XXII - Primeira Vez

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O funeral de Cherie foi um dia depois. Matt insistiu em irmos junto.

- Você tem certeza que é uma boa ideia? - Eu perguntei a ele.

Eu não o tinha visto desde que ele saiu correndo da minha casa depois de saber sobre a morte, e eu não tinha contado a ele sobre minha conversa com o Chefe White. Ele apenas contraiu os ombros. Nos filmes, sempre chove nos funerais, Mas o dia do funeral de Cherie foi lindo. No Colorado em média há muitos dias de sol, e este foi um deles.

A temperatura era na casa dos trinta graus. Apenas as árvores secas e as folhas mortas pelo chão entregaram a temporada. Matt andou comigo no funeral e não viu ou fingiu não ver os sorrisos cínicos nos rostos de alguns de seus colegas policiais, incluindo o Oficial Tyler. Quando acabou, ele disse:

- Vamos dizer 'Olá'.

- Você está louco? - Eu rosnei.

- Jared. - Sua voz era calma e razoável. - Venha, deixe eu te apresentar a eles. Apertamos as mãos e depois nós vamos.

- Não. Vá você. Eu estarei no carro.

Eu poderia dizer que ele estava irritado, mas não me importei. Como eu poderia sorrir, se quando entrei os tinha visto se acotovelando diante dele sobre mim? Voltamos para minha casa em silêncio. Acho que ele pensava que eu estava louco por me recusar em falar com seus colegas de trabalho, mas quando eu estava prestes a sair do carro, ele disse de repente:

- É minha culpa ela ter morrido, não é? - Ele não estava olhando para mim, mas para o para-brisa à frente.

- Não é.

- É! Eu estava namorando ela, e ele estava com ciúmes, e a matou. E a pior parte é que ele nem sequer se preocupava com ela. Ele estava lhe usando, sendo um bastardo, estúpido egoísta, e ele a matou.

Nós sabíamos que a violência de Dan com relação à Cherie tinha sido por anos, e eu pensei que poderia ter acabado da mesma maneira com ou sem Matt. Mas também não nego que poderia aumentar com um rival como Matt, isso teria feito qualquer homem se sentir ameaçado.

- E sobre Dan? Você tem alguma ideia de onde ele está?

Pareceu-me que sacudi a sua depressão momentânea e ele se virou para mim.

- Não. Aquele bastardo nunca pareceu muito inteligente, mas ele conseguiu nos evitar até agora. - Ele ainda estava sentado no jipe, o que me surpreendeu.

- Você não vai entrar?

- Hoje não. Eu tenho que ir. Tive que trocar um turno pra ter esta manhã de folga pro funeral. Eu vou pegar serviço em uma hora, estarei fora às dez, mas estarei de volta às seis da amanhã.

- Oh. - Tentei parecer casual, mas eu senti que ele estava evitando estar a sós comigo. - Eu te vejo depois então.

Ele deve ter percebido alguma coisa na minha voz, porque agarrou meu braço e esperou até que eu olhei para ele.

- Eu sei o que você está pensando, e você está errado.

- Estou?

Ele me deu um de seus belos sorrisos e disse:

- Eu prometo.

***

Noite de quinta-feira, em nossa última sessão de tutoria antes do intervalo de Ação de Graças, eu tinha somente sete garotos. E pedi pizza novamente.

Promessas (Série Coda - 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora