CAPÍTULO VINTE UM

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O som da chave destravando a porta me fez parar de beija-lo. Eu estava prestes a entrar num território desconhecido, precisava prestar atenção. 

A casa de Daniel era pequena e singela. Admito que esperava algo mais sombrio e misterioso mas a verdade é que aquele ambiente era confortável e aconchegante. O sofá florido me lembrava infância e o piso de madeira me fazia sentir em casa. Assim que desviei o olhar da decoração me vi encantada pela forma como ele me surpreendia.  

"Sei que não era o que você esperava." Deu de ombros rindo tímido. E aquilo era definitivamente algo inédito de se ver. 

"É bem melhor." Tomei seus lábios tentando suprimir o enorme sorriso estúpido que insistia em aparecer em meu rosto. 

A medida que subíamos a escada, sentia meu coração acelerar. Me sentia uma completa maluca por estar me envolvendo daquela forma por Daniel. Tinha medo de sair da superfície e acabar me machucando feio quando descobrisse o que tanto escondiam. O misto de medo e excitação me causava um tontura. E o único apoio que eu encontrava era em Daniel. 

Mal notei quando entramos em seu quarto, só senti minhas costas deitarem em algo muito macio. Seus beijos ainda minha cabeça girar e eu nem conseguia pensar em outra coisa que não fosse passar minhas mãos por seu cabelo. Sentia suas mãos tocando minha coxa por cima da meia calça rosa do balé. Seus lábios provocavam meu pescoço quando eu finalmente abri os olhos. A primeira coisa que notei foi o poster do Star Wars no teto e não segurei o sorriso.

"O que é tão engraçado Diana?" Ele tentava soar bravo mas também sorria.

"Nada não."  Lhe puxei mais pra perto voltando a beijar seus lábios. 

O quarto parecia cada vez mais quente. Chegou num ponto que Daniel teve que se livrar da sua camisa e  eu tentei recuperar meu fôlego.

"Você fica linda assim, vermelhinha." Daniel disse deitando ao meu lado tocando em minha coxa com uma mão, claramente me provocando.

Tenho certeza que fiquei ainda mais vermelha com o elogio mas não liguei. Passei a brincar com seus cabelos enquanto sentia sua mão subir e provocar arrepios em todo meu corpo.

"O que você viu em mim?" Perguntei sem nem pensar olhando em seus olhos. Passamos alguns minutos nos olhando sérios até ele sentar na cama e me puxar pra sentar também.

"Eu que pergunto, branquela. Não devia trazer você pra bagunça que é minha vida mas você é diferente de qualquer outra."

"Diferente como?" Seus olhos desviaram e sua língua passou por seus lábios.

"Desde que te vi na detenção sabia quem você era. Todos sabem. Mas nunca achei que alguém como você fosse dar atenção pra mim." 

"Você achou que eu serei menos ingênua?" 

"Você não é ingênua, sabe bem que eu não sirvo pra ser seu namorado ou alguém pra quem apresentaria sua família. Eu fabrico drogas no colégio, lido com gente perigosa e não sou um dos mauricinhos com quem você está acostumada." Assenti entendendo no seu ponto.

"Ainda assim você está comigo, vivendo isso que não entendemos e que pode muito bem te prejudicar. Você é corajosa, Diana. Admiro isso em você."

"Se me acha corajosa por que não me chamou pra ir no clube com você e sim mandou suas amigas me sequestrarem?" 

"Elas não te sequestraram." Ele sorriu mas parou quando viu que eu estava falando sério. "Tá, elas podiam ter sido mais delicadas. Mas não faz muito o estilo delas." Revirei os olhos lembrando das duas.

"Você não podia ter ido sozinha até lá, não era nem pra ter ido até a casa da sua amiga sozinha."

"Como sabe disso? Você anda me seguindo agora?" Me levantei da cama olhando fixadamente pra ele.

"Não eu, mas outras pessoas. Ou você acha mesmo que a filha do prefeito não tem supervisão?" 

Fiquei calada tentando absorver aquelas informações. Eu realmente achava que mandava no meu nariz mas agora tudo estava confuso. 

"Sério isso Diana?" Agora podia ver que a afirmação de que não era ingênua estava caindo por terra. 

"Eu não sei tá bem! Não sei o que acontece por trás dos negócios do meu pai e como ele lida com nossa segurança. Não sabia que existia pessoas me vigiando todo minuto."

"É o mais racional." 

Cruzei os braços e passei a andar em seu quarto. Então alguém estava me vigiando agora? Meu pai sabia que eu estava com Daniel? Tudo que eu fazia estava sendo espionado e eu não tinha conhecimento? 

Quando olhei pra Daniel buscando respostas e cada vez mais perguntas vinham. Se alguém me vigiava porque eu precisava da proteção de Trish e Makaila? Quem era essa gente que me vigiava? Eram pessoas do mal?

"Vou pegar um chá." Ele anunciou saindo do quarto provavelmente me dando tempo pra pensar. 

Tudo estava confuso enquanto eu olhava o quarto de Daniel. Passei a observar sua mesa de estudos me surpreendendo com o quanto de coisas que ele estudava, coisas que nem víamos no colégio. Até que algo em sua mesa me chamou atenção. Meu coração acelerou assim que peguei o pequeno pedaço de papel refinado.

 Um cartão de visitas. Da prefeitura. Atrás estava um telefone para contato e em baixo algo que fez minha respiração parar. A assinatura do meu pai. 

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