Tentava com todas as forças dormir, eu precisava dormir! Só conseguia pensar da textura dos seus lábios, da forma como seus dedos apertavam minha cintura e tudo que eu senti em cada segundo. Meu primeiro beijo foi no lugar errado, com a pessoa errado mas eu não conseguia pensar em um beijo melhor. Foi exatamente como eu esperei, na verdade, foi bem melhor.
Abraçando meu cachorro Bambi eu fui devagar pegando aos poucos no sono com Daniel em meus pensamentos.Mas com a luz do dia meus sentimentos mudaram. De apaixonada eu me vi defensiva. Será que ele falaria comigo? Eu falaria com ele? Não podia ignorar a realidade, nós pertenciamos a mundos diferentes. Me senti meio enjoada assim que sentei na cama e tentei de fato me levantar, a ideia de que a algumas horas eu o veria não ajudava em nada, só me sentia cada vez mais nervosa e isso com certeza não era normal. Sonhei em me apaixonar, via esse sentimentos representado nos filmes, lia sobre ele em livros mas na vida real era completamente diferente. Tudo bem, a sensação inicial é de puro êxtase mas ninguém dizia como era ruim o que vinha depois. Era como se ver cainho de um penhasco e não poder se salvar. Eu estava me apaixonando por Daniel e foi apenas um beijo! E ele era o pior pretendente de toda a cidade! Eu não era garota pra ele e ele com certeza não era o garoto certo pra mim.
"O que está pensando Dia?" Pulei de susto ao escutar a voz de Beth entrando no quarto com a bandeja de café da manhã.
Beth era minha governanta a muitos anos, desde que me conheço por gente pra falar a verdade. Eu odeio segunda-feira e Beth sabia disso, então toda segunda ela trazia meu café na cama e hoje não foi diferente.
"Nada importante." Disse colocando uma uva na boca pra que palavras demais não escapassem. Eu e Daniel ainda era um segredo e por enquanto eu gostava disso.
"Me parece um pouco nervosa." Sua cabeça pendeu pra um lado enquanto ela me observava. "É algum garoto?"
Como sempre Beth acertou na sua análise, ela me conhecia como ninguém mas eu não podia contar pra ela ainda. Na verdade acho que nunca contaria que meu primeiro beijo foi na sala do zelador, não que eu me arependesse é só que não era o que nós sonhavamos. Eu e Beth idealizavamos meu primeiro beijo da forma mais perfeita, em um jantar romântico ou num barco em uma noite iluminada pela lua. Nós éramos românticas e amantes de histórias de amor então era quase impossível não tranferir nossas expectativas amorosas pra nossa imaginação. Mas a imaginação não havia se tornado realidade e eu tinha receio em decepcionar Beth porque sabia que assim que contasse toda a nossa fantasia morreria. E no fundo eu não queria matar a fantasia do meu conto de fadas perfeito, que fosse patético e irreal como Hanna dizia mas um fato sobre mim é que eu nunca vou deixar de sonhar com finais felizes. Então que eu seja uma boba, aceito esse julgamento com orgulho.
"Não tem nenhum garoto, é só que hoje tenho um exame importante."
"Então boa sorte." Seu beijo na testa foi demorando e transmitiu toda a paz que eu precisava.
Eu realmente precisei de muita sorte porque assim que entrei no colégio senti uma onda de olhares negativos serem dirigidos na minha direção. Os boatos não morriam tão cedo no meu colégio e parecia que certas pessoas gostavam de manter esse boato especialmente muito vivo. A forma como Hanna me olhou denunciou que em seu coração não existia mais amor pra mim, era só raiva que exalava dela. Eu queria poder conversar com ela e perguntar o porquê de tudo aquilo mas não estava disposta a me humilhar pedindo seu perdão novamente quando o que ela fazia era me caluniar acreditando que eu seria capaz de lhe causar tanta humilhação. Ela provou que não me conhecia suficiente pra de fato ser minha melhor amiga e eu acabei descobrindo que não a ter mais em minha vida foi um presente. Já Lili apesar de se manter do lado de Hanna me dirigia um olhar piedoso como se pedisse desculpas por escolher o lado errado e mesmo estando com raiva por ela não falar mais como eu a desculpei a distância lhe dirigindo um sorriso compreensivo.
Guardava minhas coisas ouvindo as pessoas atrás de mim fazerem todo tipo de comentário, eu de fato nunca achei que passaria por isso mas é como dizem o mundo dá voltas que não podemos prever. Peguei os livros do dia e fechei o armário notando que o fluxo de pessoas a minha volta diminuiu. Meu olhar se passou por todo o corredor parando numa pessoa que estava encostada nos armários do outro lado do corredor. Nunca havia reparado nele detalhadamente em todos esses anos.
Ele usava uma calça jeans folgada junto com uma camisa xadrez vermelha e all strars. Um cigarro estava em seu bolso da frente, seu sorriso sacana arrematava tudo de vez e o cabelo bagunçado me fazia ter sérios problemas de respiração. Nossos olhares estavam conectados de uma forma que eu chegava a me sentir desconfortável, passei a olhar pros lados vendo que algumas pessoas ainda estavam no corredor e temi uma aproximação dele quando o seu andar veio em minha direção. Daniel apenas se posicionou bem na minha frente encostando as costas nos armários e cruzando os braços assim como fazia no quanto do corredor.
Seu olhar era desafiador como se quisesse saber qual seria meu próximo passo e nós dois sabíamos que ele definiria tudo. Caso o ignoradas seria assim pra sempre, caso não eu não podia prever o que aconteceria em seguida e isso fazia um frio na barriga surgir com força. Assim que apenas dois nos encontramos no corredor eu aproximei meus passos dele.
"Oi." Disse apertando os livros em meus braços era a coisa mais ridícula a se dizer. Eu me sentia ridícula e mordi internamente minha bochecha me arrependendo de tudo aquilo.
"Oi." Seu sorriso aumentou mas ainda assim eu não podia ver completamente seus dentes e era incrivelmente fofo desse jeito. Coisa que parecia bem contrastante considerando o contexto Daniel Kurt.
"Achei que não falaria comigo." Disse descruzando os braços e se aproximando.
"Também achei isso." Disse com o coração acelerado e apertando os livros como nunca.
"Não precisa ter medo." Sua mão tocou a minha acalmando meus dedos que seguravam firme os livros. "Já disse que não faço nada que não queira."
Seu corpo se inclinou próximo ao meu e de repente nossas bocas estavam próximas demais. Era perigoso demais, não podia me deixar levar desse jeito. Mas o cheiro de sabonete de amêndoas me fez repensar minhas decisões, seus olhos sobre o meu corpo me fez tremer e eu me vi novamente em seus braços.
"Esse é o problema, eu quero." Uma mão estava em minha cintura enquanto a outra segurou delicadamente meu rosto e eu vi sue rosto se aproximar ainda mais do meu.
"Então não hesite." Ele disse já com os lábios encostados nos meus. Queria ter forças pra me afastar e não deixar seus lábios tocarem os meus tão delicadamente. Ele me tocava com cuidado e carinho diferente da primeira vez em que nos beijamos. Agora seus lábios deslisavam sobre os meus com cuidado e calma. Eu sentia tudo mil vezes mais intesamente e queria me desmanchar em seus braços, queria mais e era loucura. Sabia que era errado mas gostava de cada segundo e queria ainda mais. Daniel estava mechendo bem mais do que só com meus pensamentos, ele mexia com meus conceitos sobre mim mesma, sobre o que eu de fato queria e aquilo era muito novo pra mim.
O fato dele optar por ser tão carinhoso não ajudou em nada, porque agora eu não sabia mais o que esperar dele. Minha cabeça estava uma loucura quando nossos lábios se afastaram e seus olhos encontraram os meus.
"Bom dia Diana." E assim ele saiu caminhando pelo corredor me deixando estática e atordoada ainda com a sensação do seu beijo em meus lábios. E novamente me vi querendo mais.
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Lovesick
Teen FictionDiana não quer um novo amor, nem problemas nesse novo ano. Ela já tem tudo o que precisa: seu cachorro Bambi, suas amigas e seus livros favoritos. Mas então num sábado ela se encontra no lugar errado, na hora errada e acaba se encrencando. A prime...