4 - O REENCONTRO COM NATIEL

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Olá seus lindos!!!

Ouçam a música, que está no vídeo no topo da página, enquanto estão lendo!

Excelente leitura!!!

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"Opressivo diário: O que minha covardia é capaz de fazer e qual a consequência que isso me trará?"

O que eu havia feito? Não havia sido um dia nada fácil...

22 de Maio de 2013

Opressivo diário,

Hoje foi o tão esperado e temido reencontro. Se você falasse, na certa, me perguntaria tudo a respeito. "Como foi?" "O que você sentiu?" "O que foi dito?" e bla bla bla... Eu já esperava por esse acontecimento, embora não achei que fosse tão logo. Eu sei que já estou aqui há dois anos e não o havia visto, mas, ainda assim foi muito repentino.

Queria eu contar a você que fui forte o suficiente para encara-lo e despejar-lhe todas as minhas frustrações e mágoas... Mas, não fui.

Poderia eu contar-lhe o contrário então... Dizer que assim que o vi me lancei aos seus braços e contei-lhe o quanto me fez falta... Mas, tão pouco foi o que fiz.

Eu voltei há dois anos, mas há cinco que não o via. E esse tempo foi o suficiente para deixa-lo diferente... Natiel, claramente, está mais alto... Bem mais alto. Até mais alto que o irmão mais velho, que acabei conhecendo na recepção da clínica de fisioterapia, embora nada tenha falado ou me dirigido qualquer atenção. Eles são irmãos, mas são bem diferentes, além do fato de um muito falar e o outro não, eles possuem o contorno dos olhos praticamente iguais, porém a cor deles diverge. Apenas ao olhar eu daria 1,80 cm de altura para Natiel, enquanto o irmão não deve passar dos 1,77 cm. Os olhos verdes e o sorriso dele permaneciam vivos como antes, talvez até mais, contrastando com a ideia depressiva que eu tinha a seu respeito... E como me inebriam! Ele não está tão magro quanto pensei que estivesse também, na verdade, está parecendo muito bem definido. Os cabelos castanhos claros ainda estão com a touca, mas um pouco mais cumpridos do que antes, passando um pouco da altura dos ombros. Eu queria muito poder tocá-los, mas eu não pude... Trajava uma camiseta de uma banda de rock e uma calça esporte que lhe caiam muito bem. Ele estava maravilhoso!

Foi ele quem me cumprimentou primeiro e eu devo ter levado muito tempo para conseguir formular qualquer palavra, pois só reagi quando Jadir me cutucou, curioso a nosso respeito. Antes que eu pudesse responder, porém, Natiel fechou um pouco a expressão alegre, enquanto fitava a bengala que eu usava. Ele pareceu verdadeiramente preocupado. Por um instante me senti comovida, mas me lembrei dos meus objetivos. Eu precisava voltar para meu foco e a melhor maneira de me livrar de toda a atenção que Natiel pudesse me dar era... Sim! Fiz algo terrível! Apresentei Jadir como namorado.

O bom de conversar com você é que não me julga.

Não posso descrever a surpresa com que Jadir recepcionou a notícia e nem tive forças para lhe confessar tudo. Não sei se ele notou minha apreensão, embora acho que ela estava escancarada, até porque logo me afastei de Natiel e o irmão, de braços dados com Jadir, mal notando a expressão de meu "crush". Apenas ouvi Natiel, de modo alegre novamente, dizendo para nos encontrarmos todos e colocarmos o assunto em dia. Eu queria isso, mas não queria, me entende?

Jadir me interpelou, claro, mas lhe pedi um tempo e prometi logo lhe explicar tudo. Não posso adiar muito essa explicação, então marcamos de nos encontrar no Czar hoje a noite. Será que terei coragem de lhe abrir o jogo? Será que conseguirei encarar Natiel novamente e de forma mais segura?

Deseja-me sorte!

Naná

***

Eu estava apreensiva, claro. Nem consegui falar direito com meu pai, até porque ele me criticaria se eu dissesse.

Disposta a contar tudo a Jadir me direcionei ao clube. A noite estava fria, então fui com uma jaqueta de couro sintético preta e uma saia de mesma cor. Também acrescentei meia calça roxa transparente e botas marrons sem salto. Eu não estava com gesso, apenas uma faixa envolvia meu tornozelo ainda fragilizado, então eu conseguia usar sapatos com canos largos. Coloquei um arco roxo de não muita espessura sob minha cabeça, mantendo meus cabelos claros soltos e chapados. Me maquiei seguindo a tendência da época, segundo alguns tutoriais na internet. Aprontando-me adequadamente eu poderia ficar mais forte, pelo menos no meu exterior.

Ainda estava de bengala, por isso meu pai me deu carona até o clube. Ele também estaria lá naquela noite, a trabalho, então não me incomodaria. Eu amo meu pai, mas, alguns assuntos eu preferia que ele não tivesse conhecimento de todo.

Logo ao chegar eu vasculhei o lugar, com os olhos, e já estava lotado. Porém, não demorou muito para que o próprio Jadir viesse até mim. Ele estava sorrindo e eu sorri de volta, no entanto, quando ele foi se aproximando reparei que o sorriso parecia mais forçado do que o meu. Por algum motivo senti que, de verdade, eu estava encrencada. O olhar de Jadir contrastava com o ato de alegria que ele sempre fazia ao me ver. O que podia estar acontecendo? Ele havia percebido tudo? Foi quando desviei meus olhos dele, reparando em outra pessoa que se desvencilhava da multidão e ouvi a inconfundível voz:

– Naná!!! Finalmente você chegou!

Jadir havia marcado com Natiel e... comigo? Comecei a suar frio... Essa seria uma longa noite!

***

A alegria e a disposição de Natiel era quase que perturbadora.

– Então... Quer dizer que vocês estão juntos? Que coincidência nos conhecermos todos! Sabia que ele vai fazer um estudo com meu irmão e eu, Naná?

Eu sorri e abaixei a cabeça.

Estávamos em uma mesa lateral e um pouco distante do palco principal. Já havia música e muitas luzes, porém, eu não conseguia ouvir nada além do meu próprio pulsar do coração.

– Mas, menina... Me conta o que você tem feito? Faz tempo que tento falar com você, mas você sumiu, evaporou, "puf" – Natiel falava de forma divertida, ignorando o meu silêncio e o olhar de Jadir sobre mim, quase que inquisidor.

– Com licença – falou Jadir, – eu vou pedir suco pra gente e já volto.

– O meu é de limão sem gelo – apressou Natiel, mantendo o tom divertido.

Jadir nos deixara a sós de propósito? O que estava acontecendo?

Eu ainda estava com a cabeça abaixada. Não conseguia encarar Natiel. Ele, por sua vez,  ficou em silêncio por alguns instantes, mas logo o ouvi falando de modo mais baixo:

– Eu senti sua falta menina.

No mesmo instante levantei a cabeça e o fitei. Ele sorriu para mim, como fazia antes, e eu retribui. Como eu pude ficar tanto tempo distante dele?

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Tentarei estar aqui amanhã (22/03/2017)! Espero que estejam gostando!!! ;)

Até breve, seus lindos <3

Música do capítulo: "Wrecking Ball" - Miley Cyrus (Cover By PerFrederik "Pellek" "Ãsly")    


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