CAPÍTULO QUINZE

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Tremia de frio e medo quando cheguei em casa na sexta a noite. Podia ouvir o som dos talheres na sala de jantar mas não tinha fome e nem vontade de ver ninguém naquele momento.

"Filha, venha jantar." Meu pai com sua voz sempre autoritária me chamou e eu ignorei correndo as escadas em direção ao quarto.

Passei o sábado e domingo trancada no quarto ignorando o mundo a minha volta. Coloquei minhas músicas favoritas como trilha sonora do meu pesadelo realista. Daniel Kurt era o mais belo dos meus delírios durante a madrugada e pior dos medos pela manhã.

Eu queria algo dele e precisava de algo a mais sobre toda essa história. Algo em mim dizia que o líder de tudo não era Jake, apesar de todas as suas ameaças na lanchonete não consigo imaginar ele liderando tudo o que funciona por trás do esquema. Daniel, eu não tinha essa dúvida. Ele era o cara perfeito. Discreto, misterioso e de certa forma até mesmo inofensivo. Ele era perigoso de qualquer forma e eu sabia disso mas queria mais. Queria descobrir cada detalhe sobre ele e sobre toda a história das fotos de Hanna.

Eu poderia ter tentado esquecer entretanto já  estava envolvida naquela história toda. E dentro de mim eu sentia que precisava fazer algo. Foi no sábado a tarde que peguei meu caderno e canetas e tentei formar algum tipo de plano. Escrevi primeiramente todas as perguntas que me torturavam.

O que estava escrito na carta que Hanna recebeu pensando que era minha?

Quem mais faz parte do grupo de tranficantes do colégio?

Quem é o líder?

Quem tirou as fotos de Hanna?

Quem era ou é o amante de Hanna?

Por que tentaram me culpar?

Por que me mostraram o lugar secreto deles?

Quem é Daniel Kurt?

De todas a que mais me incomodava era a última. Quem era de verdade aquele garoto? Fechando o caderno com força decidi sair da cama e agir.

Saí pela janela do meu quarto para evitar questionamentos do meu pai que com certeza não me deixaria colocar o pé pra fora de casa. Tive que andar muito até chegar ao Colégio Clemente. Quando finalmente entrei no colégio só conseguia ouvir o som dos meus passos pelo corredor silencioso. Segui todo o caminho até o porão da escola, descendo calmamente a escada de madeira que fazia um barulho insuportávelmente irritante a cada passo que eu dava.

"O que você está fazendo aqui?" Ele perguntou assim que meu pé direito tocou o chão manchado do porão.

Andei calmamente até ele com meu coração disparado me sentindo uma estúpida presa na boca do predador.

"Alguém mais está aqui?" Perguntei me sentindo mais próxima dele do que deveria.

"Isso não te diz respeito." Coloquei a mão do peito como se estivesse machucada pelas suas palavras. A verdade é que no fundo eu me incomodei.

"Você me deve uma resposta."

"Não lhe devo nada Diana."

"Deve sim, Daniel. E vai me dar exatamente o que eu quero."

Hanna sempre me dizia que pra conseguir algo de um garoto você deve jogar o jogo dele a altura, até que num momento muito sutil você fazer o tabuleiro virar ao seu favor. Eu nunca fui fã de jogos de sedução, achava tudo tão bobo e desnecessário. Mas naquele momento, em frente a um garoto que mexia com todas as minhas terminações nervosas e era claramente mais manipulador e estratégista quanto eu, eu precisei me lembrar do conselho da minha melhor amiga.

"Não vou lhe dar nada, saía daqui."

Toquei seu peito com a ponta dos dedos e subi até segurar seu pescoço com uma mão. Com a mão esquerda sutilmente acariciava seu cabelo subindo na ponta dos pés para tocar de leve seus lábios. Suas mãos seguraram firme minha cintura e seu suspiro foi o primeiro sinal de que eu estava conseguindo lhe tirar do eixo. Segurei seu lábio pelos dentes e puxei levemente mordendo sua carne com doçura e acariciando seus cabelos negros ao mesmo tempo que sentia suas mãos me segurarem com mais força e mais pra perto.

"Tem certeza que não vai me dar nada?"

Seus olhos fixaram-se nos meus e eu pude ler sua batalha interna. Vi o exato momento que sua língua passou pelos lábios e seu olhar mudar de receio pra luxúria. Um sorriso malicioso surgiu em seu lábios quando abruptamente suas mãos da minha cintura vieram pro meu pescoço. Seus lábios me atacaram sem delicadeza e suas mãos massageavam meu pescoço provocando arrepios em todo o meu corpo.

Sem me dar conta percebi que uma das suas mãos desceram por toda a lateral do meu corpo até chegar a minha cintura apertando levemente. Sua outra seguiu o mesmo caminho até que Daniel ergueu meu corpo me colocando sobre a grande mesa de metal do porão. Nosso beijo não parou em nenhum momento e ficou cada vez mais intenso e quente. Me peguei erguendo a camisa dele distraidamente enquanto sentia suas mordidas nos meus lábios. 

É difícil saber o momento de parar mas é estranho como você simplesmente sabe. Era o momento em que as coisas avançariam ou ficam estagnadas. E por menos que eu quisesse sabia que precisava parar aquilo antes que eu me perdesse mais.

"Por que me mostraram esse lugar?"

Daniel com a respiração acelerada sorriu se afastando um pouco do meu corpo e por um segundo me arrependi de fazer aquela pergunta.

"Não devia ter feito isso."

"Me mostrado esse lugar ou me beijado?"

"Os dois." Assenti concordando com ele apesar do meu coração doer.

"Então por que fez?" Seu silêncio era mais torturante do que qualquer resposta.

"Por que me envolveu nisso?" Perguntei ainda sentada na mesa de metal balançando as pernas nervosa.

"Você quer a resposta habitual ou a sincera?"

"Habitual?"

"A que eu dei pros outros três por exemplo." Assenti mordendo os lábios pensando.

"Quero as duas." Seu sorriso aberto era maravilhoso de se observar.

"Não se pode ter tudo comigo. Sempre há uma escolha."

"Eu quero os dois e vou ter os dois."

"O que te dá tanta certeza disso?" Seus passos fizeram seu corpo tocar o meu novamente.

"Você quer algo em troca e eu estou disposta a dar." Abri as pernas lhe puxando mais pra perto e aprisionando seu corpo com as minhas pernas.

Suas mãos percorreram minhas coxas passando do limite da minha saia e me torturando, me fazendo morder os lábios e ter que recuperar o controle da situação.

"Respostas primeiros, Daniel."

"Qual você quer primeiro?"

"Quero a que é verdadeira."

"Contar a verdade é um pouco difícil pra mim."

"Tenho certeza que você consegue." Dei um sorriso cínico esperando as palavras saírem de sua boca e me abalarem com toda a força.

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