XXVI - Apenas Amigos

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A festa de Natal acabou por não ser tão ruim quanto esperei. Os policiais mais conservadores nos ignoraram, mas Wilson e sua esposa nos fizeram companhia a maior parte da noite.

Grant não era exatamente amigável, mas também não estava sendo um completo idiota. Na semana seguinte, eu tinha a última aula com os garotos. A casa estava cheia, já que todos estavam a se preparar para as provas finais. Vários dos pais tinham enviado dinheiro pro custo da pizza. Fiquei surpreso quando a campainha tocou e, em vez de atender, Matt entrou na sala de jantar e disse:

- É melhor você fazer isso.

Eu podia ouvi-lo falar com os garotos, mas não pensei muito nisso. Paguei pela pizza e depois fui na cozinha pegar pratos de papel e copos. Assim que voltei pra sala, todos começaram a aplaudir. Duas das meninas deram um salto e jogaram seus braços em volta de mim.

Uma delas gritou no meu ouvido alto o suficiente para que eu temesse a perda permanente da audição. Matt abaixou a cabeça e rapidamente saiu da sala. Os outros garotos agora apertavam minha mão ou me abraçavam ou me batiam nas costas.

- O que é isso? - Eu perguntei quando tentei afastar uma das meninas de mim.

- Acabamos de saber que você vai ser nosso professor no próximo semestre! - Ringo disse, e então todos começaram a falar ao mesmo tempo.

- Vai ser demais!

- Você é o melhor!

- Por que você não nos disse?

- Esperem!

É claro, o comportamento estranho de Matt fazia sentido agora. Ele literalmente me jogou aos lobos. Eu tive que esperar um segundo para toda a comoção morrer, antes de dizer:

- Eu realmente não aceitei a oferta ainda.

- Mas você vai, né?

- Vamos ver. - Todos eles começaram a falar novamente de uma vez. - Parem! Se eu assumir o cargo ou não, vocês ainda têm as finais para estudar, sendo assim, voltem ao trabalho.

Encontrei Matt na cozinha. Ele estava olhando pro chão, suas bochechas vermelhas, parecendo incrivelmente culpado. Ele manteve a cabeça baixa, mas olhou para mim.

- Você está zangado?

- Eu deveria estar.

- Mas está?

Pensei sobre isso e percebi que não era nada. O que eu sentia era realmente mais como alívio. Em algum ponto ao longo da semana passada, eu tinha tomado à decisão de confiar no seu julgamento, e me senti bem com isso. A ansiedade que tinha me corroído desde o fatídico encontro no início do mês se tinha desvanecido.

Os conselhos de minha mãe sobre a decisão de como viver parecia magicamente fazer sentido e um pouco mais. E a reação dos alunos, meus alunos, decidiu por mim.

- Vou ligar amanhã e aceitar o trabalho. - Isso o fez sorrir. - Você realmente é um bastardo manipulador. Já te disse isso antes, certo?

Ele agarrou minha camisa e me puxou para ele.

- Basta dizer isso mais uma vez.

- Você é um bastardo manipulador.

- Não é isso. Você sabe o que deve dizer.

- Você estava certo.

Ele riu.

- Eu nunca vou cansar de ouvir isso.

***

Poucos dias depois, Cole ligou.

- Hey, Honey! - Disse em sua voz, melodiosa paquerando. - Estou de volta, em Vail. Quer um pouco de companhia esta noite?

- Desculpe, Cole, eu não posso.

Matt estava no sofá lendo, e sua cabeça ergueu quando eu disse esse nome.

- Você não pode hoje à noite, ou você não pode por causa de um certo moreno e alto policial, muito irritado olhando?

- O último.

- A porta do armário não estava tão trancada afinal, né Honey?

- Eu acho que encontrei a chave.

Matt parecia confuso quando eu disse isso e sorri para ele. Cole ficou quieto por um segundo, e então disse.

- Estou contente, Jared. - Não era sua voz habitual extravagante. Era a sua verdadeira voz suave. - Estou realmente feliz por você.

Promessas (Série Coda - 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora