Capítulo 3

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Uma semana se passou. Dakota trabalhava feito uma condenada, fazia de tudo: Limpeza, lavava roupas, cozinhava, limpava os quartos... Enfim, tudo. Mas por final estava tão cansada que o pânico não conseguia atingi-la. Já começara a criar uma rotina, e estava feliz com isso. Feliz porque já conhecia boa parte do castelo, feliz porque não se batera mais com Jamie... Depois do trabalho, quando ela já estava se preparando pra dormir, Tony sempre a visitava. Se tornara um bom amigo. Conversava com ela um pouco, a fazia rir, até lhe dera um livro de presente. A respeitava. Mesmo vendo-a de camisola, pronta pra dormir, nunca lhe dirigiu nenhum olhar desrespeitador. Ela estava satisfeita com isso.

— Mas papai, não posso nem ir ao pátio? – Dulcie insistiu.

— Não. Não é seguro. Você fica dentro do castelo, como sempre. – Jamie respondeu, paciente – Não tens pra ti todas as tuas bonecas, teus brinquedos, tuas panelinhas, ursos e tudo mais?

— Tenho. – Disse, emburrada.

— Tem mais alguma coisa que você deseje ter? Me diga o que é e o terá de imediato. – Perguntou, acariciando o rosto da filha.

— Não tem mais nada, papai.

— Se tiver, não hesite em me dizer, sim? Seja um pouco paciente, bebê, eu vou resolver tudo isso e poderá sair. – Prometeu, e a menina assentiu.

Dakota estava trabalhando, quando Elena, aparentemente pra sacanear, lhe ordenou que levasse uma tapeçaria enorme até a lavanderia, batesse o pó e a escovasse. Dakota cambaleou pelos corredores, e obedeceu, limpando tudo, e voltando pra por no lugar.

— Esse trambolho. – Murmurou, cambaleando pelo corredor com uma tapeçaria enorme nos braços.

— Terminou? – Elena perguntou, ao se bater com ela.

— Sim, senhora. – Disse, quieta.

— Deixe-me ver. – Dakota teve vontade de soltar a louca, e lembrar o quanto aquilo era pesado. Elena olhou a ponta da tapeçaria e largou – Isso está imundo.

— Perdão?

— Leve de volta e torne a limpá-la. Agora! – Ordenou. Dakota assentiu e deu as costas, pra voltar pra lavanderia.

Mas no meio do caminho se bateu com algo estranho. Uma menina. Estava em uma cadeira de rodas.

— Oi. – Dakota disse, sorrindo. Dulcie sorriu também.

— Oi. – Dakota ia apertar a mão da menina, mas se desequilibrou com o peso da tapeçaria.

— Desculpe. – Disse, desistindo – Tudo bem com você?

E Dulcie falou. Desabafou. Disse que estava triste, pois não havia quem ficasse com ela. Dakota, querendo ajudar a menina, chamou-a pra ajudá-la com a tapeçaria, assim poderiam conversar mais. Dulcie, encantada, ofereceu seu colo pra colocar a tapeçaria, assim Dakota apenas empurrava a cadeira. Pena Dulcie não ter dito de quem era filha. Pena maior ainda Dakota ter tirado a menina do castelo sem permissão.

A atividade resultou prazerosa. O tapete já estava limpo, verdade seja dita, mas como Dakota recebera ordens e não queria problemas, levou-o pra limpar novamente. Encontrou um espaço de sombra, na area da lavanderia, arejado e seco, abriu o tapete e pôs a menina sentada em cima. Lhe deu uma escovinha e ficou com uma. As duas se poram a conversar e a trabalhar juntas. Era agradavel, simples, leve. Fazia Dakota se sentir bem ver que a pequena estava tão radiante.
Enquanto isso, dentro do castelo...

— Senhor. – Elena chamou, branca feito papel, se aproximando. Jamie e Luke tinham um mapa em cima de uma mesa, e conversavam intensamente, desenhando rotas. Jamie ergueu o rosto, sério, os olhos pretos sondando a outra.

Elena gaguejava. Jamie a iria matar, isso era certo. Dito e feito, enquanto ela foi explicando o rosto dele foi se transformando, se tornando mais duro, até que ele interrompeu.

— Onde está minha filha, Srta. Lincoln? – Perguntou, a voz dura. Luke observava os dois.

— Eu não sei, senhor. – Admitiu, olhando o chão – Eu a deixei em seu quarto, em sua cadeira e vim trazer a bandeja do café da manhã. Quando eu voltei a porta estava aberta e ela já não estava. – Jamie largou a pena que tinha na mão, e Elena estremeceu – Eu já procurei em todas as dependências do castelo, senhor. Ela não está em nenhuma, e não pode ter subido para as torres, então eu...

— Pensei que fosse paga para que Dulcie fosse assistida. – Rosnou, atravessando a sala. Ele abriu a porta, gritando o nome de alguém – Acredita em Deus, Srta. Lincoln? – Perguntou, virando o rosto.

— Sim, senhor.

— Pois ponha-se a rezar para que minha filha esteja bem. – Aconselhou, e a ameaça por trás daquilo era evidente.

— Fique calmo. A menina deve estar por ai. – Luke disse

— Por onde, Luke? – Perguntou, já ofegando de raiva – Correndo por ai, brincando? Eu não creio.

O homem que Jamie gritou chegou, e ele mandou que se reunissem os homens e dessem uma batida atrás de Dulcie. Ele próprio saiu a procura da menina, acompanhado por Luke.

— Eu creio que já esteja bom. Vai terminar por esfolar. – Disse, se deitando no tapete. Dulcie riu, se deitando também.

— Os do meu quarto são como estes. – Dulcie disse, passando a mão no tapete. Dakota passou a mão no rosto, cansada, olhando as nuvens.

— Tens tapeçarias em teu quarto? – Perguntou, estranhando.

— Claro, tu não tens no teu? – Perguntou, confusa.

— Não. – Disse, ainda olhando as nuvens – Tua mãe deve gostar muito de ti. Tapeçarias como estas são caras, sabes?

— Não conheci a minha mãe. – Dakota virou o rosto, olhando-a. – Mas papai diz que como uma princesa, eu vou superar isso.

— Teu pai te chama de princesa? – Perguntou, sorrindo.

— Todos chamam. – Disse, cada vez mais confusa. Dakota riu.

— E tu és. – Disse, olhando a cadeira de rodas atrás da menina. Era injusto e triste que Dulcie, tão pequena, não pudesse andar.

— Papai diz que quando eu tiver idade, e quando ele já não estiver aqui, serei rainha. – Comentou. Dakota parou, olhando pra cima.

— Como é o teu nome? – Perguntou, encarando a menina.

— Dulcie, já não o disse? – Perguntou, confusa.

— T-teu sobrenome. – Disse, um nervoso a apanhando tão violentamente que a fazia tremer – Quem é teu pai?

— Sou Dulcie Dornan. – Dakota arregalou os olhos, quase sufocando – Sou filha de Jamie. O que foi, Dakota?

Mas Dakota tinha levantado de um salto. Ofegava, e recuou um passo. Estava perdida.

— Não é possível. Tu estás morta. – Disse, passando a mão no rosto. Era o que achava. A filha de Jamie Dornan morrera com a mãe, era o que Jordan dizia a todos do reino. Não era possível que aquela menina... Mas Dakota olhou o vestido que usava. Os tecidos eram finos, delicados. A cadeira de rodas, o cabelo...

— Não estou, não. – Disse, se amparando nos bracinhos pra poder levantar. Custou um pouco mas conseguiu – O que há? – Dakota nem conseguia respirar. Se aquela menina realmente fosse a princesa...

— Eu estou morta. Morta. – Gemeu, o rosto em panico. – Porque não me disse antes, Dulcie?

— Porque tu não o perguntaste. – Disse, mais confusa ainda.

— Vão me matar. Preciso levar você de volta. Agora! – Disse, indo até a menina. Ela apanhou a cadeira de rodas, pondo-a no lugar.

— Mas porque?

— Não tenho tempo, já devem ter dado por tua falta! Deus, o que eu fiz? – Perguntou, se abaixando para poder apanhar a menina. Mas então...

— Parada! – Um soldado ordenou e Dakota gelou, empedrada no lugar. – ENCONTREI A MENINA! – Gritou, informando a alguém.

O que ocorreu foi um dos soldados de Jamie pondo Dulcie na cadeira de rodas e levando-a dali. Então uma pancada forte atingiu o rosto de Dakota, e ela desmaiou.

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