32》Aqui e agora

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Melissa

Deslizava a vassoura pela casa como se estivesse varrendo minha própria sujeira, era tão renovador dedicar um pouco de tempo para algo que não fosse meus fiascos e decepções, eu me sentia pelo menos por um segundo plena e renovada.

Em algumas horas eu estava praticamente colocando a casa dos meus pais a baixo de tanto limpar, esfregar e polir. Minha mãe ficava ao longe observando como se eu tivesse enlouquecido, e talvez eu tenha mesmo enlouquecido, ou apenas estivesse tendo um pequeno surto renovador. Mas a questão mesmo era que ninguém entendia o quanto eu precisava respirar e esquecer um pouco do Aislan e principalmente do Nick, precisava esquecer da Penélope e da sua bipolaridade:

- Filha você tá bem?- minha mãe perguntou se sentando no braço do sofá e me olhando interrogativa .

- Nunca estive melhor.-  sorri tentando apaziguar a situação.

- Tem certeza? Você nunca gostou de limpar a casa.

- Aprendi a gostar. No Rio sempre sobrava pra mim limpar ja que a Penélope não parava em casa, então eu dava uma geral toda a semana e por um milagre comecei a gostar. Não é incrível?- tagarelei me sentindo mais falante do que me lembrava.

- É, é sim, se você acha.- ela estava mesmo desconfiada.- Não voltou a ter enjoos?- me pegou de surpresa.

Continuei limpando freneticamente a estante evitando a olhar, os enjoos tinham sim continuado mas ela não precisava saber daquilo, como também não precisava saber sobre o meu passado e sobre o bebê, por isso apenas a encarei sorridente e respondi o mais naturalmente que consegui:

- Claro que não! Eu devo ter comido algo que me fez mal.

- Entendi.

- Se quiser eu posso também fazer o almoço-  me ofereci empolgada mesmo sendo muito cedo para aquilo.

- Ok. Tá empolgada mesmo em.

- Muito, preciso do meu ritual de limpeza semanal.

- Eu vou colocar a roupa para bater enquanto você termina aí.

- Não!- quase gritei me afastando da estante- Eu ja terminei aqui pode deixar que eu coloco, vai descansar mãe.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Tudo bem então, se precisar de qualquer coisa pode me chamar.

- Ok.

Ela se levantou saindo da sala enquanto eu fui direto para a lavanderia, separei as roupas, as coloquei para lavar e me encostei um pouco na parede para recuperar o fôlego, estava em êxtase e precisava de um segundo para respirar.

Involuntariamente minha mão foi até minha barriga, três meses e meio e eu ao menos tinha ideia que estava grávida, mas agora eu sabia que tinha uma pessoinha crescendo dentro de mim e não tinha como negar ou esconder o sentimento de proteção que eu havia passado a ter, estava ali com o meu filho e sinceramente por mais que a ideia de não saber quem era o pai me atormentasse, ainda assim tudo o que realmente importava era que estaria sempre com o meu filho, o protegeria e cuidaria dele sem me importar com sua origem, até porque eu não era a melhor das referências como um exemplo de mãe digna.

Mas eu queria, no fundo do meu coração rezava todos oa dias para que não fosse do Aislan, Deus sabia que por mais que o Nick nunca mais chegasse perto de mim ainda assim ele seria o melhor pai do mundo.

Ouvi a campainha tocar mas não sai  do meu estado de transe, minha mãe até iria atender se não estivesse tomando banho, então após me chamar eu saí de bom grado do meu esconderijo e me dirigi ate a porta, já pensando que teríamos visitas e logo a casa que arrumei estaria uma baderna, entretanto no instante em que abri a porta da sala senti meu mundo desmoronar:

Eu Nunca Disse AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora