Lembranças

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Bucky's POV


(15 de Janeiro, 1996)

Os corredores eram frios e sombrios. Enquanto caminhava, eu podia ouvir o som de minhas botas contra o piso. Naquele momento, todas as pessoas que trabalhavam naquela base secreta da HIDRA, estavam empenhadas em um só trabalho. Inclusive eu.

Quanto mais me aproximava do local para onde havia sido chamado, podia ouvir gritos de uma mulher. Ela parecia estar sentindo muita dor. Não me preocupei, porém, pois sabia o real motivo de seu sofrimento. O objetivo era produzir algo grandioso. A maior criação da HIDRA.

Parei em frente da enfermaria, posicionado ao lado direito da porta. Esperei por algum tempo até que, finalmente, os gritos cessaram. Não demorou a que alguém abrisse a porta e saísse. Olhei para a pessoa e soube ser uma das enfermeiras. Ela tirou a máscara branca que cobria metade de seu rosto e vi que sorria com satisfação.

- Está feito! – ela disse – É uma menina. A mais forte de todos os que chegaram a nascer.

- Tenho a missão de protegê-la. – me limitei a essas palavras

- Sim, eu sei, soldado. – ela, que percebi ter os olhos esverdeados, concordou – Logo poderá levá-la para a base Russa. Por enquanto, vamos cuidar dela e de sua mãe. Mas, se quiser conhecer nosso pequeno tesouro, pode entrar. Afinal, ela será sua nova líder no futuro.

Vi quando ela segurou a maçaneta e a girou. Depois de me lançar um último olhar, a enfermeira adentrou a sala, me deixando sozinho. Ponderei por alguns instantes sobre o que ela havia dito. Eu realmente deveria conhecer minha protegida. E seria melhor fazê-lo logo. Olhei em volta, não vendo ninguém e então empurrei levemente a porta entreaberta.

Tudo ali dentro estava uma bagunça. Médicos e enfermeiros caminhando de um lado para o outro com papéis e pranchetas. Outros retiravam suas vestes usadas durante o parto. Andei entre eles, que abriam caminho assim que me avistavam. Então, vi a cama onde a inumana estava. Seus cabelos castanhos estavam emaranhados e ela parecia exausta, porém, nada disso era importante. E seu sorriso confirmava isso.

Me aproximei e então vi o motivo de sua felicidade. Havia um pequeno embrulho em seus braços. Era a criança tão esperada. Eles finalmente haviam conseguido. Continuava encarando o pequeno volume envolto numa manta branca até que a inumana me fitou.

- Não tenha medo, soldado. - ela disse com a voz arrastada – Chegue mais perto.

- E por que teria medo? – murmurei enquanto parava ao seu lado

- Porque está prestes a conhecer umas das pessoas mais poderosas que já existiu. – vi um novo sorriso

Franzi o cenho diante de sua declaração, mas minha atenção logo se voltou para a criança. Sua mãe a inclinou em minha direção e era delicada e serena. Os olhos estavam fechados, pois dormia. A pele era alva e, por conta do frio, as bochechas estavam rosadas, assim como os lábios. Pela primeira vez, em todos aqueles anos infames, pude contemplar algo realmente puro e belo.

- Essa é Hellen. – ouvia inumana declarar – E ela será nossa salvação.

Desviei meus olhos para ela novamente e, ao perceber minha expressão confusa, a mulher riu levemente. Não tinha entendido suas palavras, mas não a questionaria sobre isso.

- Deverá protegê-la, não é? – ela perguntou

- Sim. – balancei a cabeça uma vez e então voltei a fitar o bebê que continuava a dormir numa imensa paz – E eu irei.

The Fire SoldierOnde histórias criam vida. Descubra agora