13. Fotografia

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Como sempre, Jaebum estava em sua moto. E mesmo que aquilo tudo ainda fosse muito novo para mim, eu meio que estava começando a gostar de percorrer a cidade inteira em sua garupa, sentindo o vento bagunçar meu cabelo e trazer todo o seu perfume diretamente pro meu nariz. Era gostoso e confortável, absolutamente tudo durante o percurso de cinco minutos de uma ponta de Mokpo até a outra; a rua cheia de árvores longe do centro, a pracinha perto da escola, o frio na barriga... Quando ele estacionou, bem em frente ao seu apartamento, desci me perguntando se a ideia que ele tivera para me tirar de casa era me trazer para cá, porque a verdade era que eu me sentiria bem mais a vontade sentado na cozinha de Jaebum do que em qualquer outro canto. Mas ele só prendeu os dois capacetes na moto, sem fazer menção alguma de entrar no prédio.

— A gente vai entrar? — Perguntei enquanto ajeitava a bolsa que levava minha câmera no pescoço. Meu pai havia me presenteado com ela no meu aniversário de quinze anos, quando ele achou que eu poderia fingir que ele não tinha esquecido a data se me desse um presente caro. De fato, eu não liguei muito porque me preocupei mais em fotografar borboletas posando em flores no nosso jardim e o verde vívido das plantas quando o sol batia nelas.

— Hoje não — sorriu pra mim. — Vem.

Nós caminhamos por algumas ruas, entrando em alguns becos sujos e atravessando avenidas não tão movimentadas quanto as da capital, mas tão lindas quanto elas por causa da arte de rua característica. Quis perguntar para onde iríamos de fato, mesmo que estivesse aproveitando a viagem pelos asfaltos desconhecidos, mas em algum momento entre as vielas calmas de Mokpo, o sol das quatro da tarde bateu no rosto de Jaebum enquanto esperávamos o sinal abrir e eu simplesmente perdi a noção de tempo, espaço e palavras também.

Eu nunca... fui amante de fotografia. Pelo menos não desde sempre. Foi só depois do ensino médio que eu percebi que existiam pessoas cegas demais em um lugar onde haviam coisas bonitas demais e preciosas demais para não serem apreciadas demais. Comecei a enxergar isso e fotografava-as como forma de lembrar a mim mesmo de que elas estavam ali para mim e para todo mundo; bonitas. Independente de achismos. Me agradava mais a ideia de achar que tudo era bonito de um jeito único — como a poesia — e que a beleza era relativa. E o conceito de relatividade sempre esteve muito presente na minha cabeça.

Mas meio que Jaebum extrapolava todos os meus conceitos porque, sinceramente, eu jamais vira algo tão bonito quanto ele. Em todos os jeitos possíveis. E se alguém discordasse disso, eu provavelmente diria que ele estaria completamente louco e fora de si.

E Jaebum ali, segurando um maço de cigarro e acendendo um deles enquanto o sol — o mesmo que deixava seu cabelo e pele brilhando — se escondia atrás de alguma nuvem, prendendo a droga entre os dentes e olhando para mim, fez com que tudo, absolutamente tudo, o que eu tinha aprendido na minha vida inteira fosse questionado tão veemente que eu só quis pedir para que ele não fosse embora antes de me dar as respostas para todas as dúvidas que não existiam antes dele aparecer.

Eu não queria Jaebum em um lugar onde eu não pudesse tocá-lo ou senti-lo.

— Você pode tirar uma foto, se quiser.

Ele sussurrou, bem baixinho. Não de uma maneira debochada com um sorriso de lado, mas sua voz saíra serena e rouca. Sem entonação, ele só falou. E com dois passos para trás, mesmo hesitante, foi o que eu fiz, capturando a fumaça e tudo o que ela significava para o garoto.

Eu me sentia um bocado envergonhado depois que tirei o olho esquerdo da câmera, mas não o bastante ainda.

— Vamos — ele disse quando o sinal abriu.

E não demorou mais de quinze minutos até chegarmos ao destino estabelecido por Jaebum, o caminho inteiro fui capturando fotos singelas da paisagem e de coisas que provavelmente não significavam nada para ninguém, mas que me traziam paz, e, de vez em quando, fotografava o garoto também. Em certo momento, Jaebum se aproximou cautelosamente de mim, tirando a câmera do meu pescoço e dizendo que ela ficaria consigo por um tempo, o que resultou em algumas fotos tímidas minhas quando eu claramente não estava olhando para perceber.

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