Ser ignorada era uma das piores sensações que se podia sentir. Naquela tarde eu e Daniel nos cruzamos pelo colégio três vezes e em todas ele não havia nem me olhado. Não sei se pelo fato de seus amigos estarem presentes ou se ele realmente não queria mais falar comigo. O que de fato importava era que eu ligava pra isso, eu estava magoada por conta disso e me sentia patética.
O resto da noite fiquei pensando no nosso beijo pela manhã que foi tão bom e carinhoso, depois sobre sua conversa mais que esquisita com Hanna e por fim no fato de ter sido completamente ignorada pelo resto do dia. Eu nunca fui do tipo de menina que corre atrás de meninos, na verdade pra mim as coisas eram exatamente o contrário se eles queriam algo comigo tinha que correr atrás e muito. E ainda assim eu nunca me deixei ceder aos encantos dos meninos mais bonitos da cidade, nunca havia sentido nada por eles e suas cantadas não faziam meu coração disparar como só um olhar de Daniel fazia.
Senti raiva dele pela noite, ele não tinha o direito de mexer comigo dessa forma. Queria que ele desaparecesse pro mais cruel que isso pudesse soar.
"O jantar está na mesa Diana." Meu pai disse batendo de leve na porta do meu quarto e me levantei já sabendo que aquilo era uma ordem.
Cortava a carne com força, transferindo toda a raiva que sentia naquele pedaço de picanha.
"Que modos são esse minha filha?" Minha mãe fez uma cara de choque vendo a forma como eu cortava a carne e eu revirei os olhos suavisando o corte.
"Se continuar com esse tipo de comportamento não irá sair mais com suas amigas, ouviu bem?" Meu pai disse com o tom de voz frio.
"Não tenho mais amigas." Murmurei pra mim mesma e recebi um olhar cortante do meu pai.
"O que disse?" Seus talheres bateram com força no prato e suas mãos foram parar em cima da mesa.
Sua postura autoritária estava presente em todo o lugar, como sendo o prefeito acho que isso era um ponto positivo. Mas em casa as coisas eram diferentes. Minha mãe tocou em sua mão calmamente fazendo ele relaxar e baixar os braços me olhando com mais calma. Era assim pra todos, meu pai o fogo e minha mãe a água que o acalmava. Mas bastava muito pouco pros dois serem fogo e eu sabia daquilo como ninguém.
"Disse que não tenho mais amigas."
"Não precisa descontar na carne por conta disso." Minha mãe disse bebendo um gole do seu vinho tinto.
Assenti respirando fundo e me sentindo esgotada daquele jantar. Em dias normais eu continuaria toda a programação onde iríamos ouvir música no jardim e conversar sobre nossos dias mas hoje não estava muito afim de seguir os planos da família feliz. Subi por meu quarto assim que terminei e recebi a aprovação do meu pai que balançou a mão fazendo pouco caso.
"O que está havendo com essa menina Sidney?"
"Não faço a menor ideia Anelise, você tem que dar um jeito nela ou eu dou."
Senti as lágrima em meus olhos pessarem e não aguentaram muito para cair. Passei o resto da noite chorando em silêncio pensando em como minha vida estava mudando do dia pra noite.
"O que está acontecendo Bambi?" Perguntei pro meu cachorro que lambeu meu rosto assim que ouviu minha voz.
Não previ que minha relação com todas as pessoas a minha volta iria ser uma completa confusão. Eu me sentia muito mal por ver as coisas saírem do meu controle desde que fui pra detenção. Era errado culpar Daniel pela bagunça que estava sendo criada dentro de mim mas eu fiz isso mesmo assim. O culpei com todas as minhas forças, o amaldiçoando por em tão pouco tempo me atingir com tanta força.
A terça foi ainda pior. Novamente Daniel nem sequer olhou em meus olhos e eu senti meu sangue ferver enquanto passava por ele e o clube da confusão.
"Bom dia branquela." Trish disse me olhando de cima a baixo, Makaila sorriu safada pra mim e Jake soltou um beijinho debochado em minha direção. Já Daniel nem sequer me olhou. Eu poderia ter sido educada com Trish como seria o esperado da antiga Diana mas apenas a ignorei não reconhecendo a mim mesma.
Antes de ir à aula eu precisei ir ao banheiro recobrar um pouco da lucidez que ainda me restava. Me encarei no espelho fechando e abrindo os olhos ora ou outra. Eu queria estar tranquila, calma e centrada como sempre estive. Queria poder ter o antigo controle de não me deixar afetar pelos comentários a minha volta. Sempre tive que lidar com isso já que sou a filha do prefeito, a patricinha da cidade. Mas agora tudo parecia tão diferente, eu estava diferente. E não queria aceitar o fato de que eu estava aos pouco me estilhaçando.
O barulho da porta de um dos compartimento do banheiro me assutou e a imagem de Hanna atrás de mim me assustou. Seu cabelo estava bagunçado assim como sua franja e eu podia ver o pânico cobrir seu rosto. Desviei meu olhar da sua imagem no espelho pra a menina de verdade atrás de mim que trazia algo inesperado em mãos.
Engoli em seco vendo o objeto em suas mãos e seus dedos firmes em volta dele. De seus olhos lágrimas pesadas caíam e eu não sabia o que pensar, nem em como reagir.
"Deu positivo?" Perguntei com a voz falhando.
Seus olhos foram em direção aos meus e ela assentiu derramando ainda mais lágrimas. Ignorando qualquer sentimento externo eu fui até ela calmamente e lhe ofereci meu abraço que era a única coisa que podia reconforta-la.Passei a mão calmamente pelos seus cabelos tentando acalma-la e apesar de toda a confusão que cercava nossas vidas aquele não era o momento de egoísmo. Hanna podia ter acabado com a paz que estava minha vida mas agora parecia que estávamos no mesmo barco.
Segurei o teste de gravidez que estava em suas mãos e observei as duas listras rosas completas.
"Eu estou grávida."
Assumir isso em voz alta a fez desmoronar literalmente em meus braços então estávamos como nos velhos tempo juntas e abraçadas. Mas agora tudo havia mudado pois ambas sentiam assim como a amizade tudo parecia estilhaçar a nossa volta e o que nos restou por mais estranho que parecesse foi uma a outra.
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Lovesick
Teen FictionDiana não quer um novo amor, nem problemas nesse novo ano. Ela já tem tudo o que precisa: seu cachorro Bambi, suas amigas e seus livros favoritos. Mas então num sábado ela se encontra no lugar errado, na hora errada e acaba se encrencando. A prime...