Evanna - Capitulo 19

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Chegar em West Boyston foi como retroceder no tempo, estava triste e acabada, minha mãe por outro lado estava feliz e radiante, jamais pensei que me faria entrar no carro daquele homem, mas estava fraca o suficiente para questionar e recusar, o vazio que sentia dentro de mim era pior do que ter deixado tudo para traz, Amanda ainda discutiu com minha mãe quando soube que me faria fazer o aborto, vinte minutos depois o Sr. Rupert apareceu em casa, pagou para minha mãe sumir comigo dando garantias de que ninguém nunca nos acharia, não pude me despedir de ninguém, não falei nem com Magnon, não tinha animo, e nem vontade de falar com as pessoas.

Fui direto para o meu quarto e me deitei e fechei os olhos, minha mãe veio a traz de mim, queria que eu me animasse e fosse ver os amigos que deixei, mas não me movi e fiquei com os olhos fechados e deixei que falasse e abrisse as janelas e quando saiu, abri os olhos e fiquei olhado para o tempo.

Perdi o animo de desenhar, a mesa de desenho estava montada, Bob estava assustado, e miava e corria pelo quarto e às vezes se juntava a mim e dormia quando ficava exausto, como eu também ficou dois dias sem comer, e aos poucos foi se adaptando a nova vida, eu não, eu queria morrer com o meu filhinho, não tinha mais lágrimas para chorar, fiquei em silencio por vários dias, e acho que duas semanas.

Meus amigos que foram o meu animo, aos poucos foram aparecendo, minha mãe dizia que meu namorado me deixou e por isso estava tão triste, e mais um mês se passou e percebi que minha mãe não saia mais para trabalhar, me sentei para tomar o café da manhã, reparei como ela estava se vestindo, suas unhas estavam bem feitas, seu cabelos estavam aparados e tinha ganhado tintura.

_ Você não está mais trabalhando?

_ Não! _ Ela sorriu. _ Me aposentei... É... Esse mês que entrou eu consegui me aposentar... Faz tempo que tinha pedido.

Pisquei várias vezes, franzi o cenho e quando ela foi para a cozinha eu me levantei e abri a sua bolsa, quase cai de costas, tinha muito dinheiro dentro dela, comecei a respirar curto e me sentei no sofá e levei a mão à boca e chorei, minha mãe veio ao meu encontro e viu a bolsa aberta, parou no meio do caminho.

_ Era o mínimo que aquele canalha tinha que fazer!

_ Não!... Não era... Você vendeu a morte do meu filho... _ A olhei sacudindo a cabeça. _ Você não tem noção do que fez mãe?... Você provou para eles que somos vendidas.

_ NÃO! _ Gritou ela. _ Passei anos da minha vida... Trabalhando para te sustentar e guardar dinheiro para ter uma educação de primeira... E esse merdinha te leva para a cama... Com um nome falso e faz um filho e quer acabar com a sua vida e sua carreira... Não podia permitir isso! _ Ela fala com raiva praticamente cuspindo em mim. _ NÃO... Você me deve isso!

_ Não!... Por que sou sua filha... E por ser sua filha deveria me defender, me aconselhar a fazer as coisas certas. _ Me levantei e a enfrentei. _ Em nenhum momento pensou em mim e quis o meu bem.

_ Sua ingrata... Eu salvei a sua vida... E vai me agradecer quando estiver formada, casada e tendo uma vida boa, sem essa merda de pobreza e trabalhando como uma condenada para não morrer de fome.

Sacudi a cabeça, ela não entendia o que fez, ela nos igualou a uma prostituta recebendo aquele dinheiro todo, eu tinha mais três meses para ficar ali e seguiria para a universidade de Boston e estaria livre de minha mãe e nunca mais a deixaria decidir por minha vida.

_ Não use esse dinheiro sujo comigo?!... E não precisa se preocupar com o dinheiro da universidade... Eu mesmo tenho metade com os desenhos que fazia... O resto eu me viro com credito estudantil.

Saí de casa e ganhei as ruas, me abracei, não acreditei que deixei que fizessem uma lavagem cerebral e desistir do meu filho, ela não desistiu de mim, por que eu tinha que desistir? Minha cabeça começou a dar nó novamente e percebi que iria enlouquecer se continuasse a me arrepender e me culpar, já tinha feito, não tinha mais volta, eu só não queria mais ficar ali com ela se fazendo de amável.

Foram três meses difíceis, mamãe guardou o dinheiro e tomou um banho de loja e logo atraiu companhia indesejada, um bêbado que eu detestava e que mamãe namorou por muitos anos e eu sabia que ele faria torrar todo o dinheiro, então fiz a minha jogada, me aproximei e a fiz me dar metade, já que o dinheiro era meu, que eu tivesse direito a ele, depositei em uma conta em meu nome e deixei render em aplicações, assim se ela passasse necessidades, eu teria como dar a ela e custear sua vida sem precisar trabalhar e parti para Boston, me instalei e logo começou minhas aulas e com o tempo a dor que sentia em ter deixado meu bebê foi diminuindo e se transformando em saudades daquilo que não pude ter.


Bendito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora