Nicolas
Apavorado? Desesperado? Isso não chegava nem perto do que eu estava sentindo, só conseguia pensar em que essa viagem resultaria. Será que eu teria tempo para dizer a ela tudo o que estava entalado na minha garganta? Será que ela me ouviria? Me entenderia? Eu realmente não tinha ideia, mas a vontade de a ter por perto estava me sufocando, e Diogo claro ja havia notado meu desespero, passei a viagem toda o ouvindo fazer piadinhas sobre o meu medo, e agora enquanto estou na sacada da casa que alugamos, Diogo está na praia, e Melissa em algum lugar da casa provavelmente evitando chegar perto de mim, ela disse que arrumaria suas coisas, mas no fundo sei que não era bem isso.
Comecei a batucar meus dedos na superficie de madeira pensando, refletindo e criando milhões de situações possiveis, mas conclusões não eram exatas, apenas serviam para me deixar mais paranoico:
- No que tanto pensa ? -uma voz doce e harmônica falou e eu me recusei a virar para ela, porém sorri comigo mesmo por meu desejo mais íntegro ter sido atendido.
- Em você - respondi sem pensar e logo imaginei qual teria sido sua reação.
- É... talvez, apenas talvez eu suspeitasse disso, e também que toda essa viagem foi apenas uma armação para que pudéssemos conversar.
-Você fugiu de mim, precisava achar alguma forma de te ter por perto novamente.- senti ela se aproximar e se encostar na sacada ao meu lado.
- É, eu estava fugindo- admitiu com um riso nervoso- mas chega uma hora que precisamos parar não é mesmo?
- Depende.- suspirei- se você não estiver disposta a realmente falar sobre o que deveria, não tem porque parar de fugir.
- É, mas eu quero falar sobre isso.
Ela parecia certa disso e realmente me surpreendi com sua certeza, Mel parecia pronta para conversar, e eu mesmo após dias pensando no que dizer não tinha ideia de como começar, parecia que as palavras haviam me abandonado, eu só conseguia pensar em não parecer um completo idiota e a fazer acreditar em mim:
-Olha me desculpa ta?- ela começou a falar agitada- eu não queria ter te beijado... na verdade queria.. aí eu sinceramente não sei como explicar Nick. Minha vida ta uma confusão e você estava ali comigo, você sempre me protegeu de eu mesma e isso é lindo, mas é assustador porque nesses últimos dias tudo em que eu tenho pensado é você, e isso de certa forma ta acabando comigo porque...
-Eu te amo.- as palavras sairam simples e claras, num sussurro que até mesmo eu teria desconhecido se não fosse pronunciado por eu mesmo, mas Mel pareceu compreender e hesitou por um instante antes de voltar a falar.
- Você...
-Sim Mel. Eu te amo.
Repeti sem medo dessa vez, pois já havia as pronunciado e não teria como fugir do efeito dessas palavras, elas agora agiriam entre nós e causariam efeitos constrangedores que eram inevitáveis. Mas tudo bem, eu precisava disso, nós precisávamos disso, tinha chegado a hora de parar de fugir.
Melissa
Eu paralisei, depois pensei que estava delirando, então o olhei e foquei em seus olhos procurando consolo mas não haviam nada que eles poderiam me dizer, por isso olhei pra o chão e respirei fundo sentindo meu rosto queimar e minha mente arder tentando decifrar aquelas três palavras. "EU TE AMO" o que queria dizer? Ele me amava como amiga? E eu? Eu o amava? Sim...eu o amava e isso era perfeito a não ser pelo fato que eu tinha certeza que talvez não conseguisse dizer isso em voz alta, ou até mesmo que suas palvras tivessem sentido contraditorio ao que eu pensava:
- Espera Nick você tá dizendo que...
-Que eu te amo Melissa, não como uma amiga mas sim como mais que isso- falou e quando terminou de falar eu vi seus lábios tremerem, ele estava com medo e eu tinha acabado de entrar em desespero- Mas tudo bem se você quiser ir, eu vou entender- ele franziu as sobrancelhas mostrando o quanto não acreditava em suas própria palavras.
- Não quero que me odeie- falei sentindo as lágrimas se acumularem em meus olhos- Não quero te perder, você é a única coisa boa que me resta.
- Te odiar por não me amar? - ele riu triste- prometo não te odiar Mel, só me diz algo, não me deixa sem resposta.- implorou e eu engoli em seco.
- Eu também te amo- falei entre um soluço me odiando por o ter deixado se aproximar tanto, eu sabia que no fim acabariamos machucados- e você não devia me amar.
-Por que? - ele sorriu parecendo nervoso.
-Por que daí não vai sair coisa boa. - falei tentando o convencer e sequei uma lágrima - No fim não podemos acabar Nick, porque sinceramente não sobra nada de mim sem você por perto.
- Eu queria te ver agora.- ele falou e meu coração apertou.
- Eu to chorando.
- Você nunca muda não é mesmo? Sempre vai ser chorona.- brincou.
-Culpa sua, não devia ter me dito isso assim... me pegou de surpresa.
- Você também me pegou de surpresa quando me beijou.
- Eu sei, mas agora não preciso mais te pegar de surpresa. - sorri e me aproximei exitante tocando seu rosto - posso?- perguntei quanse num sussurro olhando no fundo de seus olhos .
- Já devia.
E então eu fechei meus olhos e o beijei concluindo a decisão mais complicada da minha vida, eu estava me afogando naquele instante em um mar de mentiras e estava totalmente ciente disso, mas eu tinha tomado uma decisão, seguiria com minha vida e seria feliz , Nick não precisava saber sobre o meu passado, ficaríamos bem se continuassemos exatamente como éramos , juntos a realidade se tornava desnecessaria, ainda mais quando ele me amava, eu não queria perder seu amor, eu não queria o perder.
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Boa tarde meus amores!!
Aqui está o capítulo ♡ E espero realmente que tenham gostado!! Finalmente admitiram ,porém Mel continua mentindo :(
Me digam o que acharam ok?
Ahh e eu já deixei no aviso mas vou falar de novo porque sinceramente estou empolgada, comecei a postar uma nova história chamada "Eterno",tem uma abordagem bem diferente e foge do comum, convido vocês a darem uma olhada. Inicialmente pode parecer clichê, mas prometo que vou surpreender vocês.
Beijos !! Até o próximo.
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Eu Nunca Disse Adeus
Romance| EM REVISÃO | Ser cego não significa não enxergar nada,quando deixamos de ver o exterior procuramos pela personalidade, caçamos vestigios do invisível e cremos no que pensamos compreender. Talvez essa não seja apenas uma deficiência dos olhos,mas t...