agora.

- Deixe-me levá-lo ao hospital.

A dor estava começando a vir agora também. Ou era deixar ele me levar ou esperar aqui pela polícia e uma ambulância. Entrei em seu carro.

***

- O ferimento em sua cabeça parece pior do que realmente é. - O médico me disse. - Claro, que se você estivesse usando capacete, você estaria em casa agora com apenas algumas dores e contusões em vez de sangrando na minha sala de emergência.

Eu sabia que ele estava certo. Pior do que isso, eu sabia que Lizzy, Brian, e minha mãe iam me dar a mesma lição, ao menos, uma centena de vezes ao longo dos próximos dias.

- Não há sinal de traumatismo interno e nem concussão, por isso, assim que você tiver suas feridas limpas e enfaixadas, poderá ir pra casa. Você tem alguém que pode chamar pra vir buscá-lo?

- Sim.

- Bom. Estou indo conseguir algum Oxycodone...

- Eu odeio essas coisas. Me dão coceira.