CAPÍTULO DEZOITO

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"É perigoso duas meninas andarem sozinhas por essas ruas escuras." Trish falou com um sorriso sinistro em seu rosto. 

"E o que vocês estão fazendo por aí?" Falei sem nem pensar. 

"Doce Diana, nós somos o perigo." Makaila fez menção de tocar meu rosto curvando seu corpo para dentro do carro.

"Saiam daqui! O problema de vocês é comigo, deixem a Di fora disso." Hanna disse com a respiração alterada com as mãos apertando fortemente o volante. 

"Sinto muito em te informar que o mundo não gira em torno do seu umbigo, fica na sua aí." Trish abriu a porta do motorista puxando Hanna para fora do carro. 

"O nosso problema é com você." A garota de cabelo ruivo disse agora ao meu lado.

"Você recebeu um convite princesa." Makaila me jogou pra fora do carro com brutalidade e fiquei me sentindo péssima por não ter força pra revidar aquela grosseria. 

"Entrem no carro! vamos levar as princesinhas pra um lugar bem divertido." Sem escolha, eu e Hanna ocupamos o banco traseiro com os braços cruzados. 

"Como você conheceu elas?" Hanna perguntou me olhando preocupada.

"Estudamos na mesma escola." Dei de ombros como se não fosse nada demais. Como minha melhora amiga, Hanna sabia bem identificar quando eu estava mentindo. 

"Na verdade, nos conhecemos na detenção. Que ela acabou indo por sua causa." Makaila disse tirando um isqueiro do casaco. 

"Como sempre você fodendo a vida alheia, né  Montez." Trish estendeu o cigarro para que a amiga acendesse.

"Vocês que estão ferrando com a minha vida." 

"Porque você se meteu com quem não devia. Quis ser mais esperta que nós."Makaila disse olhando com fúria para Hanna. Olhei para minha amiga procurando algum tipo de resposta. Não encontrei nada.

"Oh, ela não contou a história toda pra amiga Mak." A ruiva disse soprando a fumaça cinzenta que me fez tossir, provocando risadinhas da mesma.

"Que feio Hanna, mas não me surpreende. Você nunca gostou da verdade."

"Calem a boca suas drogadas! Vocês não me conhecem e acham que tem algum poder sobre mim!" 

As provocações só aumentaram depois do que Hanna gritou. Minha cabeça doía e eu me sentia um pouco sufocada pelo fedor de cigarro. Sentia uma vontade de chorar tremenda, mas precisava ser forte.

"Me dá isso aqui." Peguei o cigarro das mãos de Trish e joguei pra fora. 

"Quem você pensa que é pra fazer isso?" Acabei desviando toda  a raiva da ruiva pra cima de mim. 

"Sou a garota que você não deve se meter. Pelo que estou sabendo as duas receberam ordens pra me levar sã e salva pra esse tal lugar, e a menos que queira que eu chegue morta por sufocamento com essa fumaça nojenta, você  vai parar de fumar." Disse olhando para Trish pelo retrovisor. " E você vai calar a boca." Falei no ouvido de Makaila na minha frente.

  As duas surpreendendo as minhas expectativas me obedeceram e passaram o resto do trajeto trocando apenas olhares e sorrisos que só elas podiam entender. Hanna me olhava com um misto de surpresa e julgamento. Havia dito a mim mesma que não só entraria no jogo, mas me tronaria alguém essencial nele e era exatamente isso que estava fazendo. Ninguém ganha não se impondo. Eu queria descobrir o que acontecia e sabia que precisava aguentar até o fim. O que quer que fosse o convite, tinha a ver com Daniel. Eu podia sentir sua presença em tudo aquilo. Ele sempre parecia estar presente. Ou talvez eu estivesse ficando um pouco obcecada.  

Assim que chegamos ao local senti meu corpo tremer. Era uma espécie de bar, várias pessoas circulavam o que fez meu temor diminuir. Mas o tipo de pessoas não era reconfortante. A maioria parecia estar pronto pra um boa briga e seus olhares para mim assim que saí do carro fizeram todo o meu mínimo conforto sumir. Se eu estivesse em apuros, nenhuma daquelas pessoas parecia disposta a me socorrer. 

"Seja bem vinda branquela!" Trish anunciou abrindo a porta preta e pesada do tal local. 

"Você já veio aqui?" Perguntei num sussurro a Hanna que assentiu não parecendo animada em voltar. Podia ver em sua expressão que as lembranças que tinha daquele local não era das melhores. 

"Você se envolveu com eles por minha causa?" Foi a única pergunta que Hanna me fez em toda  a noite e eu neguei com a cabeça lhe surpreendendo mais uma vez. 

 O que identifiquei de cara ao entrar no bar era que tudo ali gritava ilegal. Vi casais fazendo sexo em alguns pontos escuros do local, a maioria fumava e até pude ver alguns adolescentes que claramente não tinham permissão pra beber virando vários shots.

Em meio a toda aquela confusão avistei o avistei. Ele estava num quanto com uma garrafa na mão e um sorriso descontraído no rosto. No momento que seu olhar cruzou com o meu pude sentir meu coração acelerar e cada segundo passou mais devagar. A ansiedade em meu corpo era tremenda ao ver Daniel caminhando lentamente em minha direção.

"Precisava te entregar algo." Franzi as sobrancelhas sem entender. Senti sua mão tocar na minha e um objeto frio ficou em minhas mãos.

"Não podia esperar até segunda?" Perguntei sorrindo ao ver a minha pulseira. 

"Poderia, mas não seria divertido." 

"É, realmente, vir com suas amigas no carro do pai de Hanna até esse bar no meio do nada é a definição de divertido." Seu sorriso aumentou ao sentir a ironia em minhas palavras

" Eu só queria te ver." 

"Já esta tão apaixonado assim? Não consegue aguentar mais algumas horas sem mim?" Me aproximei de seu corpo sentindo  logo em seguida seu braço em volta da minha cintura.

"Também não sei o que você fez comigo." Seus lábios quentes tocaram a pele frágil do meu pescoço. Sorri segurando a vontade de lhe beijar. 

"Obrigada de qualquer forma." Disse colocando a pulseira em pulso. 

"Você deixou cair no porão." Ele tomou um gole da sua bebida e indicou a garrafa na minha direção. "Quer um gole?" 

" Acho que prefiro provar o gosto de outra forma." Podia sentir a hesitação de Daniel com a minha aproximação. Mas seu autocontrole foi para o espaço no momento em que mordi seu lábio inferior. 

O gosto da cerveja era gostoso mas o que me entorpeceu completamente foi os toques de Daniel no meu corpo. Seu beijo fazia tudo envolta ficar embaçado e até a música que tocava pareceu abafada pelas batidas do meu coração. Eu estava acelerada pelas provocações de Daniel e seu corpo quente colado ao meu só aumentava minha insanidade. As mãos de Kurt estavam subindo em minhas coxas, sua língua se movendo ritmicamente com a minha e nossas respirações estavam em sintonia perfeita. Nosso momento foi interrompido por alguém gritando por nós. 

"Ei casal!" Jake disse segurando a câmera se preparando para fotografar. Acabei desviando minha atenção e cruzando meu olhar com o de Hanna. Em seu olhar ela parecia me pedir ajuda ou querer me dizer alguma coisa.  Seus olhos focalizaram no garoto segurando a câmera, e naqueles rápidos segundos tentei captar o que ela queria me dizer. Ao  direcionar meu olhar novamente pra Hanna, vi que ela ainda olhava fixadamente para Jake e  pude identificar muito bem o que minha amiga sentia: raiva. Naquele exato momento uma das minhas perguntas surgiu em minha mente.

Quem tirou as fotos de Hanna?  

"Sorriam pra foto pombinhos." E assim que o flash disparou, eu tive a resposta. 



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