Hercules Nunes
Escuto um barulho de vidros quebrando e algo caindo no chão, meu coração se apertou, Jorge sai correndo com a sua arma em posição, me levanto com mais cautela e fico logo atrás dele, então chegamos a sala, a cena acabou comigo.
Melissa estava deitada de barriga para cima, havia uma poça de sangue embaixo dela, seu cabelo estava molhado e vermelho, sua expressão era de dor, e Princesa continuava a latir, aquilo eu não entendia.
Escuto dois tiros de Jorge e um homem cai atras de mim, me assusto e não acredito que alguém conseguiu entrar, meu companheiro checa os batimentos de Mel e pega o telefone, eu não conseguia fazer nada, somente travei vendo-a deitada ali, ficando gelada e com aquele sangue me mostrando que não consegui protegê-la.
-Nunes! - Jorge toca meu ombro e olho-o desolado.
-Ela vai precisar de você agora mais do que nunca. - assenti e balancei a cabeça.
-Os paramédicos devem estar chegando, vou me trocar e te encontro no hospital.
Volto para o quarto e fecho a porta, olho para o cômodo todo a minha frente e sinto minhas bochechas arderem, meu peito doer e finalmente caio de joelhos com as lágrimas escorrendo. Meu corpo tremia de tanta dor que sentia, eu não a protegi, eu deixei que conseguissem atingi-la.
Meu cérebro estava em desordem, eu me sentia um inútil, ela está ferida por minha culpa, deixei seu corpo sofrer por minha causa.
Meus ferimentos ainda doíam, mas meu pensamento nela não me fazia sentir nada, somente o vazio dentro de mim por medo de perdê-la para a morte. A porta se abre e vejo Princesa a minha frente, ela vem até mim e coloca sua cabeça em meu pescoço, meu rosto ainda está molhado, mas acaricio sua cabeça e abraço-a forte.
Ouço o barulho de maca na sala e devem estar levando-a, olho para Princesa e ela sai do quarto.
Enxugo minhas lágrimas, respiro fundo e me levando, preciso ser forte por ela, Melissa precisa de mim. Tomo um banho e refaço todos os meus curativos, me troco e respiro fundo para entrar na sala, quando chego lá há peritos tirando foto, dialogando sobre minha Melissa e coisas espalhadas.
-O que estão fazendo aqui? - pergunto fazendo todos ficarem em silêncio e me olharem.
-Estão te esperando no hospital, mais tarde pegarão seu depoimento! - um senhor negro se aproxima de mim e fala calmo.
-Princesa! - falo firme e minha cadela se coloca ao meu lado.
Pego uma jaqueta minha, as chaves do meu carro e saio do meu apartamento junto a Princesa que me acompanha, abro a porta do carro e ela entra na parte de trás. Entro no veículo e respiro fundo tentando me concentrar para depois girar a chave e colocar o carro em movimento.
Pelo caminho lembro de tudo que eu e Melissa fizemos, desde seu olhar por ter amassado meu carro, seu sorriso de sapeca quando disse que ela parecia uma patricinha, acabei sorrindo por essa lembrança, Princesa da um latido e olho-a pelo retrovisor, ela sabia o que eu estava pensando.
Parei o carro na frente do hospital e desci do veículo, abro a porta e minha cadela vem rapidamente, olho para a entrada de emergência e há um tumulto ali, respiro fundo e caminho para a entrada principal, lá encontro Jorge com uma equipe realmente grande de médicos.
-O que houve? - pergunto chegando perto. Todos olham para mim e fitam Princesa. -Princesa pode ficar em sua casa por um tempo? - pergunto a Jorge rapidamente.
-Sim, companheiro! - ele toca meu ombro e assobia para ela que se senta ao lado dele e fica em silêncio.
Olho para a equipe e mostro meu distintivo.
-Foram duas balas, uma acertou a lombar, a outra passou a dois milímetros da medula, atravessou o pulmão esquerdo e se alojou a um milímetro do coração! - a cada informação minhas pernas perdiam a força, ela praticamente estava morrendo.
-E o que pretendem fazer? - pergunto me controlando para não cair novamente em desespero.
-Já retiramos a bala da lombar, mas a segunda precisamos que alguém autorize, alguém da família! - fecho os olhos e respiro fundo.
-Quanto tempo ela tem? - pergunto com meu coração na boca.
-No máximo uma hora se não retirarmos essa bala! - assenti.
-Vou avisar os familiares! - todos assentem e se espalham pelo hospital.
Olho Princesa e sinto uma tontura, então sinto Jorge segurando meus ombros e apontando para uma cadeira.
-Como vou avisar o senhor e a senhora Ryan? - falo mais para mim do que para Jorge.
-Você precisa, agora você é da família! - olho-o e me lembro de Joseph.
-Vou avisar o irmão, ele pode autorizar! - ele sorri como consolo e assente.
Pego o telefone e o aparelho vai ao chão, minha mão está tremendo de forma descontrolada, Jorge pega e disca para mim, me entrega e coloco no ouvido pedindo que somente ele atenda.
-Pronto Nunes! - ele gravou meu número, que bom.
-Preciso que venha para o hospital central! - ouço uma respiração forte.
-Vou levar meus pais comigo, cuide dela Delegado! - então ele desliga, meu coração se aperta ainda mais por pensar na reação deles.
Me encosto na cadeira e fito o teto do local, meu corpo está fraco, eu preciso estar melhor quando eles chegarem, olho para um relógio de parede ao longe e respiro fundo, falta quarenta minutos para que a autorização seja assinada.
-Eles chegaram! - arregalei os olhos, foram muito rápidos, ou eu estava bem longe desse mundo.
-Olá Nunes! - Joseph se aproxima e vejo os pais de Melissa vindo logo atras. -O que houve com ela? - ele pergunta como se tivesse sentido.
-Ela precisa da autorização para que retirem a bala... - então a senhora Ryan vai ao chão já desacordada.
Por sorte vários enfermeiros já apareceram e deram assistência a ela.
-Já volto então! - Joseph fala se afastando para a recepção com toda a calma do mundo.
-O que houve com a minha filha? - Senhor Ryan se aproxima de mim com um olhar de preocupação e inocência.
-Ela foi baleada senhor! - ele respira fundo e fita sua mulher sendo levada para algum lugar.
-Não precisa me chamar de senhor, agora você é da família! - ele segura em meus ombro e me puxa em um abraço.
Então desabo e minhas lágrimas escorrem fazendo minha ficha cair de vez, que ela realmente não está aqui comigo.
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Como houveram vários pedidos, meu coração não aguentou, tomara que curtam.Dessa vez até sábado pessoal, tentarei postar dois capítulos!
Votem e comentem, não sejam leitores fantasmas.
Bjs
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Somente Sua
RomanceDepois de um divórcio conturbado, Delegado Nunes tem a traseira de sua viatura amassada por uma mulher que acabara de ser multada por ele, mas o modo como ela se comporta chama sua atenção fazendo-o reavaliar suas ações de talvez encontrar um novo a...