Promessas (Série Coda - 1)

XXIX - O Despertar

As primeiras vezes que acordei, eu estava drogado e vagamente consciente de um desfile de rostos: um médico com cara de urso e enfermeiras, todas em seus uniformes azuis. Lizzy, Brian, mamãe, Matt e Lucy?

Meu cérebro me pregava alguma peça, ondulações de confusão, antes de fluir no esquecimento. Muitas vezes, houveram pessoas no meu quarto, eu não conseguia ver. Falaram muito, mas apenas frases aleatórias ficaram comigo ‘substituir a janela’ e ‘como uma babá’, mas não fazia sentido. Continuei a sentir algo rastejar em mim, mas ninguém pareceu notar. Até que consegui pegar uma das enfermeiras e disse:

- Insetos na minha pele.

Ela deu um tapinha na minha mão e disse:

- É o Oxycodone.

Ouvi as palavras, mas não tinha ideia do que significavam. Eu estava tentando achar sentido, mas definitivamente ela falava em grego. Adormeci de novo antes de chegar mais longe do que isso. Finalmente a noção de tempo veio quando acordei, e o mundo fazia sentido de novo.

A neblina no meu cérebro havia diminuído e tornara-se apenas uma mancha nublada na minha memória. Fiquei aliviado que, naquele momento, a única pessoa no quarto comigo era Matt. Ele estava encostado na parede, olhando pela janela.

- Oxycodone me faz coçar. - eu disse.

Bem, talvez ainda houvesse um pouco de nevoeiro. Eu não tinha certeza por que foi a primeira coisa a sair da minha boca. Sua cabeça chicoteou minha direção.

- O quê?

- O analgésico que eles estavam me dando. Faz minha pele coçar.

Ele sorriu e veio sentar na cama ao meu lado.

- Isso explica muita coisa. Você não parava de dizer 'insetos'.

- Da próxima vez que eu levar um tiro, diga-lhes que quero Vicodin ao invés disso.

- Eu vou. - Mas então seu rosto ficou sério. - Você parece péssimo. Como se sente?

- Que preciso de um banho. - Eu olhei ao redor um pouco mais e percebi que havia flores por toda parte. - De quem são todas aquelas?

- Principalmente dos alunos e vários membros do Departamento de Polícia de Coda. Da escola. O Sr. Stevens. Muitos deles são de pessoas que eu não conheço. Você é um herói, sabia?

- Eu vou receber uma capa? Eu quero vermelha.

- A forma como a história está sendo contada, você bravamente pulou na frente da minha mãe e de mim pra salvar nossas vidas. - Seus olhos estavam enrugados para mim, e sua voz era leve. - Você levou uma bala por nós.

- Quem sou eu, o serviço secreto? Eu só estava tentando chamar sua atenção. Eu não estava pensando em levar um tiro.

Ele sorriu.

- Seu segredo está seguro comigo.

Nós ficamos em silêncio por um minuto e comecei a pensar sobre a cena antes do incidente. Matt tinha realmente dito ao seu pai sobre nós.

- Por que você fez aquilo?

- Naquele momento, eu só ficava pensando sobre as escolhas que fiz na minha vida. Algumas das decisões mais difíceis. Eu sabia que ele odiaria se soubesse sobre elas. Mas todas acabaram por serem boas. Primeiro, eu decidi não aderir ao serviço militar. E eu acho que foi a escolha certa. Segundo...