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O Alec corria com o carro a todo vapor em direção a escola.

- Caso sua irmã tenha feito algo com minha amiga, não serei responsável pelos meus atos - digo séria, sentindo meu sangue borbulhar. Ele desvia sua atenção por alguns segundos para me encarar.

- Opa, linda-maravilhosa-rainha, tudo bom contigo? - brinca afinando a voz. Vacilo dando um pequeno sorriso, mas me recomponho e continuo séria.

- Okay, entendi. Coitada da April. - diz um pouco assustado quando ver que eu não estava brincando. O que posso fazer? Eu sou assim. Não dou a mínima se mexerem comigo, mas se mexer com alguém que eu me importo, pode se considerar uma pessoa morta ou deformada.

O Alec para com o carro em frente ao colégio para que eu desça enquanto ele ainda irá procurar uma vaga para estacionar. Vou até a porta do colégio e percebo que a mesma está trancada. Escuto um barulho vindo do ginásio e caminho para lá, então as encontro. Uma multidão cercava April e Louisa, alguns filmavam e outros estimulavam a briga. Passo com dificuldades entre as pessoas, praticamente sou esmagada, até conseguir chegar nas meninas. A April não parava de gritar. Atena estava tentando tirar a Louisa dali, mas o público não deixava e nem a April.

- O que aconteceu? - pergunto para a Atena, que quando vai explicar, é interrompida pelos gritos ensurdecedores da April.

- Chegou a última integrante do grupo das vadias - fala debochada e eu me viro para encara-la.

- Você as chamou de que? - me aproximo dela.

- Vadias! Afinal, esse é o nome de garotas que ficam com caras compromissados - responde irritada e eu olho incrédula para Louisa. Ouço algumas pessoas a chamarem de vagabunda e outros xingamentos desnecessários. Aquilo me irritou.

- Ei! - chamo a atenção de todos que se calam - Talvez ela tenha feito, mas o que vocês têm haver com isso? Todos aqui já erraram alguma vez na vida.

- Não tenta defender essa vagabunda - me interrompe e eu a encaro com nojo.

- O que ela fez foi errado? Claro, mas uma boca não beija sozinha. Se seu namorado não quisesse, ele não teria deixado rolar. Por que você não grita com ele também? - sinto Nicolas me fuzilar com o olhar.

- Ela que o beijou a força - rebate.

- Assim como eu e você somos melhores amigas - ironizo - April, pelo amor de Deus, todo mundo está ciente que o Nicolas pega o colégio inteiro nas festas que ele frequenta. Beijar a Louisa não foi um grande esforço.

- Isso é mentira - Nicolas entra na conversa, tentando livrar sua barra.

- Quantas garotas ficaram com o Nicolas na última festa? - grito e doze meninas levantam as mãos envergonhadas.

- Detalhe, eu disse última festa. Imagina se fosse contando o ano inteiro? - debocho e April deposita um tapa na cara do Nicolas. Ela começa a fingir um choro. Ajudo a Louisa, colocando uma mão na sua cintura e com a outra passo seu braço pelo meu pescoço.

- Saiam de cima, urubus - Atena expulsa as pessoas enquanto faz um coque em seu cabelo cacheado. Quando estávamos perto da saída, escuto April voltar a gritar xingamentos contra mim e as meninas.

- Que mulher histérica - reclamo e passo Louisa, que ainda se derrama em lágrimas, para os braços da Atena. Caminho de volta até a April, que estava de costas, fazendo um discurso patético para as pessoas ao seu redor. Cutuco seu ombro, ela se vira para me encarar, dou um sorriso e o desfaço, acertando um murro em seu nariz. Ela começa a gritar de dor e desespero.

- Agora você tem um bom motivo para fazer esse circo todo - digo e saio com as meninas. Escuto pessoas reclamarem, outras assobiam e aplaudem. Encontro o Alec na saída, ele me olha assustado e depois mostra um pequeno sorriso, satisfeito com minha atitude.

- Garota, você arrasou! - Atena pula no meio da rua. Louisa tinha parado de chorar e eu agradecia aos céus por isso.

- É, obrigada - ela múrmura.

Minha Querida JúpiterOnde histórias criam vida. Descubra agora