15. Êxtase

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importante: em um momento da história, o narrador passa a ser em terceira pessoa! próximo capítulo o youngjae retorna a narrar;

me desculpem a demora :( podem atirar os paus e pedras >< espero que gostem de verdade!! boa leitura!!

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Depois que Jaebum saíra do meu quarto, eu passei mais alguns minutos deitado na cama, sentindo o embrulho no meu estômago fazer parecer que o garoto ainda estava lá. Mas não era como se ele tivesse de fato ido; o seu cheiro estava preso em mim como um maldito feitiço.

Ne remexi na cama mais vezes do que pude contar e, de repente, os minutos viraram horas e os raios de sol fracos não entravam mais pela janela do quarto, me fazendo abrir os olhos e encontrar um completo breu. Liguei o aquecedor e, antes de fechar a porta da varanda, me certifiquei se por entre as arvores do jardim não existia nenhuma silhueta conhecida. Não tinha. Fechei a porta, mas não a tranquei. Talvez eu esperasse pela continuação dessa história de Romeu e Julieta.

Tomei um banho rápido e bem quente e coloquei roupas confortáveis. Deixei uma melodia calma tocando na TV enquanto organizava alguns papéis na minha escrivaninha e esperava os ponteiros do relógio indicarem o jantar. Desde criança, nós tínhamos os horários certos bem definidos para o jantar, mas depois de um tempo ninguém mais almoçava ou jantava junto. Ou meu pai estava em alguma reunião na sala dele ou... bem, esse sempre era o principal empecilho dos nossos encontros.

Com um bolo discreto na garganta, calcei minhas pantufas e desci as escadas para buscar um copo de água na cozinha. Como já passava das dezoito, os empregados já tinham ido dormir e a casa, assim como meu quarto, estava um breu completo, exceto, claro, pela última porta do corredor, de onde a voz do meu pai ecoava de forma carismática, provavelmente sendo direcionada à algum cliente que falava consigo por chamada de vídeo. Ele não era legal desse jeito com ninguém, a menos que fosse receber algo em troca.

Me enjoava um pouco pensar isso sobre meu próprio pai, mas o Youngjae misericordioso e ingênuo tinha ficado para trás a alguns anos, por conta disso, eu apenas aceitava a realidade como ela era e reproduzia-a da maneira que achava melhor — no caso, sendo imparcial. Não o achava um bom homem, sinceramente, e estava lutando para que isso me afetasse o mínimo possível. O terceiro ano estava no caminho para o seu fim e eu não queria ficar ali. Era isso que me enjoava, mais que tudo.

No entanto, eu sabia que seria uma conversa difícil e, bom, parte de mim sentia que eu não teria muito êxito no final das contas, mas não custava nada pelo menos tentar...

Todavia, eu ainda tinha outro empecilho.

Porque Im Jaebum, a cada minuto que passava, estava um passo mais próximo de mim. E, pensando nisso agora, eu acho que deveria ter impedido isso enquanto podia.

Nos últimos dias eu me sentia raivoso constantemente, principalmente — e unicamente, na verdade — nos momentos em que estava sozinho no meu quarto, sem ninguém perto. Isso porque minha vida estava uma bagunça e a razão dela ter saído completamente para fora dos trilhos tinha um poder de persuasão incrível que havia me convencido a não se preocupar com isso por hora.

Mas agora eu fico pensando, por mais tempo que gostaria, no que aconteceria se Jaebum simplesmente fosse embora. Eu teria que voltar a minha rotina e, sinceramente, eu estava tão dentro disso que eu me sentia afogando só de pensar em... não ter mais. Não ter mais isso.

Não ter mais... ele.

— Que patético, Youngjae, parabéns — sussurrei, num suspiro errado, enquanto bebia a água gelada de uma vez só, sentindo ela arranhar minha garganta como palavras não ditas.

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