"Vocês usam?" Perguntei apontando pros pacotes de cocaína em cima da grande mesa de metal.
"Não, nós só ficamos no tabaco mesmo." Trish disse levantando seu cigarro.
"Nós vírgula, eu não fumo." Makaila disse orgulhosa.
"Mas compensa na bebida." Disse Jack ao seu lado encarando a loira.
"Cala boca." Ela disse tirando o braço dele que estava em seu ombro.
"Por que a pergunta branquela? Quer começar a usar?" Trish perguntou intermediando seu olhar de mim para a cocaína.
"Isso não é pra ela." Daniel disse já ao meu lado esquerdo, bem atrás do meu corpo. "Você é boa demais pra isso."
Seus dedos tocaram meu pescoço e ombro, instantaneamente eu me encolhi. Estava constrangida por ele mexer tanto comigo e principalmente na frente de todos os seus amigos. Me virei ficando de frente pra ele tentando fazer com que meu corpo se acalmasse.
"O que foi?" Ele sussurou observando meus lábios atentamente.
"Não toque em mim." Disse firme até me assustando com a forma como minha entonação saiu.
"Por que não?" Seu sorriso enfraquecia todas as minhas armaduras e eu me vi cedendo a sua aproximação.
"Todos eles estão olhando." Sussurei fechando os olhos morrendo de vergonha daquele momento.
"Eles não ligam." Deu de ombros sem desviar seus olhos de mim. "E tudo que acontece na detenção, fica na detenção."
Criei coragem pra finalmente encarar seus olhos e aceitar de vez o seu toque que foi firme em minha cintura. Uma mão tocou minha cintura acariciando com delicadeza a região e a outra foi em direção ao meu pescoço. Seu dedão fazia um carinho gostoso enquanto seus outros dedos eram pressionados contra minha pele sensível. Eu quase não conseguia respirar e me sentia ainda mais nervosa a medida que seu rosto se aproximava do meu.
"Pare." Pedi num suspiro desesperado.
"Você não quer que eu pare."
Sua mão posta na minha cintura me puxou para frente fazendo nossos corpos colidirem. Não queria olhar pra cima porque sentia que algo muito ruim iria acontecer mas seus dedos tocaram meu queixo o levantando contra a minha vontade.
"Me diga olhando em meus olhos que não quer o mesmo que eu." Naquele momento não lembrava mais onde estava, se alguém mais estavam presentes e sinceramente aquela altura eu já não me importava.
"Me solte." Lutava contra mim mesma segurando nos seus braços tentando ms afastar mas era inútil. Me sentia fraca com sua respiração batendo na minha pele e seus lábios tocando minha bochecha delicadamente.
A mão que estava na minha cintura subiu para se apoderar do outro lado do meu pescoço. Nossos narizes se tocavam delicadamente e eu podia prever seus lábios tocando os meus.
"Tem certeza?" A pergunta veio num momento decisivo.
Eu nunca havia beijado nenhum garoto de verdade. Os únicos beijos que eu havia dado foram aos cinco anos com meu vizinho e segundo minhas amigas eles contavam como nada. Tive diversas oportunidades pra ter beijado mais vezes mas nunca tive vontade de aprofundar um beijo. Nunca tive vontade de beijar de verdade alguém até aquele momento. Eu queria muito beijar Daniel Kurt mesmo sem o conhecer e tendo a completa certeza que ele um garoto em forma de problema. Ainda assim encontrei dentro de mim forças pra responder.
"Sim." E com delicadeza que vieram suas mãos saíram do meu corpo.
"Quase!" Trish bateu na mesa de metal fazendo um barulho estrondoso no porão.
"Eu disse..." Makaila disse contando varias notas de cinco.
Olhei rapidamente pra Daniel e capturei o exato momento que ele colocou a mão no bolso do seu folgado jeans me olhando pela primeira envergonhado.
"No fundo eu sabia que ia perder." Jack disse acendendo um cigarro.
Eles estavam apostando. Meu primeiro beijo seria uma aposta. Olhei novamente pra Daniel agora sentindo um certo nojo e seu olhar foi como se pedisse desculpas mas eu duvida muito que estivesse arrependido.
"Quanto você apostou?" Perguntei pra ele sentindo tudo dentro de mim se contorcer de raiva.
"Ele não apostou dessa vez." Makaila disse ainda com o dinheiro em mãos. "Acho que sabia que iria perder."
"Eu não acredito nisso." Passei a mão no rosto balançando a cabeça e espantando qualquer memória de minutos atrás. "Vocês são nojentos!" Disse dando passos em falso pra trás e sentindo vontade de sair correndo.
"Ei branquela, calma."
"Vocês são criminosos, sabem disso não sabem?" Dava cada vez mais passos pra trás observando o rosto dos quatro adquirir expressões de desespero.
"Não vá fazer qualquer besteira Diana." Daniel disse tentando se aproximar mas parou notando meu olhar.
"Como dedurar vocês?" Vi que os três paralisaram e se entreolharam quase assustados com meu tom de voz.
"Eu deveria fazer isso." Disse sentindo toda a raiva do mundo habitar meu corpo.
"Mas não vai." Makaila desceu da mesa caminhando decididamente até me alcançar. "Você fez uma promessa ouviu bem?" Apontou o dedo no meu rosto com fúria.
Jack segurou o corpo da loira impedindo o que quer que pudesse ter acontecido em seguida. Eu tentava não me intimidar mais, tentava mostrar que queria acabar com eles.
"Foi só uma aposto princesa, não seja tão emocional." Jack disse ainda segurando Makaila.
"Ou vai dizer que esse era o seu primeiro beijo?" Trish disse ainda distante porém mais presente como nunca.
Os quatro souberam a verdade com o meu silêncio e os meus olhos marejados. Me sentia envergonhada, constrangida, exposta e mais um monte de adjetivos negativos. O olhar de pena de Daniel foi fatal pra que eu subisse correndo as escadas de madeira disposta a nunca mais voltar aquele lugar.
"Eu disse que não era pra ter envolvido ela!" Makaila gritava me fazendo ter mais raiva.
Ao ouvir o rangido da escada aumentar pude sentir que estava sendo acompanhada por um deles mas não queria me virar. Não queria mais ver nenhum dos quatro na minha frente, nunca mais! Queria sumir dali, ir logo pra casa e ficar segura. Sabia que minha curiosidade ainda ia me prejudicar algum dia e estava certa. Não quero mais descender os segredos deles, não quero mais conhecer Daniel, quero é esquecer que tudo isso aconteceu.
Abri a porta do porão sentindo o vento frio me atingir e corri pelos corredores disposta a sair logo daquele Colégio. Meu coração acelerado quase saía pela boca a medida que eu ouvia e sentia alguém atrás de mim. Meus pulmões pareciam queimar com o tanto que eu corria desesperada pra escapar logo daquele pesadelo mas alguém segurou meu corpo forte e me puxou pra trás. Fui arrastada pra trás com os braços dele ao redor do meu corpo, instintivamente eu gritei apavorada sentindo o pior se aproximar. Sua mão tapou minha boca impedindo meus gritos e me fazendo sentir cada vez mais sufocada. Era muito ingenuidade minha achar que sairia bem depois de ir pra detenção, as pessoas sempre disseram que coisas más aconteciam e agora eu estava vivenciando aquilo na pele.
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Lovesick
Teen FictionDiana não quer um novo amor, nem problemas nesse novo ano. Ela já tem tudo o que precisa: seu cachorro Bambi, suas amigas e seus livros favoritos. Mas então num sábado ela se encontra no lugar errado, na hora errada e acaba se encrencando. A prime...