Melissa
Eles não haviam liberado para visita, ou melhor o Diogo não me deixava entrar, mas eu não tinha ideia do por que. Nick estava inconsciente, nos davam notícias breves de mais para matar a sede de curiosidade e aflição, os pais dele não tinham ideia do que tinha acontecido, todos procuravam justificativas, mas ninguém viu uma brecha para a verdade.
Me encostei na parede trêmula, já havia bebido cinco cafés e de nada havia adiantado, as lágrimas ainda eram constantes, tanto que meus olhos queimavam pela ardência. Passei minhas mãos pelo cabelo exausta, eu só queria saber se ele ficaria bem. Olhei para o lado prestes a dizer para a Penélope que iria invadir o quarto dele, mas ela estava dormindo num ângulo bem estranho na poltrona do hospital, agora eu literalmente estava sozinha e aflita, sem condições nenhuma para medir as consequências dos meus atos. Por esse exato motivo me levantei mais confiante do que estive o dia todo, e fui em direção ao quanto dele.
Caminhei por um pequeno corredor até que encontrei o quarto, a porta estava entreaberta e eu podia entrar sem nenhuma cerimônia, mas ainda assim me contive pois Nicolas e Diogo estavam conversando:
- Para Diogo por favor- Nicolas pediu parecendo aflito- Não é culpa sua.
- Quem fez isso com você? - Diogo perguntou num tom de voz nada feliz- Quem Nick?- falou agora mais alto.
- Não importa... - respondeu com a voz meio rouca, e meu coração disparou apenas por saber que ele estava bem o suficiente para falar.
- Importa sim! Quem fez isso?- Diogo gritou.
Eu também queria saber quem tinha feito aquilo, mas o Nick não parecia disposto a falar, ele deu uma longa pausa antes de responder:
- Foi o Aislan.- falou de repente.
Foi impossível não reagir, eu estava mesmo chorando? Por que a surpresa quando sabia exatamente do que ele era capaz? Naquele instante eu desmoronei, me apoiei na parede e a incredulidade tomou conta de mim, agora tudo estava claro, era culpa minha o que aconteceu com o Nick.
-Não!- falei sem me conter e logo a sala ficou em silêncio.
- Melissa?- Nick me chamou e eu travei meus pés no chão incapaz de responder- eu sei que você tá aí, entra.- pediu mas eu não conseguia seguir.- Diogo ajuda ela a entrar.
Diogo abriu a porta ainda pasmo de mais para dizer qualquer coisa, eu sabia que ele deveria estar pensando em milhões de motivos para o Aislan ter feito o que fez, mas ele nunca chegaria a uma resposta exata, porém talvez o Nick ja soubesse de tudo, e isso era o que mais me assustava:
-Diogo pode nos dar licença?
-Posso.- respondeu apenas e saiu batendo a porta.
Nenhum de nós dois disse nada, há alguns minutos atrás eu estava louca para vê-lo, mas agora ali estava e tudo o que queria fazer era sair correndo, o que ele sabia? Por que queria falar comigo?
Levantei meus olhos e pela primeira vez percebi o tamanho do estrago que o Aislan havia feito, Nicolas estava praticamente irreconhecível. Seu olho direito estava inchado e não abria, seu outro olho era de um roxo azulado vivo. Seus lábios sempre tão macios e confortáveis agora estavam cortados e calejados. Tudo em seu rosto tinha sido drasticamente mudado. Ele havia levado pontos na testa, seu braço estava envolto numa faixa e eu simplesmente perdi a conta do quanto ele tinha sido destruído, me dava ânsia pensar no tamanho da perversidade do Aislan:
- Aí meu Deus Nick... falei me aproximando involuntariamente da cama e tentando segurar sua mão que estava com o assesso para o soro, mas assim que o toquei ele recuou.
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Eu Nunca Disse Adeus
Romance| EM REVISÃO | Ser cego não significa não enxergar nada,quando deixamos de ver o exterior procuramos pela personalidade, caçamos vestigios do invisível e cremos no que pensamos compreender. Talvez essa não seja apenas uma deficiência dos olhos,mas t...
