*Atenção! Esse capítulo será dedicado somente ao Nicolas, porém o próximo será apenas da Melissa!
Nicolas
Nunca achei que o silêncio um dia fosse me incomodar, aliás o barulho muitas vezes me perturbava, mas naquele dia foi diferente. Estávamos eu e Diogo a quase uma hora dentro do carro, e nenhuma palavra ainda havia sido pronunciada, era como se tudo o que fossemos dizer acabase resultando numa discussão que nenhum de nós seria capaz de ganhar. Tudo só havia piorado drasticamente no instante em que ele soube toda a verdade sobre a Mel.
Ahhh Melissa, se você pudesse ultrapassar meus pensamentos e sentimentos, eu estaria completo naquele instante.... mas como? Como aceitar e saber lidar com tal situação? Na teoria poderia ser fácil, mas na pratica era atormentado até mesmo pensar nisso.
Meus pais não tinham ideia que eu estava retornando, e talvez levassem um pequeno susto ao ver como eu estava. Era óbvio que eles não aceitariam a verdade, e muito menos deixaria quieta essa história, e eu não queria os envolver nisso, não queria nem mesmo deixar em aberta a possibilidade do Aislan fazer algo contra eles.
As horas nunca pareceram demorar tanto para passar, o clima mudou e de um calor ruim surgiu uma brisa aconchegante, estava perto de casa, podia sentir isso. A minha verdadeira casa.
Meu coração se acelerou com a possibilidade de reencontrar minha família, suspirei tenso me perguntando como deveria agir. Eu não iria me trancar no quarto e me esconder do mundo, mas tampouco poderia despejar a verdade sobre eles:
- Estamos chegando- Diogo confirmou minha teoria - Daqui a uns dez minutos.
Eu não respondi, as palavras ficaram presas na minha garganta como uma maldição imperdoável. A mesma pergunta ainda ecoava na minha mente "Como agir? " .Droga eles eram meus pais, eu devia saber melhor que ninguém que eles respeitariam meu tempo, mas será que entenderiam os motivos do meu silêncio? :
- Chegamos!
Diogo anunciou e eu fechei meus olhos em desespero. Eram cinco da tarde, todos deveriam estar em casa.
- Vou te levar pra la primeiro depois volto pra pegar as malas.- explicou.
- Vai ficar na casa da sua mãe? - perguntei tentando preencher o silêncio e a tensão que me sufocavam.
- Vou. A dona Rafaela vai surtar quando souber que me demiti, mas vai me aceitar de volta.
- Desculpa por isso Diogo.
- Pelo que? Você não tem culpa de nada... só o ...
- É mas eu me sinto culpado.
- Não devia.- sua voz estava impassível novamente, e eu sabia que tinha tocado no assunto proibido.- Vou te tirar daí.
Ouvi o barulho da porta batendo, tirei meu cinto de segurança e ebri a minha porta, logo Diogo chegou e pediu licença para me tirar e colocar na cadeira de rodas. Aquilo estava acabando comigo, parecia que eu não podia fazer mais nada sozinho. Quantos dias demoraria para a minha perna melhorar? Talvez assim eu pudesse me livrar da ajuda excessiva de todos, nesses dias eu queria apenas a companhia de eu mesmo.
Diogo ligou o alarme do carro e começou a me empurrar em direção a casa, tocou a campainha enquanto eu rezava silenciosamente para ninguém atender, mas é claro que eles atenderam, abaixei minha cabeça nervoso e com uma vergonha incomum, então veio a primeira exclamação, e logo eu soube que havia sido a Helena a atender a porta:
- Aí meu Deus! Por favor me digam que tudo isso é maquiagem e que vocês estão zuando comigo.- pediu e eu ouvi sua voz falhar.
- Oi Lena, será que podemos entrar? -Diogo perguntou e eu me mantive em silêncio.
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Eu Nunca Disse Adeus
Romance| EM REVISÃO | Ser cego não significa não enxergar nada,quando deixamos de ver o exterior procuramos pela personalidade, caçamos vestigios do invisível e cremos no que pensamos compreender. Talvez essa não seja apenas uma deficiência dos olhos,mas t...