1. Prólogo

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Eu nunca fui muito sociável, mas depois dos meus quatorze anos, meio que fui obrigado a frequentar mais eventos do que gostaria.

Tendo um pai dono da maior rede de comunicações da Coreia e uma mãe que tinha três dos seus livros no topo dos mais vendidos naquele ano, eu estava sendo sempre submetido a flashes de luzes contra meu rosto e, pelo menos, uma matéria no jornal principal da cidade sobre o que eu comi no café da manhã durante a semana.

Eles me tratavam como se eu estivesse escrito os livros ou fundado a grande JAEXPORT, e não como se eu apenas fosse o filho de quem, de fato, tinha criado ambos. Me tratavam como uma celebridade que gostariam que eu fosse, mas que não tinha nada a ver comigo, e isso me incomodava ao extremo.

Me incomodava não poder sair com os meus poucos amigos para comer uma pizza no centro da cidade, me incomodava não conseguir frequentar um pub qualquer sem que fotógrafos inundassem minha visão e me incomodava que eu tinha que preferir ficar em casa do que ir à algum lugar, porque certamente tudo estaria sendo filmado.

Com meus poucos dezessete anos, eu nunca tinha tido um namorado.

Não só porque eu seria jogado na fogueira por estar com alguém do mesmo sexo que eu, mas também porque acho que ninguém gostaria de mim o suficiente para suportar tudo o que vem junto comigo no pacote. Quer dizer, eu não era a pessoa mais interessante do mundo, não tinha nada demais, então eu também nunca procurei me interessar por alguém, uma vez que era provável que ninguém se interessasse de volta.

Mas se soubesse que estava tão enganado assim, pelo menos me prepararia para a o impacto que isso causaria na minha vida.

Ele tinha tudo o que minha família repudiava: tatuagens espalhadas pelo corpo bem feito, mais piercings do que podia contar, o cheiro característico de cigarro com o aroma de menta da pasta de dente na boca, notas vermelhas no boletim escolar, nenhuma aprovação em faculdades, um humor sátiro e, claro, nenhum posto socialmente aceito pelas ricas famílias de Mokpo.

Eu era um dos rostos mais comentados naquela cidade, não fazendo nada que passasse despercebido, mimado por ambos os pais, tendo dinheiro a minha disposição a todo instante, assim como o motorista, e, claro, um lençol de solidão cobrindo e apertando meu coração todos os dias.

Nós éramos literalmente o oposto.

E, ainda sim, eu não consegui evitar de me perder por inteiro nos beijos viciantes de Im Jaebum.

Nos seus toques, caricias e palavras. Eu me perdia completamente no universo que ele me proporcionava com apenas o toque de peles.

E tudo relacionado aquele garoto me trazia o sentimento pelo qual eu parecia esperar por toda a minha vida. Todavia, eu não sabia qual ele era, eu sentia que ele era tudo o que eu sempre quis, ao mesmo tempo, tudo o que eu nunca tive a oportunidade de conhecer.

Mas Jaebum me fez reconhece-lo da melhor maneira possível.

Demonstrando-o.

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