26.

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O som das ondas misturava-se com o som do meu choro, a noite já era predominante e a brisa fria passava pelo meu corpo, fazendo-o arrepiar, mas não me importava. Sentia um vazio tão grande que mais nada importava. As palavras do meu irmão passavam-me na cabeça em repeat "tenho vergonha de ser teu irmão", nunca ouvi palavras que doessem tanto como estas.

Senti alguém a sentar-se na areia à minha beira e a por um coberto à volta dos meus ombros, abraçando-me logo de seguida.

- Queres me contar o que se passou? - ele perguntou calmamente.

Ainda não estava pronta para falar, abanei então negativamente com a cabeça. Ele respeitou, dando-me um beijo na testa e abraçou-me ainda mais forte. E ali ficamos sentados na areia sem nenhum dos dois falar, mas não precisava que ele falasse, o que precisava era o que ele já estava a fazer, estar ali comigo e mostrar-me que ira estar ao meu lado nos bons e maus momentos.

Quando me sentia mais calma e preparada para falar do péssimo dia que tive, falei baixo - O meu irmão disse-me que te vergonha de ser meu irmão.

- Ele falou com a cabeça quente, eventualmente vai ver que só querias o bem dele.

- E quanto tempo é que isso vai demorar? Não sei se consigo aguentar André, o meu irmão é maior constante na minha vida, eu não posso simplesmente perde-lo porque uma gaja decidiu gozar com a cara dele.

- Eu sei que doí, mas neste momento não podes fazer nada, avisaste-o e ele decidiu ignorar, agora ele vai ter que perceber a verdade sozinho. E quando isso acontecer vais estar lá para ele. - ouvia a sua voz calma - Quanto à Olívia para estares assim, vejo que a conversa também não correu bem.

- Não, não correu. Ela mostrou-me uma faceta que não conhecia. Ele nem se importou que a situação fosse acabar com a nossa amizade, para não falar que depois de me dizer que devia estar feliz por ser o Afonso e não tu, ela ligou ao meu irmão a chorar a contar a versão dela da historia, que levou a minha discussão com ele.

- Não precisas de uma pessoa assim. - ele falou limpando as poucas lágrimas que continuavam a cair.

- Eu sei, mas foram muitos anos. - com estas palavras voltamos a estar uns momentos em silencio, aproveitando apenas a companhia um do outro.

- Vamos, está muito frio e já ficaste aqui muito tempo, ainda vais ficar doente. - disse levantando-se - Anda, dormes lá em casa. - disse estendendo uma mão para me ajudar a levantar, peguei na sua mão e levantei-me, ele pôs o braço à volta dos meus ombros e levou-me para o quente do seu carro.



Million Reasons || André Silva ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora