CAPÍTULO DEZESSEIS

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"Você faz parte de tudo isso, Diana." Franzi as sobrancelhas sem entender o que aquilo significava.

"Existe uma estrutura que move tudo isso Diana, não é tão simples quanto parece. O que você sabe não chega nem perto de ser o início de tudo. E o todo precisa ser escondido e protegido."

"Então porque está me deixando entrar nisso?"

"Me deixe terminar branquela."  Na boca dos outros aquele apelido era repugnante mas saindo da boca bem desenhada de Daniel não me pareceu tão mal. Talvez por isso eu tenha de fato lhe obedecido e cruzado os braços esperando sua resposta.

" Você saber pelo menos da ponta do iceberg evita muitos problemas futuros. Você é filha do prefeito, é uma das garotas mais certinha e centrada do colégio. Ainda assim, manteve segredo." Mordi o lábio odiando admitir internamente que ele estava certo.

"Mas essa não é a verdade, Diana."

"Não?" Suas mãos passaram pelos fios escuros me fazendo tremer por dentro, ele me encantava com cada pequeno detalhe.

"Não. Essa foi a resposta habitual. A que eu dei aos outros que acreditaram porque faz sentido."

"Muito sentido." Baixei o olhar me sentindo de repente boba demais por estar tão vulnerável naquele lugar.

"Ei, essa não é a verdade." Seus dedos seguraram delicadamente meu queijo me fazendo encarar seus olhos.

"Me diga o porquê."

"Assim que te vi na sala da detenção senti algo diferente. Confiei em você no momento que nossos olhares se cruzaram. Senti que queria você na minha vida e aqui está você."

"Decidi te mostrar a minha pior parte e se você sentisse o mesmo que eu voltaria ainda assim." Não poderia negar todos os questionamentos que surgiam quando eu pensava nele, toda aquela vontade insana de me conectar a Daniel e conhecer cada parte sua.

"Quer mesmo que eu acredite que fui a única?" Uma parte minha torcia para ele me dizer logo a verdade e me livrar de mais drama.

"Não precisa acreditar em mim, você viu os outros. Quando você foi embora eles quase me mataram mas agora estão desencanando."

"Por que acha que vou manter seu segredo?"

"Você já manteve." Seu sorriso pretensioso me atingiu com força fazendo meu coração disparar acelerado.

"Posso mudar de idéia." Disse sem nem acreditar nas minhas próprias palavras. Suas mãos tocaram minha pele descoberta pela tecido do vestido leve que subia.

"Tem certeza?" Podia sentir seu sorriso encostado na pele do meu pescoço.

"Você não é tão irresistível quanto pensa." Suas mãos passaram tocar cada vez mais suavemente minhas pernas enquanto seus lábios me torturavam com beijos demorados no pescoço.

"Tem certeza disso?" Sussurrou em meu ouvido segurando firmemente minha cintura. 

"Tenho." Respondi com a respiração falha.

Seus lábios passaram a encostar levemente nos meus, suas mãos subiram para o meu pescoço exercendo uma pressão gostosa enquanto seus polegares faziam carinho na minha pele.  Era torturante ter me controlar com toda aquela tentação.  Quando eu pensava que de fato Daniel ia me beijar ele se afastava rindo, me tendo totalmente nas suas mãos. Eu odiava aquilo e ao mesmo tempo não queria que ele me soltasse. Segurei em sua cintura involuntariamente impedindo que se afastasse mais uma vez e olhei em seus olhos quando seus lábios fizeram menção de se aproximar mais uma vez.

"Admita que quer me beijar." Seu rosto estava diante do meu. Sua respiração se misturando com a minha e nossos lábios estavam prestes a tocar. "Admita que quer sentir meu gosto e meu toque mais uma vez." Suas mãos firmes me puxaram ainda mais pra perto chocando nossos corpos. 

"Vim aqui pra conseguir respostas  e não mais problemas."

"Você vai ter problemas de qualquer forma branquela." Toquei em seu peito me afastando minimamente dele. Novamente, eu precisava pensar.

"Antes que pergunte, já lhe disse a resposta para o que está pensando. Você não faz ideia do que acontece Diana. De uma forma ou de outra você iria se envolver, sua amiga já está envolvida. Seria questão de tempo até você descobrir e querer saber mais sobre. Você é curiosa e corajosa, não demoraria muito." Meu coração continuava acelerado mas agora por um sentimento diferente: o medo.

"É um efeito dominó. Um amigo acaba trazendo o outro. Um afetado acaba afetando outro. Mas a diferença é que todos estão na superfície. Acham que somos apenas ridículos traficantes ou viciados fornecendo drogas na escola. Você adentrou uma camada. Você sabe que somos maiores que isso." 

"Não está me contando isso só porque confia em mim." Seu sorriso foi de admiração como se eu desvendasse sua máscara.

"As pessoas subestimam você, eu inclusive. Você é esperta Diana."

"Obrigada?" Disse lhe afastando de mim querendo me levantar. Aquilo estava ultrapassando limites que eu não podia cruzar.

"Ei, você quer mesmo saber de tudo não é? Entendo que essa situação com a Hanna está lhe machucando."

"Mesmo que quisesse não posso me envolver com você. Pareço ingênua mas sei que você não é confiável e que metade das coisas que fala é mentira."

"Você não pode ter certeza disso mas não lhe culpo por pensar assim. Eu realmente não sou a pessoa com quem você deve se envolver e procurar por respostas porque eu sempre vou lhe dar mais dúvidas."

"Você nunca vai me falar toda a verdade." 

Já esperava seu silêncio como resposta. Era muita estupidez pensar que  poderia arrancar alguma verdade de Daniel Kurt. Mas ao contrário de respostas, eu certamente encontraria reações . Foi o que eu recebi quando levantei da mesa fria e lhe dei as costas.

Sua mão segurou meu braço me fazendo virar em sua direção. Suas mãos já sabiam exatamente onde se encaixar em meu corpo, seus lábios já conheciam os meus e não demoraram a me fazer esquecer todos os meus pensamentos. Daniel conseguiu me mover novamente pra cima da mesa, me fazendo encaixar seu corpo no meu e fazer com que nós entrássemos em sintonia.  Suas mordidas em meu lábios intercalavam com a pressão que seu toque exercia em meu corpo, era uma mistura de dor e prazer que me alucinava aos poucos. Era difícil pensar em qualquer outra coisa naquele momento mas ainda assim algo dentro de mim se acendeu. 

Foi de repente e inesperadamente que me dei conta que estava fazendo tudo errado. Estava indo pelo caminho errado pra conseguir as respostas certas. Não bastava chegar fazendo perguntas e torcer pra que as respostas fossem verdadeiras. Não bastava ficar na superfície. Eu precisava me destacar no jogo. Saí de casa com a ideia de que precisava agir em mente. Era isso que iria fazer de agora em diante. Como Daniel disse, de uma forma ou de outra eu iria me envolver naquilo e agora já estava envolvida por completo. Era minha vez de jogar e mais importante que isso, era minha hora de ser uma peça importante no tabuleiro.  





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