Não era como se Im Jaebum representasse todo o êxtase da minha existência.
Mesmo com a falta de experiência com relacionamentos amorosos — ou o que isso tudo parecer —, eu sabia dosar minuciosamente o quão dependente eu era, ou achava ser, das pessoas ao meu redor. Havia uma janela trancafiada com correntes de ferro onde estavam guardadas todas as coisas pelas quais valiam a pena existir; coincidentemente, Jaebum tinha a chave e me tinha feito o favor de rodá-la no cadeado em troca de alguns beijos. Como se eu descobrisse um universo completamente novo e excitante cada vez que nós estávamos juntos, seja olhando para o céu sem pretensão alguma de voltar para casa ou investigando como havíamos chegado naquele ponto, explodindo em fogos quando nos tocávamos.
Mas agora, andando pelos corredores em direção ao refeitório, não consegui evitar de procurar as vestes escuras e características do garoto em meio ao lugar. Não queria admitir para mim mesmo que uma das sensações que Jaebum me trazia era a de segurança, porque embora eu conhecesse tanto sobre aquele garoto quanto conhecia um livro que lera apenas a sinopse e os comentários sobre ele — era como se eu estivesse pisando em ovos —, a experiência de vida estava me gritando que eu teria de ser cauteloso; meu âmago só queria correr com passadas firmes em direção à ele.
Merda.
Depois de Jaebum, meu arsenal de metáforas estava se esgotando e eu parecia um garotinho apaixonado.
Mas é claro que eu jamais falaria isso em voz alta.
Esperei alguns minutos na fila e peguei meu lanche — um sanduíche natural e uma xícara de chá — quando chegou a minha vez. Era um saco estar no ensino médio sem amizade alguma para passar os intervalos junto, e, considerando que eu nem mesmo vira Bambam depois do meio da segunda aula, esse era meu caso. Era bem típico dele quando aparecia algum problema. Faltar algumas aulas, como no dia posterior ao que ele e Jackson se beijaram pela primeira vez, e bloquear meu número (ou não atender minhas ligações, mas naquele caso, diferente das nossas outras discursões, eu nem mesmo havia tentado).
Mais uma coincidência fora, naquele dia em específico, o refeitório estar cheio e Jaebum e os seus dois companheiros fiéis decidirem de repente que a vitamina de frutas da cantina era melhor que as frituras que eles compravam na esquina, aparecendo de supetão e escolhendo a mesa bem no centro.
(nós éramos tão diferentes, que aquilo me sufocava as vezes).
Ultimamente, eu me questionava se eles não cansavam daquilo tudo, assim como eu me cansara desde a primeira vez que aquilo aconteceu. Não era do meu feitio toda aquela áurea narcísica, mas, novamente: era incorrigível.
Já havia decorado o gosto o beijo de Im Jaebum e sabia estrategicamente os lugares onde seus dedos causavam um arrepio pela minha espinha, mas ainda assim, parecia existir uma muralha social bem na nossa frente, impedindo que meus pés se movimentassem para perto dele ou que houvesse alguma interação entre nós. Por esse motivo, fiquei igual a um poste, parado encostado a bancada da cantina enquanto o observava puxar uma cadeira e sentar-se despretensiosamente. Seus olhos felinos correram o lugar, meu coração batia mais forte por insistir em pensar que ele procurava os meus.
Por sorte — ou não —, eu estava certo.
Quando Jaebum me enxergou, ele acenou com a cabeça discretamente, indicando a cadeira vazia ao lado dele na mesa de quatro lugares, gesto este que fora o suficiente para fazer minha boca secar e eu olhar para os lados, me certificando inútil e estupidamente se ele falava comigo mesmo. Ele não desviava o olhar, mesmo depois de alguns segundos se passarem e eu não tivesse movido um único centímetro. Talvez Jaebum tivesse consciência que, se ele continuasse olhando pra mim daquele jeito, como se só existissem nós dois naquele lugar, eu provavelmente faria qualquer coisa que ele me pedisse sem pestanejar momento algum. E não adiantava eu simplesmente desviar o olhar e fingir que ele não me chamava, porque Jaebum tinha uma espécie de magnetismo constante e completamente viciante que direcionava todos os meus instintos na sua direção. Não conseguia simplesmente deixar de olhar. De beijar. De tocar. Eram coisas que meu subconsciente não cogitava de jeito nenhum.
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Bad decisions
FanfictionEle tinha tudo o que minha família repudiava: tatuagens espalhadas pelo corpo bem feito, mais piercings do que podia contar, o cheiro característico de cigarro com o aroma de menta da pasta de dente na boca, notas vermelhas no boletim escolar, nenhu...