17. Seguro

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Eu havia arrastado Jaebum para a biblioteca naquela sexta-feira e descobri que, exceto pelo dia que acabamos na detenção, ele não havia se dado o trabalho de entrar nela por vontade própria durante o tempo que ficou naquela escola — mas eu não estava surpreso, de qualquer modo. Por ser uma escola pública de ensino médio, a Chapae tinha uma biblioteca com acervo de livros precário e um espaço pequeno entre as poucas estantes dali por causa da pouca verba do governo, no entanto, o espaço era o suficiente para Jaebum me puxar pela cintura e me roubar um beijo, do mesmo jeito que ele tinha feito antes.

Ele continuava faltando as primeiras aulas pelo menos duas vezes na semana, mas no intervalo ele sempre estava sentado na mesa habitual, junto com Mark e Jinyoung — Mark faltava mais vezes que ele e Jinyoung, inesperadamente, comparecia a todas as aulas pontualmente, pelo menos nos últimos dois meses. Jaebum dizia que ele estava perdendo a essência do grupo, mas o Park apenas ria e desconversava enquanto desviava o olhar para o refeitório todas as vezes em que o amigo tocava naquele assunto.

Então, quando ele aparecia nos primeiros horários, nós tínhamos um tempinho antes da terceira aula do dia para sentar na seção de fantasia e folhear alguns livros. Comumente, eu folheava-os enquanto Jaebum beijava meu pescoço, ao passo que me tinha entre suas pernas, com minhas costas no seu peitoral. Estar com ele, eu pensava às vezes, me trazia uma sensação de ser indestrutível. Como se estivesse eu contra o mundo e, contanto que Jaebum estivesse olhando pra mim, as coisas ficariam mais fáceis de serem resolvidas. Costumava pensar também, em meio a uma risada incrédula, que aquilo tudo eram pensamentos de alguém apaixonado que nunca se apaixonou antes, mas eu já tinha negado aquilo pra mim demais; decidi só deixar aquilo claro na minha cabeça.

Quando o sinal soou, indicando o início da terceira aula do dia, eu avisei-o que iria ao banheiro antes de ir para a sala. Era Química Geral e nós iríamos para o laboratório naquele dia, o que significava que a aula prática me tiraria a oportunidade de sair da sala outro horário, então preferi prevenir.

Enquanto terminava de lavar minhas mãos, repassei alguns conteúdos que tinha que revisar quando chegasse em casa. Nos últimos dias, eu não tinha dado tanta atenção à escola e não consegui evitar de ficar um pouco apreensivo. Tudo bem que no final do ano letivo parece que todo mundo começa a relaxar de uma forma ou outra, e eu tinha confiança no que sabia também, mas... o vestibular ainda carregava um peso enorme entre as letras. Me mantinha acordado noites e noites. Minhas lamúrias internas foram interrompidas pelo rangido da porta do banheiro abrindo.

No rosto juvenil, Yugyeom tinha, além de uma surpresa por me encontrar, uma expressão dura, mas não era raivosa. Era apenas apática, quase como ele se esforçasse para que os seus lábios ficassem crispados em uma linha reta e não pomposos como costumavam ser.

Desviei o olhar do espelho de volta para as minhas mãos, ensaboando-as. Com o canto do olho, enxerguei ele parando na pia ao meu lado e depois abrindo a torneira. Na ponta dos dedos e na extensão deles, tinta de caneta azul coloria sua pele fortemente. Me concentrei em tirar o sabão dos meus ao passo que ele começava a esfregar as mãos. O silêncio dentro do banheiro era quase torturante, porque olhar para Yugyeom fazia com que questionamentos voltados à Bambam coçassem na minha garganta e borbulhassem no meu estômago feito um caldeirão fervendo.

Dessa vez, fui eu que crispei os lábios numa linha reta, como se temesse que eu perguntasse algo que me arrependesse depois. Algo do tipo "Bambam ainda me odeia?" ou "Ele sabe que eu não odeio ele?" — então "Yugyeom, por favor, diga à ele que que me arrependo de tudo", porque eu não me arrependia na verdade — ou me arrependia? —, mas o que eu teria que fazer para que nós voltássemos a ser como éramos antes?

Eu teria que escolher entre ele e Jaebum?

Então, de repente, o peso daquela sentença apareceu. Porque dado o tempo de convívio... Bambam me tinha por completo. E eu também o tinha porque conhecia cada micro expressão que se formava no seu rosto. Mas Jaebum não era mais a incógnita de meses atrás, eu conseguia olhar em seus olhos e enxergar alguns dos seus sentimentos.

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