Seu braço estava se tornando um tremendo incomodo. A dor que começava no ombro percorria toda a extensão de seu braço. Ele ajeitava a tipoia em busca de conforto, enquanto caminhava pelos corredores gélidos daquele hospital. A cada passo dado, Hisashi ouvi os ecos de seus próprios passos. Não havia muito que se ver por ali, apenas cadeiras de madeira cuja tintura havia sido consumida pelo tempo, lâmpadas já enfraquecidas pelo constante uso e estruturas abatidas antigas e em má conservação. Aquele hospital havia sido esquecido por aqueles que deveriam mantê-lo de forma, pelo menos, digna. Hisashi sabia que ali, o seu irmão não estava tendo o melhor atendimento que seu dinheiro poderia proporcionar, porém uma transferência poderia levá-lo a um hospital cheio de questionamentos, e atiçar os movimentos de Frank, por isso decidiu deixar as coisas como estavam, afinal, seu irmão já não corria mais risco de morte.
Ao se aproximar do hall de entrada da Emergência, ele podia ouvir ao fundo os lamentos e xingamentos de várias pessoas e aquilo não o incomodava.
Quanto mais ele caminhava por aquele corredor, mais perto chegava da agitação que aquela Emergência proporcionava. Caminhando entre as pessoas, observava sem mostrar afinidade ou alguma compaixão. Eram inúmeras pessoas implorando para receber atendimento, outras chorando por aqueles que precisavam ser atendidos. Hisashi manteve seus passos calmos, porém largos afinal sua classe social era visivelmente mais elevada do que todas aquelas pessoas e isso sem dúvida geraria olhares diferentes o que resultaria em algumas conjecturas sobre ele. Hisashi atravessou toda aquela maré de sofrimento até chegar a um corredor mais calmo, onde ficavam as máquinas de doces e refrigerantes. Era um corredor mais isolado não havia nenhum movimento por ali, exceto por uma única pessoa.
Seus olhos estavam sobrecarregados, suas costas tensas, seus joelhos inchados e, estranhamente, sentia sua respiração mais pesada e difícil. Já haviam se passado oito horas de seu plantão e Olivia permaneceu todo esse tempo em pé, correndo de um lado para outro sem ao menos sentar para realizar uma simples sutura. Se pudesse classificar o pior dia de trabalho daquela semana, com certeza seria esse.
Colocando duas moedas na maquina e apertando um dos botões, a médica ansiava por aquela barra de chocolate. O som da máquina indicava que seu manjar dos reis logo cairia na bandeja para sua extrema alegria e para amenizar todo o seu cansaço e estresse, no entanto não contava que o azar estaria junto desse atordoado dia. Aquela barra de chocolate, a tão desejada, ficou pendurada no gancho que dividia cada barra daquela máquina.
Um forte tapa no vidro da máquina e duzentos palavrões se formulando em sua mente e dois dizendo em voz alta, foram a maior demonstração de fúria que Olivia apresentou até então em seu plantão.
– Sério? – Perguntou para a máquina tediosamente enquanto repousava a testa no vidro. – Eu nunca uso você e quando a honro com isso, você me trata desse jeito?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Máfia Tríades - Volume 1
RomanceHisashi Huang herdou do pai o posto de Lung Tao (Cabeça de Dragão) se tornando o líder da Máfia Chinesa. Olivia O'Nell é a médica da Emergência de um hospital de baixa renda de um dos bairros mais perigosos de Nova Iorque. Os dois se encontram movi...