Nicolas
Era estranho voltar a andar de novo, ainda sentia minhas pernas doendo mas precisava relaxar um pouco e andar.
Minha mãe segurou mais forte meu braço talvez com medo de que eu caísse, e pela primeira vez durante muito tempo eu não reclamei, não estava em condições de questionar nada, porém sim de depende de tudo e de todos, mas tudo bem, era melhor ter algo ocupando minha mente em momentos como aquele, do que deixar meus pensamentos livres para serem ocupados pela Melissa. Aquele era um dos dias que eu não me permitiria pensar, ou ao menos respirar e me recordar, a melhor opção era trancar tudo dentro de mim e não deixar a avalanche de sentimentos e conflitos me atingir:
- Vai com calma filho, um passo de cada vez e você chega la- minha mãe falou parecendo animada - já estamos quase chegando na sala.
- Minha cara tá melhorando pelo menos?- perguntei um pouco constrangido.
- Já cicatrizou bastante- ela tocou de vagar meu rosto.- machucados físicos cicatrizam rápido Nick, mas os do coração demoram mais.
- O que tá querendo dizer?
- Você sabe o que, não se faça de bobo.
- Eu realmente não to entendendo mãe- ela não podia saber de algo relacionado a tudo o que estava acontecendo.
- Eu entendo que não queira dizer a ninguém o motivo de tudo isso Nick, mas você sabe muito bem que eu sei que tem algo acontecendo, e tudo bem se não quiser me contar, mas quero que saiba que estou aqui para o que precisar entendeu?
- Entendi.- falei apenas- mas o que te faz achar que é uma questão do coração? - foi impossível conter minha curiosidade.
- Eu estive apaixonada um dia, e pra ser sincera ainda estou, então pode acreditar filho, conheço muito bem os efeitos colaterais do amor.
Foi inevitável sorrir, talvez ela não tenha percebido mas eu realmente sorri e só então me dei conta do quanto também esperava ter um amor como o dela e do meu pai um dia, eu queria ter uma família e uma pessoa com a qual pudesse contar sempre, e o mais engraçado daquilo tudo era que eu já tinha encontrado esse alguém, o único problema era... Bom, eu realmente não sabia o que era. Tínhamos tudo, e ao mesmo tempo nada:
- Vocês passaram por muita coisa juntos? -perguntei e a ouvi rindo.
- Você não tem ideia do quanto.
- Vai ter que me contar essas histórias depois- avisei.
- Depois mesmo meu amor porque o Diogo acabou de chegar.- ela avisou no mesmo instante em que ouvi o barulho da porta se abrindo:
- Oi tia Laura.- a cumprimenotou.
- Oi Diogo.
- Pode deixar o Nick comigo - ele pediu e ela se afastou me fazendo apoiar nele - E aí amigão? - senti dois tapas fortes no ombro - to gostando de ver em, daqui a pouco já tá andando sozinho.
- Tomara, não aguento mais ser empurrado pra la e pra cá- reclamei.
- Claro que não- desdenhou - E ninguém mais também está te aguentando, então seria bom para todos se você voltasse a se virar sozinho.
- Conseguiu notícias?- perguntei do nada e ele suspirou.
- Nenhuma.
Era devastador não ter notícias dela, eu sabia o risco que estava correndo quando virei as costas para tudo e todos e voltei para casa, mas eu não aguentava ficar sentado o dia todo sem saber onde e como a Mel estava, o amor não acabava e eu também não esperava que acabasse, claro que precisava de um tempo de toda aquela loucura, mas ainda assim precisava dela, precisava sentir a vida voltar ao seu devido lugar, porque sinceramente não havia vida sem ela por perto:
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Eu Nunca Disse Adeus
Romance| EM REVISÃO | Ser cego não significa não enxergar nada,quando deixamos de ver o exterior procuramos pela personalidade, caçamos vestigios do invisível e cremos no que pensamos compreender. Talvez essa não seja apenas uma deficiência dos olhos,mas t...