Lovesick

CAPÍTULO QUATORZE

"Hoje mais cedo você disse que o cara com quem você traiu Bryan não é o mesmo com quem você tirou as fotos?" Disse me sentindo confusa e sem saber se podia mesmo confiar nela.

"Pra você não pensar que sou uma mentirosa, vou ser mais clara. Eu traí o Bryan, mas não com esse cara que sabe das fotos."

"O cara com quem estou é especial, Di. Nós temos algo a um tempo e ele está puto comigo por causa dessas fotos também."

"Como você pode ter certeza que ele não sabia das fotos?"

"Já disse, ele não sabe onde eu moro não poderia jamais saber sobre as fotos e nem teria porque espalhar isso."

"Eu também não teria motivo..." Não conseguiria esquecer o fato dela ter duvidado de mim, aquilo nunca sairia da minha cabeça como um grande motivo pra eu não confiar nela.

"Eu errei mas também não tenho culpa. Você não sabe o que fizeram comigo, o que estão fazendo e nem o que fizeram parecer."

"Então me conte! Seja clara, me diga nomes e dê detalhes. Se veio aqui pra me contar, me poupe de meias verdades. Eu quero a história por completo, Hanna."

"Você está certa, estamos juntas agora. Não estamos?" Assenti sem acreditar 100% naquilo.

Hanna me olhava praticamente implorando pra que eu confiasse nela mas não era tão fácil assim. Ela me decepcionou de verdade e coisas assim não são esquecidas da noite por dia. Eu já perdoei ela, com todo o meu coração e estou disposta a ajudar mas não vou olha-la com os mesmo olhos, nem confiar na sua amizade na mesma intensidade. Não até saber toda a vedada.

"Quem tirou as fotos Hanna?" Perguntei sem rodeios olhando fixamente em seus olhos.

"Me faça outra pergunta. Eu juro que respondo."

"Por que não pode responder?"

"Estão me chantageando, já disse isso. Eles estão me vigiando."

"O que você fez?"

"Eu comprava drogas e me individei com eles. Não posso mais pedir dinheiro aos meus pais e eles querem esse dinheiro. Enquanto eu não der eles vão me fazer pagar de outra forma."

"Quando você começou a fumar?"

"Desde que nos conhecemos eu fumo." Arregalei os olhos espantada com tantos segredos que ela escondeu de mim, a quem ela chamava de melhor amiga.

"Ninguém nunca soube, fora aqueles desgraçados." Hanna passou a mão pelos cabelos cor de mel e respirou fundo afundando na cadeira acolchoada da lanchonete.

"Foi um deles que tirou as fotos?"

"O líder deles." Podia sentir desgosto na forma como ela admitiu aquilo e sua expressão facial transmitia todo o ódio que sentia.

Minha cabeça fervilhava enquanto pensava quem dos dois havia feito aquilo. Jake ou Daniel. Aquela não era uma questão fácil de resolver, já que eu não fazia ideia qual dos dois era o líder.

"Por que não pode me dizer agora quem dos dois é o líder e acabar logo com isso?" Ela estava claramente nervosa e sua postura se ajustou rapidamente de um segundo pro outro. Até eu me assustei com sua mudança e fiquei com medo por ela.

"Me dê um guardanapo e uma caneta. Agora!" Sua respiração estava alterada e ela estava tremendo um pouco quando lhe entreguei meu caderninho de bolso e uma caneta.

Enquanto Hanna escrevia eu parei pra pensar no quão nervosa e tensa ela parecia e então me dei conta que não fazia ideia da gravidade da situação. Ela estava grávida de outro cara que obviamente não podia assumir os dois e tinha que manter o relacionamento com Bryan porque era a única coisa que fazia seus pais terem um pouco de fé nela. No meio disso tudo Hanna havia de envolvido com traficantes que estavam lhe comprando um dinheiro que ela não fazia ideia de como arranjar, estava sendo chantegeada e ameaçada dia após dia. Eu não aguentaria metade do que ela está passando e me senti até um pouco mal por não lhe apoiar logo de uma vez. Mas se fosse mesmo lhe apoiar precisava saber de algo antes.

"Hanna." Lhe chamei interrompendo o que ela escrevia. "O que fez você acreditar que eu que espalhei as fotos?"

"Na noite antes de receber as fotos recebi uma carta sua. Bem, agora sei que não era exatamente sua mas continha coisas que só você sabia sobre mim e realmente pareceu real. Eu posso te explicar melhor, posso até te mostrar a carta mas agora preciso ir."

Ela se levantou fechando o caderninho e me abraçou rapidamente antes de sair correndo desesperada. Me levantei e observei duas pessoas do lado de fora correrem atrás dela. Meu coração batia acelerado enquanto meu corpo inteiro tremia. Não sabia o que fazer, estava travada vendo Hanna entrar num carro desconhecido e sair a toda velocidade deixando as duas pessoas furiosas do lado de fora. Precisava ver quem eram. Por isso fui até o lado de fora na chuva ainda sentindo meu coração disparar.

Sentia tudo girar e minha visão estava péssima devido a chuva forte que caía. As duas pessoas de capuz discutiam entre si e podia ver que não eram mulheres pela forma do corpo. Senti o medo se espalhar pelo meu corpo e não sabia se me aproximava deles ou saia correndo. Meu instinto foi permanecer parada esperando um deles se virar o suficiente pra que eu pudesse ter a visão de seu rosto. O que não aconteceu, os dois seguiram caminhando na direção oposta a minha e eu estava com um grito preso na garganta. Queria bater neles por estarem perseguindo minha amiga, queria chorar por toda a maldade que eles estavam fazendo. Ela errou muito, não devia ter se envolvido com eles só pra começar. Suas escolhas lhe levaram a esta situação mas ela não merecia. E isso fez um ódio incomum surgir em meu corpo mas não o suficiente pra eu correr e espancar os caras na minha frente.

Entrei na lanchonete toda molhada de chuva e fui até a mesa onde estavam minhas coisas porque mais do que nunca eu precisava ir pra casa. Juntei minhas coisas, deixando o bloco de escrever por último e notei que a página onde Hanna havia escrito o recado estava rasgada. Sabe quando o mundo parece estar em câmera lenta? E os pequenos segundos de pânico se alastram devagar enquanto tudo desmorona. Enquanto meu olhar vagava pelo Pop's eu sentia um desespero fora do normal atingir cada célula do meu corpo.

"Procurando por isso?"

O pânico se intensificou assim que ouvi sua voz perto de mim. Meu olhar foi até o dele enquanto sentia meu coração bater tão forte que chegava a machucar. Seu sorriso cínico estava estampado enquanto entre seus dedos  pedação do papel balançava. Ele estava em pé muito próximo ao meu corpo e seu ar de brincalhão e descontração ainda era perceptível mas de um jeito totalmente novo pra mim. Olhando em seus olhos eu pude penetrar sua barreira por alguns segundos e vi quão obscuro ele era por dentro. Tudo que estava por fora era apenas uma casca que escondia algo terrível dentro de Jake Davis.

"Você não faz ideia no que está se metendo. Ela não sabe quem é o vilão e nem você." Seu sorriso de lado era encantador mas imersa naquela atmosfera de pânico eu só sentia mais medo quando ele sorria daquele jeito pra mim.

"Então princesa, sugiro que você fique de boquinha fechada e não se meta no que não pode lidar." Estendeu o papel na minha direção e eu peguei tentando ao máximo não tocar nele o que foi inevitável já que se aproveitando do meu medo Jane segurou da minha mão e sussurrou baixo no meu ouvido.

"Você parece ser uma menina legal, não ia gostar de ter que acabar com você." Finalizou dando uma piscadinha e caminhando lentamente pela lanchonete cumprimentando sorridente algumas pessoas que retribuiram animadas.

Sentindo tudo ainda girar me encostei na ponta da mesa ouvindo as pessoas perguntarem se eu estava bem e assenti todas as vezes. Baixei meu olhar pro pedaço de papel com o recado escrito as pressas pro Hanna.

             Estamos sendo vigiadas

Ao ler aquilo só senti que não deveria estar me envolvendo no meio daquela confusão porque eu de fato não sabia se podia lidar com aquilo. Mas então ele me veio a mente. Daniel Kurt e seu beijo marcante, suas mãos tocando minha cintura e meu pescoço. Ele com certeza estava envolvido no meio daquilo tudo. Mas como? Ele era o líder? Ele que estava chantageando Hanna? Seria ele o vilão? Mesmo com medo dominando meu corpo eu decidi que precisava de resposta pra aquelas perguntas e eu iria descobrir, queria dizer que faria aquilo por Hanna mas sabia que agora eu estava naquilo não só por ela mas também, por mim.