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A Atena me vira para encara-la.

- Por que você deixa a April te tratar que nem uma barata? - seu olhar transmite raiva.

- Júpiter, a Atena está certa. Você não pode simplesmente aguentar calada, têm que revidar - diz Louisa totalmente calma enquanto passa as mãos por minhas costas.

- Ela não vale a pena - é tudo que consigo murmurar.

- Enfim, o que acham de tomar um sorvete na House's e depois pegar um cinema? - sugere Louisa empolgada.

- Eu adoraria ir, porém tenho treino já que o campeonato é no fim do mês, temos de estar preparadas. Fica para próxima, amo vocês. - lamenta Atena e se despede com beijo na bochecha de cada uma de nós.

- Tenho que ir para o hospital, sinto muito. Talvez um outro dia. - falo totalmente sem graça, Louisa balança a cabeça sendo compreensiva.

- Tudo bem, mande um beijo para Emily por mim. - dito isso ela passa pela porta principal, deixando o colégio.

[...] Abro a porta do luxuoso hospital que frequento há um ano. Na recepção dou o meu nome e a recepcionista me entrega um cartão de visita para a ala de urgência pediátrica. Caminho para tal local passando por médicos e enfermeiros que trabalham por aqui. Na sala de espera, fico surpresa ao ver meu pai lendo o jornal em uma das cadeiras que por ali tinham.

- Pai?- o chamo um tanto confusa por sua presença.

- Olá querida - diz com um sorriso se levantando.

- O que faz aqui? - não contenho minha curiosidade e acabo sendo direta.

- Exatamente, o que você faz aqui? - a voz de minha mãe ecoa pelo local, fazendo meu corpo se virar para encara-la.

- Até onde sei, não sou proibido de ver as minhas filhas. - ele responde enfrentando minha mãe.

- Ainda - ameaça minha mãe levantando o tom de voz.

- O que quis dizer com isso? - não demora muito para que comecem a discutir, como sempre. Meus pais, um dia, se amaram muito e eram felizes sendo um casal perfeito. Até que um dia as brigas começaram a ficar constantes, qualquer coisa era motivo para um bate boca, então o amor que tinham virou um ódio sem fim.

Os deixo para trás e pego uma autorização para entrar na UTI pediátrica, vou em direção ao quarto de número 203. Bato na porta levemente enquanto a empurro em seguida abrindo uma pequena brecha, ao observar aquela pequena garota deitada, entro. Logo fecho a porta atrás de mim.

- Juju - sussurra em um tom fraco, mas ainda sim animado. Emily, minha irmã.

- Olá pequena Bela - a cumprimento com um sorriso. Desde pequena a Emily me chama de Juju e eu a chamo de pequena Bela, pois A Bela e a Fera é seu conto de fadas favorito.

- Como você esta? - Pergunto sentando em uma poltrona marrom ao seu lado, deixada ali para que seus acompanhantes tivessem algum lugar onde pudessem ficar durante suas visitas.

- Melhorando. Não vomitei ontem, apenas continuei com dor de cabeça. - conta com um sorriso de canto, já era um grande avanço para seu estado.

- Veja o que eu trouxe para você - mostro o livro que comprei na semana anterior.

- Obrigada Juju - seus olhos brilham ao pegar o livro.

Emily ao contrário de mim, sempre foi uma garota especial. Há um ano ela começou a sentir fortes dores na cabeça e apagava logo após. A levamos para um hospital. Um não, cinco. E todos, simplesmente, não foram capazes de descobrir o que a Emily possuí. Alguns médicos estão trabalhando especialmente em seu caso, meu pai paga uma fortuna para que eles se dediquem somente a isso. Minha mãe, por sua vez, paga a despesa da Emily neste hospital, já que aqui alguns medicamentos conseguem aliviar um pouco de sua dor.

Ficamos conversando por um bom tempo, sempre que venho tento faze-la se distrair e rir um pouco. Meu pai bate na porta e pede um tempo com a Emily, porque o hospital só permite uma pessoa de cada vez durante a visita. Dou um beijo em sua testa e me encaminho pelo corredor daquele andar. Ele me leva a uma escada de emergência, onde dá em uma espécie de cobertura que parece ser mais uma enorme varanda abandonada. Me assusto ao ver a sombra de alguém encostado no pequeno muro da varanda, por ser abandonado ninguém vêm a este lugar. Decido não fazer contato com tal pessoa, dou meia volta e tomo o rumo de casa.

Minha Querida JúpiterOnde histórias criam vida. Descubra agora